Conexão Austrália: Sarampo também preocupa este lado do mundo

Nesta edição da coluna, Fabiana Marinelo aponta o fato de a doença ser altamente contagiosa, desta forma, surtos ocorrem ocasionalmente

Por: Fabiana Marinelo - De Sidney  -  13/04/19  -  01:11

Uma doença que, para muitos, está esquecida há décadas tem sido uma grande dor de cabeça para as áreas de saúde da Austrália. Os casos de sarampo têm crescido não apenas em crianças, mas também em adultos. E esta semana o governo local soltou um alerta para que a comunidade cheque as carteiras de vacinação e seja imunizada, caso não haja registro.


No imaginário popular, o sarampo pode ser considerado uma doença de criança, com poucos riscos. Mas a alta nas ocorrências por aqui mostra o poder do vírus. Em toda a Austrália, foram registrados 92 casos confirmados de sarampo até abril deste ano. E aí, o alarme soou.


Comparando com números anteriores, o governo já percebeu uma tendência alarmante de alta na incidência. Em todo o ano passado, foram 103 casos e 81 em 2017. O mais curioso é que, há apenas cinco anos, a Austrália foi declarada livre de sarampo, principalmente por causa do sucesso das campanhas. Mas, pelo fato de a doença ser altamente contagiosa, surtos ocorrem ocasionalmente.


A mira da atual campanha de imunização são os adultos nascidos entre 1966 e 1994. Isso porque, para que a imunização seja completa, é necessário tomar duas doses e a aplicação da vacina pelo governo local de forma sistemática só começou em 1992. Outros focos são as pessoas que pretendem viajar ao exterior e os turistas de países onde o sarampo não está erradicado (muitos deles bem próximos à Austrália, como Vietnã, Cambodja e Filipinas).


A preocupação é tão grande que, quando é descoberto um caso por aqui, os jornais divulgam todos os locais que a pessoa visitou durante o período de contágio, considerado altíssimo. Isso se justifica porque o vírus do sarampo pode sobreviver nas superfícies por até duas horas.


Cerca de nove em cada dez pessoas que entram em contato com o vírus contraem a doença se não estiverem imunizadas. E sim, o sarampo mata. Em 2017, houve 110 mil mortes no mundo, principalmente entre crianças menores de cinco anos. A volta do sarampo também é alarmante no Brasil. Com a população muito maior do que aqui, o Ministério da Saúde já contabiliza mais de 10 mil casos.


Por aqui, outro lado importante deste problema são os pais que optam por não vacinarem os filhos. Eles fazem parte de um movimento mundial de anti-vacinação. No Brasil, esse fenômeno também é crescente e preocupa as áreas de saúde. Em geral, integram o grupo pessoas com maior poder aquisitivo convencidas pelos argumentos do movimento. A briga por aqui é grande. Pessoas de ambos os lados lideram debates fervorosos sobre o tema. 


Outro fenômeno muito interessante também ocorre aqui na Austrália. Filhos de pais anti-vacinação optam por serem imunizados aos 16 anos (quando o adolescente tem o livre-arbítrio de escolher se quer ou não ser vacinado). Pesquisas mostram que muitos optam por esconder a verdade dos pais para evitar o conflito, mas preferem, mesmo às escondidas, buscar a imunização que, em muitos casos, salva vidas. 


Logo A Tribuna
Newsletter