Conexão Ásia: Detenção em massa

Colunista Yukio Spinosa comenta sobre a situação dos uigures de Xinjiang na China

Por: Yukio Spinoza - De Nagoia  -  29/11/19  -  20:40

Com projetos de infraestrutura, tornando-se parceira estratégica de governos de países em desenvolvimento por todo o mundo, a China consegue promover o silêncio sobre questões delicadas de sua política externa.


Na quarta-feira, a ativista por direitos humanos Feroza Aziz foi banida da rede social chinesa TikTok, por viralizar com um tutorial de maquiagem que conclama sua audiência a pesquisar como milhares de muçulmanos estão sendo jogados na prisão. A jovem americana decidiu usar todas as plataformas para conscientizar o máximo de pessoas sobre a situação dos uigures de Xinjiang.


Considerados uma das 55 etnias minoritárias oficialmente reconhecidas pelo governo da República Popular da China, o povo nativo da região autônoma de Xinjiang tem uma história milenar, que remonta os primórdios do comércio entre o Leste asiático, os árabes e Roma.


O ambicioso projeto internacional liderado pela China de reviver a rota da seda, turbinando o comércio entre o país, a Europa, a África e o Oceano Atlântico, esbarra na resistência de povos da Ásia Central, como os uigures muçulmanos e os tibetanos budistas.


Neste imperialismo comunista do século 21, os uigures têm de lidar com a vigilância e o controle do governo chinês. 2017 foi o ano em que a questão tornou-se de fato violenta, com o aprisionamento de milhares de pessoas desta etnia. Os motivos para a detenção de cada indivíduo difere.


Seja por viagens para um dos 26 países que a China considera perigosamente delicados, entre os quais destinos turísticos como Emirados Árabes Unidos, Turquia, Indonésia e Tailândia; ou por frequentar mesquitas, enviar mensagens de texto com trechos do Corão. Os uigures são considerados suspeitos de terrorismo apenas por praticarem a religião muçulmana.


Para erradicar “viroses ideológicas”, a solução encontrada foram os campos de “reeducação”, como são chamadas as prisões para onde os uigures são enviados pela campanha de repressão contra os islâmicos de Xinjiang. 


De acordo com a Fundação de Direitos Humanos, uma ONG norueguesa, o governo detém pessoas e as submete a níveis graves de controle, não apenas baseados em sua própria conduta ou fé, mas também pela de seus familiares – uma forma de punição coletiva, contrária às leis internacionais.


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