Uma formação técnica pode ser o atalho para o ingresso de jovens profissionais para o mercado de trabalho. E a especialização em áreas, até então, ainda tímidas no universo corporativo é um atrativo a mais para rechear o currículo. Influenciado pela pandemia Covid-19, áreas de tecnologia da informação (TI) e logística estarão em alta nos próximos anos. A tendência é que, ao menos, 30 novas ocupações passem a exigir profissionais capacitados. É o que apontam as projeções feitas pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI).
A previsão é que surjam, em até cinco anos, novos ramos profissionais para responder demandas desses dois setores. As áreas são apontadas para dar mais agilidade as operações portuárias e no cotidiano da sociedade. Novas áreas, como analista de soluções de alta conectividade, orientador de trabalho remoto e internet ultrarrápida devem surgir em médio e curto prazos. Já campos consolidados, como técnicos em mecatrônica e em telecomunicações, devem ganhar fôlego.
“Nossa projeção aponta a tendência de surgimento, em médio e longo prazo, de 30 novas ocupações devido à 4ª Revolução Industrial (robotização das fábricas). A pandemia intensificou, de forma dramática, esse processo de atualização tecnológica, o que deve antecipar para 2021 e anos seguintes uma demanda que estava prevista para daqui a cinco ou dez anos”, explica o diretor-geral do Senai, Rafael Lucchesi.
Segundo ele, o “novo comportamento das pessoas e das empresas também vai exigir maior especialização de profissionais em algumas áreas, criando novas ocupações”. Mudanças que já provocam atualização na grade curricular de instituições de ensino dos níveis técnico e superior.
Metodologia
As previsões são feitas com base no Modelo Senai de Prospectiva, metodologia que permite identificar quais serão as tecnologias utilizadas no ambiente de trabalho e as mudanças na organização das empresas, em um horizonte de cinco a 15 anos.
Lucchesi destaca que o trabalho é feito a partir da aplicação de um painel com 20 especialistas do mercado profissional – representantes de empresas e de universidades. Em seguida, as informações são enviadas aos Comitês Técnicos Setoriais, que elaboram novos perfis e desenhos curriculares e atualizam aqueles existentes.
O objetivo é desenvolver competências que se destacarão no futuro devido ao processo de evolução tecnológica e organizacional nos diversos setores industriais brasileiros. Com base nisso, estabelecer grades curriculares para a formação desses profissionais.
Alguns ramos de profissões em alta:
- Orientador de trabalho remoto. A previsão é que esse especialista ajude trabalhadores, por exemplo, a se adequar às ferramentas de informática e às rotinas do teletrabalho, assim como deve orientar quanto a medidas para garantir saúde física e mental.
- Educação a Distância. Como a abordagem e os métodos pedagógicos precisam ser diferentes das aulas presenciais, a avaliação é que há espaço para o surgimento da ocupação de desenvolvedor de aulas para educação a distância e online.
- Técnicos desenvolvedores de sistemas, programadores multimídia e o técnico em jogos digitais. O sucesso das lives de artistas durante a pandemia também deve impulsionar e diversificar o entretenimento online, assim como devem ser expandidas experiências como a telemedicina e as compras online.
- Profissionais de telecomunicações em alta velocidade. Com a chegada do 5G ao país, espera-se maior demanda de colaboradores que desenvolvam e ofereçam soluções de alta conectividade. A previsão também é que as empresas, especialmente industriais, apostem mais em tecnologias da Indústria 4.0, como automação e digitalização, caso persista a necessidade do distanciamento social, e em internet das coisas (IoT), big data e inteligência artificial devido aos novos hábitos de consumo digital dos brasileiros.
- Especialista em análise de grandes volumes de informações (big data) e o especialista em Internet das Coisas (IoT). Deve também ampliar oportunidades de empregos para ocupações existentes, como o técnico em sistemas de transmissões, o técnico em mecatrônica e automação industrial, o técnico em eletroeletrônica e eletricistas. Reforçará ainda a atual necessidade de profissionais que trabalhem com segurança cibernética para evitar ciber ataques, fraudes e roubos de dados.
- Logística 4.0. Trata-se da combinação do uso da logística com as inovações e aplicativos de dados em tempo real para se obter mais eficiência e eficácia.
- Especialista em impressão 3D. O aumento da difusão da impressão 3D também poderá influenciar na nova organização das cadeias de suprimentos, pois permite a fabricação local de peças simples, sem a necessidade de um longo processo de compra e espera na importação.