Após reunião com Jair Bolsonaro, Abraham Weintraub deve deixar Ministério da Educação

No fim de semana, ministro causou mais polêmica ao criticar integrantes da Corte em ato na Esplanada dos Ministérios

Por: Do Estadão Conteúdo  -  16/06/20  -  13:21
Em seu Twitter, Weintraub insinuou que a China vai sair
Em seu Twitter, Weintraub insinuou que a China vai sair "fortalecida" da crise atual   Foto: Mateus Bonomi/AGIF - Agência de Fotografia/Estadão Conteúdo

Jair Bolsonaro e Abraham Weintraub acertaram na noite desta segunda-feira (15), no Palácio do Planalto, que o ministro deve deixar o Ministério da Educação. 


Weintraub tem acumulado polêmicas e, no fim de semana, voltou a criticar integrantes da Corte em ato  na Esplanada dos Ministérios.


"Eu acho que ele (Weintraub) não foi muito prudente em participar da manifestação, apesar de não ter falado nada de mais ali. Mas não foi um bom recado. Por quê? Porque ele não estava representando o governo. Ele estava representando a si próprio. Como tudo o que acontece cai no meu colo, é um problema que estamos tentando solucionar com o senhor Abraham Weintraub", afirmou Bolsonaro em entrevista à BandNews TV quando questionado sobre a ida do auxiliar ao ato.


O argumento dos que defendem a demissão é de que o ministro é um gerador de crises desnecessárias em um momento em que o presidente, pressionado por pedidos de impeachment, inquérito e ações que pode levar à cassação do mandato, tenta diminuir a tensão na Praça dos Três Poderes.


Ainda na reunião, Weintraub expressou desejo de ficar em outra função, mas que gostaria de continuar "ajudando" o governo. Entre as opções, estão um posto no exterior ou um cargo no Palácio do Planalto. 


Manifestação


A situação do ministro já era considerada insustentável em parte do governo, mas piorou após ele se reunir no domingo com cerca de 15 manifestantes. O grupo desrespeitou uma ordem do governo do Distrito Federal para não realizar atos na Esplanada dos Ministérios.


No encontro com os apoiadores do presidente, o ministro repetiu os ataques ao Supremo. "Eu já falei a minha opinião, o que faria com esses vagabundos." A declaração remete ao que ele já havia declarado na reunião ministerial do dia 22 de abril, quando disse que colocaria na cadeia os ministros da Corte, a quem classificou como "vagabundos". Ele responde a um processo por causa dessa afirmação.


Seguidor do "guru" Olavo de Carvalho, Weintraub tem como trunfo a amizade dos filhos do presidente, considerados os principais responsáveis por dar sobrevida a ele. Ontem, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) mais uma vez saiu em defesa do ministro.


"Não sei o motivo que se escandalizam com o Min. AbrahamWeint falando o que falou num bate-papo com apoiadores? Outro dia um ministro do STF fez pouco do sofrimento judeu e comparou Bolsonaro ao nazismo, ninguém se escandalizou assim... Liberdade de expressão não pode ter lado", escreveu no Twitter.


No Congresso, porém, ele passou a receber críticas até mesmo de aliados de Bolsonaro. O senador Chico Rodrigues (DEM-RR), vice-líder do governo no Senado, afirmou que o ministro "passou de todos os limites" ao comparecer à manifestação no domingo. "Nós estamos em um momento de pacificação, não em um momento de incêndio, e é exatamente isso que o ministro tem promovido", afirmou.


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