Especialistas dão dicas para volta às aulas com tranquilidade e garantir ano letivo 'nota 10'

Em toda a região, são 328.665 estudantes retornando à escola nas redes estadual e municipais de ensino

Por: Tatiane Calixto & Da Redação &  -  04/02/20  -  02:11
Preocupação dos pais e das escolas deve ser redobrada em séries de transição
Preocupação dos pais e das escolas deve ser redobrada em séries de transição   Foto: Alberto Marques/Arquivo/AT

Terminaram as férias: a partir desta segunda-feira (3), alunos da Baixada Santista começam a retornar às atividades. Em toda a região, são 328.665 estudantes nas redes estadual e municipais.


Como não é apenas o material escolar que precisa estar em dia, especialistas dão dicas do que alunos e famílias podem fazer para passar com tranquilidade por esse momento e garantir um ano letivo nota dez. 


Taís Bento tem graduação em Pedagogia pela Universidade de São Paulo (USP) e especializações em Aprendizagem Cooperativa e Baseada no Funcionamento do Cérebro pelas universidades de Minnesota e San Diego, nos EUA. Ela explica que, durante o ano letivo, o cérebro do estudante faz novas conexões que são reforçadas nos momentos de estudo, em sala de aula e nas tarefas de casa.


Durante as férias, no entanto, as conexões não utilizadas são enfraquecidas. “A consequência é uma perda de diversos conteúdos que estavam em fase de assimilação. Estudos recentes apontam para uma média de dois meses de atraso nas habilidades de leitura e interpretação de texto e 2,6 meses de retrocesso nas habilidades de matemática e raciocínio lógico durante as férias”, detalha Taís. 


Nada contra o recesso. Aliás, são extremamente positivos os momentos de lazer e descanso. Mas Taís aconselha que a reta final desse período seja usada para iniciar os ajustes necessários para o retorno às aulas, de forma a reduzir esses prejuízos de aprendizagem. Rever conteúdos pode ajudar. 


Estresse 


Nas semanas que marcam o retorno às aulas, há pais que ficam estressados em busca de argumentos para convencer o filho a ir para a escola.


Se esse for o caso, o conselho de Taís é o de não se assumir a posição de quem está pedindo um favor ou de alguém que está desesperado para mudar a situação. 


Para ajudar, reserve um tempo para ajustar a rotina. Nos primeiros dias de aula, os pais podem fazer perguntas e comentários que demonstrem uma expectativa positiva. Pergunte e anote os nomes de professores, assistentes, colegas dos quais o filho lembra já no primeiro dia de aula.


“Planeje com ele o lanche dos próximos dias. Pergunte se no outro dia seria melhor sair mais cedo ou se ficou bom o horário em que ele chegou à escola”, diz a especialista.


Família por perto melhora a vida escolar


O acompanhamento da família é decisivo, diz o diretor do Cursinho Poli e presidente da Fundação Poli Saber, Gilberto Alvarez. “Pesquisas educacionais como Pisa e materiais do Inep [que faz o Enem] mostram que essa presença tem relação com o desempenho do estudante”.


A preocupação dos pais e das escolas deve ser redobrada em séries de transição, opina ele. Do 5º para o 6º ano, a mudança de um único professor polivalente para vários especialistas é significativa. 


“Depois, há a mudança do 9º ano do Fundamental para o Ensino Médio. Muitos estudantes se sentem desmotivados. Por isso, a presença da escola e da família é importante. Muitos pais acreditam que, depois que os filhos ganham uma certa autonomia, não precisam mais de acompanhamento. O que é um equívoco”. 


Outro momento em que os estudantes precisam de apoio maior é no 3º ano do Ensino Médio, época de vestibular e decisões sobre a carreira.


Essa pressão, diz o especialista, leva muitos adolescentes à depressão. “A família precisa analisar se vale a pena fazer o Ensino Médio junto com cursinho. Se optar por isso, é preciso desafogar o dia a dia do estudante de alguma outra maneira”. 


Nas cidades em que o retorno às aulas ainda não ocorre hoje, a psicoterapeuta Pollyanna Esteves de Oliveira orienta que crianças e jovens deitem mais cedo para regular o sono. “E prepará-las destacando os pontos positivos desse retorno: rever os amigos, aprender coisas novas”.


Material e uniforme não vêm para todos


Em parte das cidades da região, estudantes de colégios municipais voltam às aulas sem kits de material escolar e uniforme. 


Em Bertioga, os kits escolares e uniformes já foram comprados e serão entregues no primeiro dia de aula. Em Cubatão, os uniformes serão distribuídos no começo do ano letivo, mas os kits escolares ainda estão em fase de licitação.


A expectativa é que, em Guarujá, o material e uniformes sejam entregues a partir deste mês. Neste ano, os alunos das creches conveniadas também receberão uniforme. 


A Prefeitura de Itanhaém informou que os kits são adquiridos por adesão à ata de registro de preços do Governo do Estado. A administração diz ter cumprido todas as exigências no processo, e o estado deve entregar os kits neste início de ano letivo.
Em Mongaguá, a prefeitura não deu prazo. Afirmou, apenas, que o kit escolar e o uniforme serão distribuídos após a entrega pelas empresas. 


Março é a previsão de chegada do material escolar em Peruíbe. Lá, os kits serão fornecidos pelo estado. Sobre os uniformes, a prefeitura informou que a licitação acontecerá no próximo dia 30.


Em Praia Grande, todos os itens devem ser entregues nos primeiros dias do ano letivo. A Prefeitura de Santos informa que os uniformes já estão nas escolas e serão entregues no primeiro dia de aula. Os kits de material devem ser entregues neste começo de mês.


São Vicente não distribui material escolar. As camisetas devem chegar aos alunos até março.


Logo A Tribuna
Newsletter