Arábia Saudita retoma produção e barril cai 7%

Promessa de reação da Aramco após ataque de sábado derrubou as ações da Petrobras

Por: Estadão Conteúdo  -  18/09/19  -  18:49
Operador da bolsa de Dubai: Brent e WTI ainda continuam elevados
Operador da bolsa de Dubai: Brent e WTI ainda continuam elevados   Foto: Karim Sahib/AFP

Os preços do barril de petróleo registraram queda forte nesta terça-feira (17) por volta de 7%, devolvendo parte dos ganhos da véspera, em meio à restauração da oferta da Arábia Saudita. No Brasil, as ações da Petrobras caíram ao redor de 1,5%. 


Em Londres, na Intercontinental Exchange (ICE), o barril do Brent (tipo do Mar do Norte) caiu 6,48%, a US$ 64,55. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o WTI (padrão do Texas) cedeu 5,66%, a US$ 59,34 por unidade.


Na segunda-feira, os mercados do petróleo dispararam 14%, com pico de 20%, em reação ao corte de metada da produção da Arábia Saudita, o equivalente a 5% da capacidade mundial. A redução se deu após ataque com drones no sábado. 


Os rumores de que a Saudi Aramco restauraria a produção foram crescendo ao longo dos pregões de ontem. Perto do encerramento, o ministro de Energia do país, Abdulaziz bin Salman, confirmou que a oferta da commodity pelo país está sendo retomada.


Ele reforçou ainda que o país vai manter a oferta total de petróleo aos clientes neste mês. “Voltaremos a 11 milhões de barris por dia de produção de petróleo até o fim do mês”. O Brasil produz por volta de 3 milhões.


No Brasil


O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Décio Oddone, afirmou que não há motivos para preocupação com abastecimento ou aumentos de preços, ao ser questionado sobre a possibilidade de reajustes nos postos de combustíveis.  


Segundo ele, é papel da agência reguladora e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) evitarem tais abusos. “Os preços dos combustíveis são livres, por lei, em todas as etapas da cadeia: produção, distribuição e revenda”.


Postos


O presidente do Sincopetro, José Alberto Gouveia, que representa os postos paulistas, disse que os preços da gasolina e do óleo diesel vão subir apenas se a Petrobras reajustar sua tabela nas refinarias e se as distribuidoras repassarem o aumento. 


Mercado brasileiro


O desafogo nos preços do petróleo e a aposta crescente de mais reduções da taxa Selic neste ano (inclusive hoje em 0,5%, conforme apostas) animaram o mercado no Brasil.


Após uma manhã de perdas, o Ibovespa ganhou força à tarde e encerrou o pregão em alta de 0,90%, aos 104.616,86 pontos, perto da máxima (104.618,64 pontos). O dólar, mais influenciado pelo petróleo, caiu de 0,29%, a R$ 4,07. 


‘Quem resolve é a Petrobras’, diz Guedes


Após reunião com o presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Alvorada, o ministro da Economia, Paulo Guedes, não quis comentar os efeitos que o ataque a refinarias na Arábia Saudita no fim de semana e a consequente alta do preço do petróleo no mercado internacional podem ter sobre os preços dos combustíveis no Brasil.


“Quem resolve é a Petrobras”, limitou-se a responder aos jornalistas, ao transitar cercado por seguranças dentro do próprio ministério da Economia.


O conselho de administração da Petrobras não se manifestou ou pediu explicações à diretoria sobre a manutenção dos preços da gasolina e do óleo diesel nas refinarias.


O mercado reagiu mal com as notícias de que Bolsonaro teria telefonado para o presidente da petroleira, Roberto Castello Branco, para tratar dos preços dos derivados. Segundo analistas, os investidores viram isso como possibilidade de interferência política na empresa e puniram as ações da estatal, que atingiram pico de queda de 2% nesta terça-feira (17). 


A estatal sofreu o trauma de constantes intromissões de Brasília durante o Governo Dilma, que segurou os combustíveis para controlar a inflação. O próprio Bolsonaro fez o mesmo no semestre passado temendo reação dos caminhoneiros. 


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