Sobe número de alunos inadimplentes no estado de São Paulo

Pandemia causa estrago e alta em instituições de Ensino Superior chega a 73,2% em abril

Por: Tatiane Calixto  -  27/05/20  -  17:01
Neste semestre, o ProUni está oferecendo 252.534 bolsas
Neste semestre, o ProUni está oferecendo 252.534 bolsas   Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A crise financeira provocada pela pandemia da Covid-19 faz com que muitos estudantes não consigam pagar a faculdade. Levantamento do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp) mostra que, no Estado, o número de alunos inadimplentes em abril aumentou 73,2% em relação ao mesmo mês de 2019 (considerando cursos presenciais e EaD). No Brasil, a alta foi de 72,4%. 


Estimativas da entidade apontam que o País pode terminar 2020 com uma redução de 7,6% no número de matrículas e queda de 13,9% de ingressantes na rede privada de Ensino Superior. Dados preocupantes para o setor, já que as faculdades particulares detêm 75% do total de alunos da graduação. 


Para minimizar os danos, o diretor-executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, sugere medidas como ampliação e desburocratização do Fies. “O crescimento da inadimplência é uma situação complicada para a sustentabilidade do setor. É preciso ampliar o Fies. Hoje, apenas 2,6% dos estudantes ingressam com ele. Por outro lado, 34,8% utilizam financiamentos das próprias instituições de ensino”.


Dificuldades


Com as mudanças e restrições do Fies ao longo dos anos, por exemplo, o número de contratos firmados na Baixada Santista, que chegou a ser de 4.693 em 2014, caiu para 304 em 2018 e 271 em 2019.


Tanto em São Paulo quanto no Brasil, o aumento da inadimplência foi maior nos cursos presenciais. No entanto, mesmo na EaD, cujas mensalidades tendem a ser mais baratas, houve aumento.


“Temos visto que a crise se dá, principalmente, entre as pessoas de baixa renda, que são a maioria na hora de buscar o EaD”, avalia Capelato.


Evasão


Semesp também mediu a evasão no mesmo período e os dados mostram que a pandemia fez com que mais alunos desistissem ou trancassem matrícula: a taxa aumentou 32,5% entre abril de 2019 e abril deste ano. Em São Paulo, o número ficou em 20,5%. “Se seguirmos nesse ritmo, teremos 21% das instituições de ensino do País sem conseguir quitar a folha de pagamento em junho”.


Até por isso, o diretor do Semesp critica projetos com objetivo de impor redução de mensalidades a todos e de forma igual. Segundo ele, os descontos lineares além de colocarem em risco a sustentabilidade das instituições, podem impedir que aqueles que mais precisam consigam descontos.


“Para o aluno de baixa renda que perdeu o emprego, 30% de desconto não adianta. Ele precisa de 100%”, diz. Mas, se a instituição é obrigada a dar descontos a todos, incluindo quem pode pagar, fica inviável ajudar o estudante que mais precisa, explica Capelato.


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