Conexão Portugal: Segunda vaga é cada vez mais improvável

Portugal vive sua primeira semana pós-isolamento e é preciso esperar para ver como os números irão se apresentar após duas semanas da liberação

Por: Luiz Plácido - De Coimbra  -  28/05/20  -  18:25

Os números de mortes por covid-19 em Portugal têm diminuído cada dia mais. Algumas regiões, inclusive, não registram novas mortes ou novos casos já há dias. Mas as duas próximas semanas serão cruciais para a certeza deste prognóstico. Isso porque Portugal vive agora a sua primeira semana pós-isolamento e, como a doença só se manifesta depois de alguns dias, é preciso esperar para ver como os números irão se apresentar após duas semanas da liberação. 


Porém, para a diretora do Departamento de Saúde Pública da Organização Mundial de Saúde (OMS), a médica espanhola Maria Neira, uma segunda vaga (onda) da doença no continente europeu é cada vez mais improvável. “Devemos ter muita prudência em afirmar se este é o fim da vaga, mas, pelo menos, os dados mostram que se evitou a transmissão e explosão das primeiras semanas”, declarou. No entanto, destacou que “vale a pena não fazer muitas previsões, porque as próximas semanas serão uma fase muito crítica”. 


“Com a abertura (do confinamento das populações), é preciso ver como se comporta o vírus. Será uma batalha diária. Dentro de duas ou três semanas, veremos o que aconteceu e se é preciso fazer alguma correção cirúrgica”, disse Maria Neira. Ela  reconheceu que a OMS ainda tem “algumas dúvidas sobre a relação do vírus com o clima”, mas registra que este está a “fazer o percurso geográfico que se espera de um vírus que quer sobreviver”. 


Em Portugal, as atividades têm voltado gradativamente ao normal. Apesar da época balnear começar oficialmente só em 6 de junho, as praias estão lotadas com a vaga de calor que tem feito esta semana em todo o país. Máscaras só são utilizadas por todos dentro dos estabelecimentos fechados, como mercados, farmácias, padarias e outros  já abertos. Em espaços ao ar livre, como ruas e praias, só uma parcela mínima recorre à proteção facial e  luvas já quase não são utilizadas tanto em espaços abertos como fechados. 


A última vaga de isolamento termina dia 1 de junho, quando restaurantes e outros estabelecimentos, como teatros e cinemas, poderão voltar a operar com lotação máxima. Voos para dentro da Europa também devem voltar a acontecer a partir do dia primeiro do próximo mês. O que ainda não tem previsão de retorno são as academias de musculação. Mas um outro tema deu o que falar essa semana em Portugal: os festivais de música.


O presidente da república promulgou o diploma da Assembleia da República que proíbe a realização de “festivais e espetáculos de natureza análoga” até 30 de setembro, para evitar aglomerados de pessoas que pudessem fomentar a propagação do novo coronavírus. No entanto, Marcelo Rebelo de Sousa reconhece que o documento permite a realização de  espetáculos com lugares marcados e lotação máxima mais reduzida.


Proibindo festivais de natureza análoga, o governo dá brecha para que entidades promotoras de eventos possam definir seus festivais como iniciativa política, religiosa ou social. Tal medida causou a revolta de grande parte da população. Após a repercussão negativa, o presidente veio a público garantir que festivais de natureza análoga também poderão ser realizados antes do último dia do mês de setembro, data marcada para o fim das medidas restritivas em relação a festivais, desde que tenham lugares marcados e lotação máxima mais reduzida. 


De acordo com o boletim da Direção-Geral da Saúde divulgado ontem, houve mais 14 mortes por covid-19 em Portugal. Desde o início da pandemia, o novo coronavírus já matou 1.356 cidadãos. Em relação ao número de infectados, houve um aumento de 285 doentes nas últimas 24 horas (superior ao número de terça-feira, de 219). O número total de pessoas que contraíram SARS-Cov-2 é, assim, de 31.292. Foram registradas, nas últimas 24 horas, mais 253 recuperações. Há, agora, 18.349 pessoas consideradas curadas desde o início do surto em Portugal.


Sobre o autor
 


Luiz Plácido é jornalista, apresentador do programa Destino Portugal (transmitido no canal de tv a cabo Travel Box Brazil) e proprietário da agência de turismo Destino Portugal Viagens. Ele escreve na coluna Conexão, do jornal A Tribuna, quinzenalmente, às quintas-feiras.


Logo A Tribuna
Newsletter