Com o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), cuja primeira parte ocorreu neste domingo (3), começa a corrida dos vestibulares. Tão importante quanto se preparar com estudos é estar pronto para todas as circunstâncias: a de conseguir ou não a tão sonhada vaga.
Quem explica é a psicóloga Sara Cianelli, mestre em Psicologia Clínica e experiente em Orientação Vocacional. Para ela, não se trata de um preparo para o fracasso, mas de saber lidar com as frustrações e usá-las como alavanca.
“É possível passar e não passar. Se não passei, foi por quê? Com isso, se reinicia a preparação sabendo no que focar”, explica ela.
Otimismo
O estudante Vitor Laranja, de 18 anos, quer cursar Direito na Universidade de Sao Paulo (USP) ou na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Chegou ao cursinho e se deparou com alunos que, há anos, tentam uma vaga. Segundo ele, a melhor forma de lidar com isso é sendo otimista.
“Na minha opinião, o aluno tem de ter na cabeça que vai conseguir. Se começar o ano desanimado, com insegurança forte, não adianta. Tenho amigos que a insegurança bateu, e o rendimento deles no vestibular não foi tão bom quanto o do ano inteiro. Saber lidar com isso é preciso, mas sem deixar o medo te consumir”, ensina, lembrando o que já aprendeu com colegas.
Questão emocional
A psicóloga Sara Cianelli acrescenta que, às vezes, a questão emocional atrapalha. Por isso, a importância de se preparar também psicologicamente.
“Já atendi muitos adolescentes que vieram de dois, três anos de cursinho. Por trás do motivo, estava a saúde emocional, que nem sempre consegue acompanhar o intelecto. Muitos descobrem que eram os pais que queriam aquilo ou que o foco era sair de casa, e não, passar no vestibular”, descreve.
Telma Amaral, coordenadora pedagógica do pré-vestibular Anglo, no Colégio Progresso, concorda e aborda também o papel da família. Ela coordena o cursinho, é professora de Biologia e conta que recebe matrículas de alunos que tentam há dois, três anos. Ressalta que entendimento e apoio em casa para que o jovem não desista são essenciais nessa maratona.
“Eles falam disso com a nossa psicóloga, comigo, mas é muito importante os pais também conversarem. Esses jovens começam muito cedo. Vamos lembrar que a maioria decide com 17 anos que vai ser na vida. O entendimento dos pais deve ser de que a concorrência é ampla”, conta.
A psicóloga acrescenta que, quando se tem abertura para o diálogo familiar, o vestibular pode se tornar mais tranquilo.
“Porque o jovem chega na prova sem aquele peso de não poder falhar. Sabe que, mesmo se não passar, será acolhido e que será preciso reavaliar estratégias e seguir. A vida inteira desse estudante não pode depender de uma nota. Não se decide o futuro numa prova apenas”, aponta Telma.