Conexão Japão: Inovação infravermelha na energia solar

Raios infravermelhos são fonte de energia inexplorada

Por: Yukio Spinoza - De Nagoia  -  21/02/20  -  21:34

Em 2012, após o terremoto seguido de tsunami que danificou a planta nuclear de Fukushima, o mercado da energia solar experimentou um “boom”, com a crise energética gerada pela suspensão temporária das usinas nucleares do Japão. Atualmente a tecnologia de painéis solares no mercado ainda é a mesma daquela época.


Sempre me perguntei quando e como surgiria a próxima geração de painéis solares. Recentemente soube que cientistas do Instituto para Pesquisa Química da Universidade de Kyoto e outras instituições iniciaram experimentos utilizando ondas de luz infravermelha para gerar eletricidade. 


Os raios infravermelhos são uma fonte de energia inexplorada que contabiliza aproximadamente metade dos raios solares que alcançam o planeta Terra.


A equipe do professor Masanori Sakamoto pesquisa a geração de eletricidade através de janelas de vidro feitas de um material que absorve os raios infravermelhos. “A transparência não é muito diferente de uma janela de vidro comum”, revela o pesquisador, ao jornal Asahi Shimbum. 


Atualmente, muitos prédios de escritórios utilizam-se de vidros que refletem ou absorvem raios infravermelhos, para manter as salas resfriadas no Verão. “Nós queremos substituir essas janelas”, diz o professor. A equipe está agora trabalhando para melhorar eficiência da geração de força elétrica do material, pretendendo trazê-lo para uso comercial possivelmente até 2023. 


A luz infravermelha é um dos três componentes da luz solar, juntamente com os raios ultravioletas e a luz visível. Metade da luz solar é feita de luz visível, com a qual as plantas fazem sua fotossíntese. Esta é também cultivada para a geração de energia solar através de painéis solares. 


Muito embora a luz infravermelha represente 46% da energia solar, ela raramente foi usada para gerar energia comercial, considerada ineficiente devido ao baixo grau de difusão.


Esses raios eram, até então, considerados um estorvo, por contribuir para o efeito ilha de calor, no qual as temperaturas das superfícies urbanas sobressaem-se em contraste às áreas rurais, mais frescas. No entanto, ainda que sua eficiência na criação de força elétrica e conversão de energia seja pequena, a luz infravermelha consegue prover uma enorme quantidade de energia, no total, dizem os especialistas.


A equipe iniciou a descoberta do potencial do espectro infravermelho para a geração de eletricidade a partir do desenvolvimento de um novo nanomaterial, em 2016. Desde então, os cientistas focaram em minuciosas partículas de metal, da ordem de um nanômetro, para desenvolver o material. Um nanômetro equivale à bilionésima parte de um metro.


Os japoneses já conseguiram aumentar a eficiência da conversão de energia para 3,8% desde o final de 2018, usando certos comprimentos de onda da luz infravermelha. Um progresso notável, levando apenas três anos para superar a eficiência de 1%, recorde em outros países, que iniciaram projetos similares antes dos pesquisadores japoneses.


Sobre o autor:


Yukio Spinosa é jornalista, intérprete, tradutor e consultor para prospecção de produtos da indústria japonesa.


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