Datafolha: 75% dos estudantes estão tristes ou irritados com o confinamento

Entrevista ouviu 424 responsáveis por estudantes matriculados na rede pública com idade entre 6 e 18 anos

Por: Por ATribuna.com.br  -  08/08/20  -  16:00
Atualizado em 20/05/21 - 11:16
 Previsão de reajuste está acima da inflação esperada para 2019
Previsão de reajuste está acima da inflação esperada para 2019   Foto: Imagem ilutrativa/Tamarcus Brown/Unsplash

Três em cada quatro estudantes da rede estadual paulistas estão tristes, ansiosos ou irritados durante o confinamento pela pandemia de Covid-19. É o que revela uma pesquisa Datafolha em parceria com a Fundação Lemann, Itaú Social e a Imaginable Futures.


O levantamento entrevistou 424 responsáveis por estudantes matriculados na rede pública com idade entre 6 e 18 anos, dos anos iniciais e finais do ensino fundamental e do ensino médio, no mês de junho deste ano. As entrevistas resultaram em uma amostra de 598 estudantes, sendo 354 matriculas em escolas públicas estaduais de São Paulo.


Na rede estadual, a pesquisa aponta que 68% dos estudantes estão ansiosos, 44% estão irritados e 28% estão tristes em função confinamento. Esses índices estão próximos aos verificados no Brasil, Sudeste e no Estado. Por outro lado, os responsáveis dos estudantes apontaram que 23% deles estão com medo de voltar à escola.


O secretário estadual da Educação, Rossieli Soares, diz que o resultado da pesquisa é “extremamente preocupante”, dada à questão psicológica dos estudantes. “A convivência escolar é importantíssima para a formação das nossas crianças e jovens. Além disso, a relação respeitosa e de confiança entre o estudante e o professor é um apoio emocional que certamente faz a diferença para os nossos alunos”, destaca.


Acesso


Na pesquisa, os responsáveis responderam que 96% dos estudantes das escolas estaduais de São Paulo receberam algum tipo de material para as aulas realizadas em casa no período da quarentena. Esse índice é mais alto que o do Brasil (79%) e Sudeste (87%). Só 4% declarou não ter tido acesso a nenhuma das atividades propostas pela Secretaria Estadual da Educação.


O acesso aos conteúdos pelos estudantes da rede pública estadual paulista, com atividades por equipamentos, ficam acima da média do Brasil e do Sudeste. O acesso via celular, computador, material impresso e TV foi de, respectivamente, 87%, 73%, 64% e 53%, na rede estadual.


Os responsáveis também apontaram que 56% dos estudantes dizem ter contato com professores para esclarecer dúvidas; esse índice é maior do que o observado no Sudeste (52%) e próximo ao verificado no Brasil (62%).


A pesquisa mostra que 61% dos responsáveis percebem falta de motivação dos estudantes de escolas estaduais, 62% acha difícil manter a rotina de estudos e 42% percebe evolução no aprendizado, índices próximos ao Brasil e Sudeste.


Incertezas


Para 45%, os estudantes de escolas estaduais estão preparados para concluir a série atual, e 52% pensam o contrário, resultado no mesmo patamar do observado no Brasil e Sudeste.


Para não perder o ano 84% dos responsáveis por estudantes de escolas estaduais defendem que vale a pena manter as atividades em casa junto com as aulas nas escolas. 69% avaliam que deveria haver aulas aos sábados, e 73%, que o ano letivo deveria ser prorrogado até 2021. Mesmas tendências no Brasil e Sudeste.


Objetivos


Entre os três principais objetivos da pesquisa "Educação não presencial na perspectiva dos estudantes e suas famílias” estão:


- Identificar se os estudantes estão acessando e realizando as atividades de aprendizagem propostas no período da pandemia;


- Mapear as dificuldades em relação ao acesso, rotinas e motivação e,


- Identificar percepções dos responsáveis sobre o acompanhamento das escolas, evolução nos estudos, possibilidades de abandono, assim como os desafios no apoio da rotina de aprendizagem me período remoto.


O diretor de políticas educacionais da Fundação Lemann, Daniel de Bonis, diz que a pesquisa busca contribuir “com os gestores públicos com dados e evidências para apoiar o planejamento de ações e para que sejam mais efetivas. É muito importante para todos que atuam com educação entender os desafios que estudantes, pais e responsáveis estão enfrentando e, com essas informações, pensar em formas de ensino-aprendizagem, motivação dos alunos e como evitar o abandono escolar no pós-pandemia”.


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