Conexão Japão: A árdua missão de viajar

Neste imediato momento pós-pandemia, algumas medidas dão ideia de como será a operacionalização da prevenção em julho de 2021, nos Jogos Olímpicos

Por: Yukio Spinoza - De Nagoia  -  29/09/20  -  16:51

Para evitar infecções por coronavírus, cada país impõe suas condições para a entrada de estrangeiros. Ainda que em contagem regressiva para os próximos Jogos Olímpicos, o Japão ainda não definiu as regras para a entrada dos atletas, equipes e jornalistas do evento. No entanto, neste imediato momento pós-pandemia, algumas medidas dão ideia de como será a operacionalização da prevenção em julho de 2021.


Sob as restrições atuais, viajantes de 159 países têm sua entrada negada. A medida encontra severo criticismo entre a comunidade estrangeira e em grupos de negócios internacionais do país. A partir de setembro, estrangeiros com residência permanente passaram a ter a reentrada permitida sem pré-requisitos, porém, mediante processo penoso no desembarque.


O paquistanês com residência permanente no arquipélago Ali Mukhtyar, 56, gastou ao todo duas horas entre exames e registros no aeropoto de Narita, até poder ir para casa, no último dia 21. Mukhtyar passou três semanas em sua terra natal, no país centro-asiático, que tem média de 500 novos casos por dia. A média no Japão é de 150 novos casos diários. Como comparativo, a média no estado de São Paulo é de 20 mil novas infecções por dia.


Segundo informações veiculadas pela mídia, o governo deve reabrir o país para estrangeiros com visto de média e longa duração a partir de outubro. A decisão faz parte do plano de recuperação da indústria do turismo, estagnada desde o início da pandemia. Inicialmente, apenas mil entradas serão permitidas por dia. O conselho nacional de segurança do governo do Japão deve analisar as taxas de infecção de cada país, para deliberar sobre o fim da proibição.


Nesta fase, apenas estudantes estrangeiros terão entrada garantida. Visitantes com vistos de curta duração, como turistas, ainda não são aceitos. Os primeiros 16 países com entrada permitida são da região Ásia-Pacífico, entre eles, Austrália, China, Malásia, Mianmar, Nova Zelândia, Cingapura e Coreia do Sul.


Por outro lado, viajantes do Japão, principalmente atletas e negociantes, terão acesso facilitado aos testes de reação em cadeia de polimerase (PCR). O governo anuncia para as próximas semanas o lançamento do sistema TeCot, um website onde os viajantes do Japão poderão agendar testes PCR para horas antes de embarcar, atendendo às diferentes exigências dos países. Cingapura exige resultado negativo em teste realizado 72 horas antes do desembarque, enquanto o Vietnã requer apenas uma semana antes, informa o jornal Japan Times.


Atualmente, quando um estrangeiro com visto de longa duração retorna ao arquipélago, existe a exigência de 14 dias de quarentena, com permissão de sair de casa apenas para fazer compras. Um representante do centro de saúde do município liga diariamente, monitorando as condições de saúde dos recém-chegados.


Caso seja flagrado pela polícia local, o estrangeiro deve pagar multa de três milhões de ienes, equivalente a R$ 157 mil. Se for um residente permanente, pode perder o visto e passar a ter que renová-lo anualmente.


Apesar de a regulamentação em relação à entrada de turistas e visitantes estrangeiros mudar rapidamente, o correto é se informar no consulado japonês de sua jurisdição sobre vistos e procedimentos exigidos para o pré-embarque.


Sobre o autor - Yukio Spinosa é jornalista, intérprete, tradutor e consultor para prospecção de produtos da indústria japonesa. Ele escreve na coluna Conexão, no jornal impresso A Tribuna, quinzenalmente.


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