Conexão Espanha: Se hay gobierno, estoy contra

Governo mal havia iniciado seu trabalho e já dava mostra de populismo e irresponsabilidade no trato das coisas públicas e da Economia

Por: Paulo Henrique Cremoneze - da Espanha  -  05/02/20  -  20:44
Que neste 12 de outubro esses espanhóis enalteçam ainda mais o orgulho que tem de ser espanhóis
Que neste 12 de outubro esses espanhóis enalteçam ainda mais o orgulho que tem de ser espanhóis   Foto: Rotiv Artic/Unsplash

Na coluna passada, abordei a tensão que se vive, hoje, na Espanha, por causa do atual governo, formado por coalizão de partidos de Esquerda, muitos considerados fundamentalmente radicais.


Expliquei que o governo não representa em verdade a vontade da maioria do povo espanhol, mas chegou ao poder por conta da dinâmica própria do modelo parlamentarista adotado no país. A ineficiência dos políticos e parlamentares de Direita e de Centro foi o grande músculo da chega ao Poder do atual grupo.


E disse, ainda, que o governo mal havia iniciado seu trabalho e já dava mostra de populismo e irresponsabilidade no trato das coisas públicas e da Economia.


Tudo isso vem se confirmando, infelizmente. Mas há fortes reações por parte da sociedade organizada e do povo.


Uma delas partiu de instituição que me é muito cara, estimada e respeitada, a Associação dos Advogados Cristãos da Espanha. Destemidamente, a associação, muito forte e respeitada na Espanha, ingressou com notícia-crime perante o Ministério Público contra Beatriz Gimeno, atual diretora do Instituto da Mulher, integrante do governo, para apurar possível crime de ódio.


Isso porque a diretora publicou, em 2013, um artigo justificando e incentivando a queima das igrejas em toda a Espanha.


Sim, isso mesmo, Gimeno queria – e deixou isso bem registrado – que todas as igrejas fossem queimadas, danificadas.


Além de desrespeitar o sentimento religioso de milhões de espanhóis, a atual integrante do governo incentivou a prática reiterada de crimes de dano agravados pelo ódio. Incompreensível e inaceitável!


Ninguém é obrigado a ter fé, a acreditar em Deus, a ser cristão, muito menos gostar da Igreja Católica. Mas todo o mundo tem o dever de respeitar sua existência, seu direito de difundir seu credo e sua doutrina e de ocupar espaços sociais.


No caso da Espanha, chega a ser ridículo esse ódio, pois o país sequer existiria não fosse a fé católica. A beleza geral das igrejas na Espanha, ademais, é tamanha que até mesmo crentes de outras religiões e descrentes têm grande zelo e gosto, defendendo sua preservação também como patrimônios artísticos, arquitetônicos e culturais.


A mesma Gimeno, segundo apurei com muitos espanhóis, é uma feminista beligerante e que chegou a dizer, mais ou menos com essas palavras, que todo o homem deveria ser sodomizado para entender o sofrimento que causa às mulheres.


Dá para acreditar nisso? Este é, pois, o nível sofrível do atual governo.


Desde junho passado, quando estive aqui, tenho notado o aumento de bandeiras espanholas nas janelas e sacadas dos apartamentos e das casas. 


Representam cidadãos zelosos e que defendem o Reino, a Casa Real, as tradições sociais, os valores morais, a família e a fé que se amalgama à identidade do país. Cada bandeira, estima-se, representa ao menos o sentimento de milhares de pessoas.


Isso mostra um país, como o Brasil, dividido ideologicamente. Mostra, ainda, esgarçamento do tecido social. Por isso, todo cuidado é pouco.


Espero em Deus que a medida dos advogados cristãos frutifique e que a diretora seja devidamente processada e condenada. Mas espero, antes, que o próprio governo, em que pese sua desordem moral, se dê conta que não há clima para sua continuidade à frente de um instituto tão importante.


Aguardaremos, pois, atentos, os desdobramentos disso tudo.


Mais do que nunca, a famosa frase espanhola faz todo sentido: “se hay gobierno, estoy contra”. Detesto o anarquismo, mas, desta vez, alguma razão lhe assiste.


Logo A Tribuna
Newsletter