Conexão Japão: O esporte selvagem

Nesta edição da coluna, Yukio Spinosa relata sobre o início da Copa do Mundo de Rúgbi nesta sexta-feira (20), com a partida entre as 'bravas cerejeiras' e a Rússia

Por: Yukio Spinoza - De Nagoia  -  20/09/19  -  20:29

Ainda em meio à guerra comercial com a Coreia do Sul e com alta do iene em resposta à redução da taxa de juros dos Estados Unidos, o Japão sedia a Copa do Mundo de Rúgbi (RWC, na sigla em Inglês), realizada pela primeira vez num país da Ásia. O evento se inicia nesta sexta-feira (20) à noite com a partida entre as “bravas cerejeiras”, apelido do time do Japão, e a Rússia, no estádio de Tóquio. 


O rúgbi é o precursor do futebol e tem o mesmo objetivo. Mas para chegar à meta, a bola é carregada e passada pelos jogadores, de mão em mão, enquanto driblam e desviam-se da interferência adversária com técnicas de grappling, que lembram a luta greco-romana. Grandes imagens.


A estreia contra a Rússia acontece após o fechamento desta coluna. O time japonês entra em campo com muito respeito pelos adversários. Mas no último confronto entre as equipes, o resultado favoreceu os norte-asiáticos, que venceram por 32 a 27. 
O esporte deve dominar as manchetes deste fim-de-semana de abertura no país. A final da RWC 2019 será no estádio de Yokohama, no dia 2 de novembro. 


A indústria da hospitalidade do Japão tem o objetivo de tirar proveito da extrema segurança pública e infraestrutura do país, para popularizar o turismo internacional ao arquipélago. A nação que mais enviou torcedores para este torneio foi a Austrália, com 35 mil pacotes de viagem vendidos, informa a STH Japan, uma joint venture entre a agência de viagens JTB e um grupo de viagens esportivas do Japão. Em seguida, a França e a Inglaterra, com 20 mil, e o próprio anfitrião com 18 mil pacotes fechados.


Estádios de doze províncias foram designados para as partidas entre equipes de 20 países, entre os quais, Argentina e Uruguai, representando a América do Sul. A cidade de Kamaishi, na província de Iwate, recebe a partida entre Fiji e Uruguai no 25 de setembro, no estádio em homenagem à recuperação da cidade, Kamaishi Recovery Memorial Stadium. A região foi severamente atingida pelo terremoto seguido de tsunami há oito anos, no acidente natural mais grave da história do país.


No dia 6 de outubro é a vez da cidade de Kumamoto, que em 2016 sofreu um terremoto de 7 pontos na escala, de abrigar a partida entre França e Tonga. Tanto Kumamoto, na ilha de Kyushu, sudoeste do arquipélago, quanto Iwate, no nordeste, têm com a Copa do Mundo de Rúgbi a nobre missão de levar alegria e conforto às famílias vitimizadas pelos desastres, além de ajudar a recuperar a atual imagem fúnebre dos locais perante seus próprios moradores.


O rúgbi é um esporte popular em outras partes do mundo, principalmente África e Oceania, mas também na Europa e Ásia Central. Apenas a Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas são assistidas por mais expectadores. Nesta edição, a equipe canadense inova com a estreia de Alana Gettinger, a primeira mulher a ocupar a posição de treinadora na história da competição, que acontece desde 1987 a cada quatro anos.


Outro destaque é o jogador da equipe de Tonga, Nasi Manu. Em sua luta contra o câncer testicular, teve meses de quimioterapia antes de ser autorizado a participar. “Eu não acho que alguém saiba por o quê eu passei”, diz o ídolo tonganês. Sua equipe estreia contra a Inglaterra neste domingo (22), no estádio de Sapporo, em Hokkaido.


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