Estudantes fazem apelo para que prova do Enem seja adiada neste ano

O motivo é a pandemia do novo coronavírus, que interrompeu aulas presenciais de escolas e cursinhos

Por: Tatiane Calixto  -  12/05/20  -  19:26
Cursinhos presenciais foram interrompidos por causa da pandemia
Cursinhos presenciais foram interrompidos por causa da pandemia   Foto: Rogério Soares

As inscrições para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 tiveram início nesta segunda-feira (11) sob uma enxurrada de pedidos para que a prova seja adiada. O motivo é a pandemia do novo coronavírus, que interrompeu aulas presenciais de escolas e cursinhos.


A hashtag #adiaenem se multiplica pelas redes sociais sob a justificativa de que, se realizado neste cenário, o Enem deste ano prejudicará muitos estudantes, principalmente aqueles que têm menos recursos. 


Ainda assim, o Governo Federal decidiu manter a agenda do exame e as inscrições seguem até o dia 22 de maio. As provas estão previstas para 1º e 8 de novembro e, pela primeira vez, em uma versão digital, nos dias 22 e 29 do mesmo mês. 


“É absurdo pensar que os estudantes estão em igualdade de condições nessa situação e que atividades a distância poderiam solucionar o problema da suspensão das aulas. Muitos desses jovens sequer têm acesso às ferramentas necessárias para atividades virtuais”, dizem, em nota conjunta, a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e União Nacional dos Estudantes (UNE). 


A universitária Mariana Martins, de São Vicente, cursa Medicina na Universidade de São Paulo (USP). Ela orienta estudantes que estão se preparando para os vestibulares e, com a experiência de quem já enfrentou essa maratona, defende o adiamento do Enem. 


“A campanha oficial do Ministério da Educação é incompatível com a realidade do nosso País: ‘estude de qualquer lugar, de diferentes formas’. Segundo o IBGE, mais de 30% dos domicílios brasileiros não tem internet e, além disso, inúmeros estudantes não têm recursos para se preparar sem as aulas presenciais”.


Ansiedade


O problema de recursos digitais se soma aos medos e incertezas que todos vivem nestes tempos. “O vestibular, por si só, traz insegurança e a pandemia piora essa ansiedade”, afirma Fernanda Domingues Oliveira, de 21 anos, moradora do Jardim Independência, em São Vicente, e que sonha em ser médica.


“A manutenção da data do Enem é, no mínimo, injusta. Desconsidera brasileiros que só têm o acesso à Educação na escola. Eu tenho o privilégio de receber suporte da minha família e consigo manter a rotina de estudos”. 


A Reportagem procurou o Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão vinculado ao MEC que cuida do Enem. O primeiro não quis responder, dizendo que as questões caberiam ao Inep. Este, até o fechamento da edição, também não se posicionou. 


Para o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), “mesmo considerando as soluções e ferramentas que estão sendo implantadas nas redes privadas e públicas para minimizar as perdas do período de suspensão das aulas presenciais, elas não chegarão para todos os estudantes brasileiros, especialmente os mais carentes”.


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