Conexão Portugal: Brasileiros dominam mercado de motoboys

Nesta edição da coluna, Luiz Plácido analisa a publicação do diário português Jornal de Notícias de que 'os brasileiros são a alma da Uber Eats' no país

Por: Luiz Plácido - De Coimbra  -  13/06/19  -  23:23

Há até dois anos, a profissão de motoboy não existia no país. Eram raros os locais que faziam entrega a domicílio. Tudo começou a mudar em 2017, com a chegada da plataforma americana de pedido e entrega de alimentos Uber Eats a Portugal. O aplicativo onde os usuários podem ler o cardápio, pedir e pagar pela refeição de diversos restaurantes cadastrados, via telefone celular, trouxe para a Europa a categoria dos motoboys que, hoje, estão espalhados pelas ruas das principais cidades do país.


Com a plataforma, desembarcaram os brasileiros recém-chegados no último boom de imigração. E aqueles que conseguiram se regularizar em solo luso encontraram nessa função uma oportunidade para começar a trabalhar rapidamente. Pesou a favor, ainda, o acordo bilateral entre Brasil e Portugal, que permite ao povo tupiniquim dirigir por até seis meses com a carteira de motorista brasileira em solo português, dando também o direito à troca de habilitação entre os dois países sem a necessidade de exames adicionais.


Com todos esses fatores a favor, acredita-se que, hoje, 70% dos profissionais de entrega em Portugal sejam brasileiros. A prevalência brasileira é tanta que o diário português Jornal de Notícias publicou uma reportagem afirmando que “os brasileiros são ‘a alma’ da Uber Eats” no país.


Para começar a trabalhar como entregador da Uber Eats, desde que regularizado junto aos Serviços de Emigração e Fronteira (SEF), basta ter mais de 18 anos, ter atividade de negócio aberta, um número de Segurança Social e o NIF, que é uma espécie de CPF português. Todos estes documentos muitas vezes chegam antes mesmo do visto de residência.


Em relação à moto, que também tem preços bem mais reduzidos para a compra do que no Brasil, o pretendente ao cargo empregatício pode alugar uma ou utilizar as bicicletas e patinetes públicos espalhados pelas cidades. Segundo outra grande marca do ramo, a espanhola Glovo, que recentemente encerrou suas atividades no Brasil, é possível começar a trabalhar em um espaço de 24 horas recebendo uma média de € 10 por hora. Quanto mais se trabalha, mais se ganha.


A Uber Eats paga por quilometragem e pelo número de entregas realizadas. O trabalho é sazonal, tendo mais movimento no inverno do que no verão, nos meses mas frios e chuvosos, que é quando os pedidos de entrega aumentam.


É possível ganhar cerca de € 1.200 por mês, com doze horas de jornada diária durante 30 dias. De gastos, para além da gasolina que consome uma média de € 120 mensais, para aqueles que não têm moto, o aluguel de uma vai de € 90 até € 120 por semana. No fim, sobra de € 600 a € 700 por mês para os legalizados.


Alguns conterrâneos em situação irregular tentam burlar a fiscalização alugando o cadastro de pessoas veiculadas ao aplicativo, uma prática até certo ponto comum, mas ilegal – tanto que alguns usuários começaram a reclamar da diferença entre a pessoa que entrega e a que aparece na foto do aplicativo. A polícia também tem apertado a fiscalização nas operações stop, parando um número cada vez maior de motoqueiros, que tentam burlar as operações através de grupos de Whatsapp, onde os motoboys vão avisando da localização policial. A comissão do aluguel do perfil varia de acordo com o lucro diário de quem o alugou. Resta saber é quando o governo irá intervir.


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