Há muita desinformação sobre os incêndios florestais que consomem a Austrália. E alguns pontos são importantes de serem esclarecidos.
O principal deles é como os incêndios se iniciam. Eles não são todos criminosos ou deliberados. Há, sim, pessoas que ateiam fogo de propósito. De acordo com a polícia de Nova Gales do Sul (NSW), 24 pessoas foram acusadas de crimes relacionados aos incêndios. Mas a maior parte ocorre por causas naturais, como relâmpagos. Essa foi a origem de um dos principais incêndios no estado de Vitória.
Todos os anos, a Austrália espera pela estação de incêndios. Os alertas começam já na primavera, por volta do mês de agosto (vale destacar que a estação tem se iniciado cada vez mais cedo). Este ano, o clima está particularmente seco, o que favorece a propagação das chamas. Mas nesta temporada, em especial, a seca já vinha de alguns meses, elevando a potência dos incêndios.
Especialistas apontam que as mudanças climáticas pioraram o alcance e o impacto dos incêndios. E a extensão do que ocorre aqui é incomparável. Na Amazônia, foram queimados 9 milhões de hectares; na Califórnia, 1,8 milhão; e na Austrália, 5 milhões de hectares, segundo dados da agência Slow Factory.
Apesar da tragédia, a vida segue. O que ocorre por aqui é bem mais próximo do que um incêndio na Amazônia para quem mora em São Paulo, por exemplo. Os incêndios estão disseminados em grande parte do país e atingiram florestas, áreas arborizadas e parques nacionais, como as Montanhas Azuis, não muito longe de Sydney. Muitas cidades estão sendo afetadas.
Neste ano, ocorreu o maior número de evacuações. Mesmo próximo ao cartão-postal da Austrália – Harbour Bridge e Ópera House – alguns dias foi difícil de respirar.
O que se vê por aqui são pessoas evitando sair de casa e muitas usando máscaras. Algumas escolas foram fechadas e os serviços de saúde estão lotados com pessoas com problemas respiratórios. A qualidade do ar chegou a ficar 11 vezes maior que o nível de perigo algumas semanas atrás.
Mesmo com a tão esperada chuva, os incêndios ainda queimam. Alguns estão sendo contidos, outros, chamados de “inferno”, permanecem há meses. Atualmente, há cerca de 100 focos sem contenção.
Não há muito o que fazer, a não ser pedir para que a chuva seja persistente e os planos de contenção funcionem. As autoridades estaduais e federais estão lutando para conter os incêndios, inclusive contando com a assistência de profissionais externos. O jeito é esperar pelo melhor e ter esperança de que as áreas afetadas se recuperem.
Na semana passada, fotos da vegetação tentando florescer em áreas que foram afetadas começaram a circular, um sinal de que a natureza se esforça para se manter viva.
Sobre o autor:
Fabiana Marinelo é profissional de comunicação empresarial e jornalista. Ela escreve na coluna Conexão Mundo quinzenalmente. Este texto é uma continuação do publicado na edição jornal A Tribuna do último sábado.