Conexão Japão: Novo estado de emergência traz medidas severas

Assim como em outras sociedades, os japoneses também têm suas próprias razões para não seguir as recomendações do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem Estar

Por: Yukio Spinosa- De Nagoia  -  16/01/21  -  18:18
Conexão Japão: Ex-premiê Abe enfrenta sabatina
Conexão Japão: Ex-premiê Abe enfrenta sabatina   Foto: Unsplash

A pandemia do novo coronavírus está prestes a completar um ano. O Japão foi um dos primeiros países atingidos, devido a sua proximidade geográfica e relações sociais com a China. Para conter a presente segunda onda, na qual as estatísticas mostram, pela primeira vez, quatro dígitos em registros de casos diários, o governo reforça que os cidadãos devem evitar eventos indoor, aglomerações e conversa à curta distância. No entanto, assim como em outras sociedades, os japoneses também têm suas próprias razões para não seguir as recomendações do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem Estar, o “Kousei-roudou-sho”.


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A complacência de estabelecimentos comerciais em relação às idiossincrasias dos consumidores após este longo período de distanciamento social – diga-se de passagem, sugerido, nunca imposto – está sendo apontado como um dos fatores para a alarmante situação em que, no dia 7 de janeiro, 2.447 novos casos foram confirmados apenas na região metropolitana de Tóquio.


Os 7.863 novos casos em todo o país, registrados no dia 8 de janeiro, podem parecer um número baixo, se comparados com a situação que enfrenta o Brasil e os Estados Unidos. Mas para o governo do Japão, este número foi o bastante para a declaração de um novo estado de emergência, “Kinkyuu-jitai-sengen”, como pode ser ouvido no canal da rede japonesa da tevê à cabo.


Na quarta-feira, dia 13, o primeiro-ministro Yoshihide Suga adicionou outras dez províncias ao estado de emergência, em vigor na capital japonesa, Chiba, Saitama e Kanagawa desde a semana passada. Dessa forma, as prefeituras de Aichi, Gifu, na região central do Japão, Hyogo e Kyoto, no oeste, e Fukuoka, no sudoeste, terão de cooperar com as medidas de confinamento e distanciamento social. Estas regiões abrigam 80% da contaminação no país, que já ultrapassou a marca de 300 mil.


Estado de emergência significa que as empresas devem forçar os funcionários a não virem trabalhar, o que resulta em queda na produção e redução nos salários. No mês de agosto, o governo japonês ofereceu ajuda de custo no valor de 100 mil ienes, cerca de R$ 5 mil, para cada membro das famílias de todo o Japão, incluindo os estrangeiros.


A entrada de estrangeiros sem visto de permanência (turistas) no país está proibida no momento, devido a descobertas da nova variante e suas doze mutações, de acordo com o Instituto Nacional de Doenças Infecciosas (NIID) do Japão. Na segunda-feira, dia 11, uma família de quatro brasileiros oriundos do Amazonas teve a nova variante, altamente infecciosa, detectada num exame no aeroporto de Haneda, quando retornavam ao arquipélago.


Talvez mais pela necessidade de transporte público, como trens e metrô, nas grandes cidades, do que pela baixa popularidade de líderes políticos, como a governadora de Tóquio, Yuriko Koike, a campanha pelo distanciamento social esbarra na indiferença pública. Koike expressou preocupação em pronunciamento para a tevê aberta. “Eu agradeço a sua cooperação, mas o número de pessoas circulando na cidade ainda não foi reduzido”, disse aos repórteres.


Na quarta-feira, dia 14, políticos da oposição e do governo reuniram-se para discutir sobre uma provável alteração da lei, que pode passar a punir os pacientes de Covid-19 que se recusarem a ser hospitalizados. Como parte da revisão da lei de prevenção de doenças infecciosas, a pena para seu descumprimento pode ser um ano de reclusão ou multa de um milhão de ienes, o equivalente a R$ 50 mil.


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