Conexão Portugal: Crescem os pedidos de ajuda para regressar ao Brasil

Nesta edição da coluna, Luiz Plácido fala sobre a situação na qual, em média, seis brasileiros são barrados por dia em aeroportos de Lisboa, Faro ou Porto

Por: Luiz Plácido - De Coimbra  -  07/03/19  -  21:31

O número de brasileiros que tentam a sorte em Portugal vem crescendo ano após ano, e motivos para deixar o país não faltam. Movidos pela esperança de uma vida melhor e mais tranquila, alguns vão sozinhos e outros com a família, mas são poucos os que conseguem prosperar e muitos acabam tendo motivos para regressar à pátria mãe.


Falta de dinheiro e dificuldade de arrumar trabalho, saudade da família, falta de adaptação a uma nova cultura, e quase sempre, a falta de planejamento estão entre eles. Apesar dos tupiniquins corresponderem a 20% dos estrangeiros que vivem em terras lusitanas, os brasileiros representam 86% dos pedidos de auxílio para voltar para casa, nos últimos cinco anos.


O Programa de Apoio ao Retorno Voluntário e a Reintegração (Árvore), ligado à Organização Internacional para Migração (OIM) e ao governo português, financiou a volta de 1.639 pessoas até o fim do ano passado. O auge desta prestação ocorreu em 2013, no pico da crise econômica portuguesa quando 593 viagens foram concebidas. O número diminuiu nos anos seguintes e voltou a crescer de 2017 para cá.


Ainda segundo os órgãos responsáveis, têm-se registrado um maior volume de pessoas que pedem o apoio financeiro após um curto período de estadia. O programa auxilia na regularização de documentos para a viagem, dá a passagem de volta e 50 euros para despesas durante a viagem.


Por outro lado, segundo o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), entre 2016 e 2017, foram dados pelo governo 4 mil novas autorizações de residência no país para brasileiros, que somam nos registros, algo em torno de 85.426 pessoas residindo em Portugal. Isto representa a maior comunidade estrangeira em terras lusitanas.


Em 2014, o número era ainda maior e chegou aos 87 mil, lembrando que estes são os números oficiais. Somam-se a estes, cerca de dois mil brasileiros que acabaram por tirar cidadania italiana para viver em Portugal e outros milhares que vivem de forma ilegal dentro do país. Há também os que entraram como turistas com vistos de 90 dias e acabaram por ficar.


Não é só o numero de chegada e saída de brasileiros em Portugal que aumentou nos últimos anos, o número de pessoas barradas nos aeroportos do país também cresceu. Em média seis brasileiros foram barrados por dia ano passado em Lisboa, Faro ou Porto.


Segundo o SEF, ao todo, 2.209 pessoas foram barradas no país europeu em 2018, o que corresponde a um aumento de 24% em relação ao mesmo período de 2017 quando foram impedidas de entrar 1.336 pessoas em todo o país.


A mínima histórica de brasileiros retidos no aeroporto ocorreu no ano de 2013, quando apenas 299 pessoas foram obrigadas a retornar. Nos aeroportos, as principais causas para a recusa de estrangeiros são a ausência de visto válido ou adequado, bem como a incapacidade de provar condições de estadia no país – quando os passageiros, por exemplo, não apresentam reserva de hotel ou não possuem dinheiro suficiente (são requeridos no mínimo 40 euros, cerca de R$ 177, por dia de permanência).


Outros critérios avaliados pelas autoridades portuguesas no controle de imigração dos aeroportos, miram pessoas com crianças que dizem viajar a turismo em pleno período de aulas ou homens casados que viajam de férias sem levar a família. Se pretende ir para Portugal, lembre-se, todo cuidado é pouco.


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