Conexão Japão: O início da segunda onda

Após ultrapassar 100 casos diários no dia 30 de junho, a capital japonesa registrou 286 casos na última quinta-feira

Por: Yukio Spinosa- De Nagoia  -  22/07/20  -  23:26

Ainda há uma semana do final do “tsuyu”, temporada em que o arquipélago é assolado por chuvas torrenciais, intercaladas por garoas intermitentes e dias ensolarados de extrema umidade do ar, o imediato período pós-eleição de Tóquio, em que a atual governadora Yuriko Koike foi reeleita com 59,7% dos votos, é marcado por um novo pico nos casos de coronavírus. Após ultrapassar 100 casos diários no dia 30 de junho, a capital japonesa registrou 286 casos na última quinta-feira (16), um novo recorde. 


Segundo a mídia japonesa, o recorde anterior foi estabelecido em 10 de julho, há quase duas semanas, quando Tóquio reportou 243 casos. A nova onda começou no mês passado, no dia 24, quando a capital registrou 55 casos. Menos de duas semanas depois, Tóquio reportou 131 infecções e, há duas semanas, teve quatro dias consecutivos com mais de 200 casos por dia.


A governadora reeleita afirma que o pico das infecções é relacionado ao aumento dos testes. Quatro mil testes de reação em cadeia da polimerase (PCR) foram realizados, o maior número num único dia, na quinta-feira passada. Ela urge que os cidadãos da capital continuem  vigilantes, informando que 75% dos casos são de pessoas em seus vinte, trinta e poucos anos e que entre os novos casos, um número significante tem relação com distritos de vida noturna, como Kabukicho, Shinjuku e Shibuya. 


Ao mesmo tempo, visando estudo de casos para a decisão final sobre a realização das olimpíadas em julho de 2021, os eventos esportivos como jogos de beisebol e futebol terão aumento no limite do público, passando de mil para 5 mil espectadores. 


O primeiro-ministro Shinzo Abe informou que o número de pessoas em condições de risco está diminuindo e que o sistema de saúde não está sobrecarregado. 


Hoje, o Ministério da Terra, Infraestrutura, Transporte e Turismo inicia a campanha “Go to travel” (vá viajar), incitando as pessoas a se aventurarem durante as férias de verão, uma tentativa de recuperar este setor da economia. Porém, o ministro Kazuyoshi Akaba adiantou que, devido à nova escalada de casos em Tóquio e Osaka, viagens para e a partir da capital japonesa estão definitivamente desaconselhadas. “Estamos excluindo da campanha aqueles que pretendem fazer de Tóquio seu destino turístico e aqueles que residem em Tóquio, de viajar para fora da prefeitura”, afirma o ministro.


Segundo a organização da campanha, esta é uma oportunidade para incorporar um “novo estilo de viajar”. Turistas serão impelidos a evitar espaços fechados, locais lotados e contato físico em seus destinos, assim como não participar de festas.


Os estrangeiros com residência permanente, que viajaram para seus respectivos países de origem antes do dia 3 de abril, quando o Japão fechou suas fronteiras para a maioria das entradas, poderão retornar a partir de agosto. No entanto, aqueles que deixaram o país depois de 3 de abril ainda não podem retornar, reporta o jornal Nihon Keizai Shimbun. 


Atualmente, o Ministério das Relações Exteriores nega a entrada de visitantes de 129 países, incluindo o Brasil. A organização nacional de turismo (JNTO) registra queda em 99,9% no número de turistas vindos do exterior pelo terceiro mês consecutivo. Em Junho, 2.600 pessoas visitaram o Japão, sendo que, no mesmo mês, em 2019, o país teve 2,88 milhões de viajantes estrangeiros pelo arquipélago.


Sobre o autor


Yukio Spinosa é jornalista, intérprete, tradutor e consultor para prospecção de produtos da indústria japonesa. Ele escreve na coluna Conexão, do jornal A Tribuna, quinzenalmente.


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