Acidentes com aviões da Boeing são semelhantes, aponta relatório

Caixas pretas das aeronaves da Ethiopian Airlines e da Lion Air mostraram 'similaridades'

Por: France Presse  -  18/03/19  -  18:17
Vítimas etíopes foram veladas na Catedral da Santíssima Trindade, na capital do país, Adis Abeba
Vítimas etíopes foram veladas na Catedral da Santíssima Trindade, na capital do país, Adis Abeba   Foto: Samuel Habtab/ AFP

Os dados das caixas-pretas do Boeing 737 Max 8 que caiu em 10 de março a Leste de Adis-Abeba, matando 157 pessoas, mostram “similaridades claras” com a queda, em outubro, de um avião do mesmo modelo pertencente à companhia Lion Air. A declaração foi dada no último domingo (17) pela ministra etíope dos Transportes.


“Durante a análise da caixa que registra os dados do voo [FDR-Flight data recorder], foram observadas semelhanças claras entre o voo 302 da Ethiopian Airlines e o voo 610 da Lion Air”, afirmou a ministra Dagmawit Moges, especificando que o relatório preliminar sobre as causas do acidente na Etiópia será publicado em 30 dias.


O avião da Lion Air caiu em outubro, no litoral da Indonésia, com 189 ocupantes, que não sobreviveram. O acidente com o voo 302 da Ethiopian Airlines deixou 157 mortos, de 35 nacionalidades. Foi o segundo acidente com o mesmo modelo de avião em cinco meses, o que levou autoridades de vários países a suspender o uso do aparelho.


A ministra não enumerou as semelhanças entre os acidentes. As caixas-pretas do voo 302 foram enviadas à França para que sejam analisadas.


Gestão


A Boeing teve uma semana difícil, marcada pela evaporação de quase 25 bilhões de dólares em capitalização de mercado e uma imagem manchada. Tudo consequência de uma fracassada gestão de crise após a tragédia do 737 Max 8 da Ethiopian Airlines.


“Foi calamitoso”, disse Matthew Yemma, especialista em comunicação de crise da Peaks Strategies, com sede em Connecticut, resumindo um sentimento geral.


“Horrível” e “chocante” foram outras palavras usadas por especialistas da indústria sobre a gestão da Boeing do acidente do 737 Max 8 da Ethiopian Airlines. As investigações iniciais relativas à Lion Air apontam para um mau funcionamento do sistema de estabilização de voo, o MCAS.


A Boeing se limitou a emitir um breve comunicado após o acidente da Ethiopian, com atualização uma vez por dia.


Nos bastidores, tentava impedir que as autoridades americanas proibissem o voo desses aparelhos, como fez a China e vários países europeus logo após a tragédia. Sinal da sensibilidade, o CEO Dennis Muilenburg telefonou ao presidente Donald Trump para defender o 737 Max e garantir que o modelo é confiável.


A Agência americana da Aviação (FAA) finalmente ordenou na quarta-feira a imobilização “provisória” dos Boeing 737 Max 8 e 9 nos Estados Unidos. 


Logo A Tribuna
Newsletter