Administração e Direito aparecem como as carreiras preferidas na Baixada Santista

Censo do Inep aponta que quase 20% dos formados em Ensino Superior na região são dos dois cursos

Por: Tatiane Calixto & Da Redação &  -  22/12/19  -  20:45
 Administração e Direito lideram ranking de cursos escolhidos na Baixada Santista
Administração e Direito lideram ranking de cursos escolhidos na Baixada Santista   Foto: Helloquence/Unsplash

Quase 20% dos estudantes que conquistaram o diploma de Ensino Superior na região em 2018 se formaram em dois cursos: Administração e Direito. As duas carreiras lideram os índices também no Estado e ocupam duas das três primeiras colocações no País.


Apesar dos dados expressivos, especialistas no tema não veem saturação nessas áreas e explicam que, independentemente do ramo de atividade escolhido, é preciso se adaptar às novas expectativas do mercado.


Os números foram obtidos por A Tribuna a partir da análise dosmicrodadosdo Censo da Educação Superior, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Eles também apontaram que, ano passado, a Baixada Santista teve 8.518 formados em cursos presenciais de Ensino Superior – alta de 4,6% em relação a 2017 (8.141 diplomados).


Do total de graduados em 2018 na região, 838 concluíram o curso de Direito e 812, o de Administração. Em seguida, vêm Educação Física (692), Pedagogia (565) e Engenharia Civil (480), com os maiores números.


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Estado e país


O levantamento aponta ainda que, em linhas gerais, os cursos que mais formam profissionais na região estão em sintonia com os líderes estaduais e nacionais. Com uma exceção: Logística, que ocupa a sexta colocação entre os que mais entregam alunos ao mercado na Baixada, com 281 em 2018.


Segundo a professora universitária e consultora de Recursos Humanos RitaZaher, Direito e Administração são áreas amplas e, mesmo com as dificuldades de contratações, não há saturação. “A gente passou por um período turbulentíssimo e que ainda não acabou. Mas, para o profissional antenado e qualificado, há espaço”.


Dificuldades


Muitos jovens que concluíram a universidade sabem desse desafio. Pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que, entre 2014 e 2018, a proporção de profissionais que saem da faculdade e não conseguem trabalho foi de 8,2% para 13,8%.


A pesquisa mostra ainda queda no número de recém-formados que trabalham em postos que, de fato, exigem formação superior: de 51% para 35%. Especialistas, porém, explicam que ressignificar a formação profissional e entendê-la como contínua ajuda a superar esse quadro.


Evolução digital deixa para trás pensamento linear


“Quando começamos a fazer uma graduação, até há pouco tempo, tínhamos em vista que ocuparíamos um espaço determinado em uma engrenagem corporativa, algo pré-determinado. Era um pensamento linear. Hoje, isso mudou”.


As palavras deDatiseBiasi, especialista em Educação e pesquisadora sobre o futuro do trabalho, dão uma dimensão do momento de transformação vivido nos ambientes estudantil e profissional.


“Temos que pensar em rede”, sugere ela. “Assim, muitas das profissões, como Administração e até Engenharia, abrem uma gama grande de atuação, caso as pessoas estejam dispostas a ir além do convencional. A partir do momento que você desenvolve competência crítica do que é mais geral, consegue se ajustar para atuações mais específicas”.


Ela e a consultora em RH RitaZaherconcordam que a principal adaptação a ser feita deve ser em relação à tecnologia. “Estamos na era pós-digital, as pessoas precisam aprender a se reinventar”, afirma Rita.


“Porque tudo vai ser tecnologia. Não vamos ter uma área na empresa para isso, mas todas as atividades terão uma camada de tecnologia. Independentemente de sermos de Humanas,Exatas ou Biológicas, teremos que entender isso”.


Para o futuro, diz Rita, não é possível falar em carreiras, mas em linhas. “Temos que ter em vista que é importante optar por caminhos profissionais que as máquinas não irão fazer”.


Ela explica que, quando se estuda o futuro do trabalho, as áreas mais valorizadas são as que olham para o cuidar, o desenvolver e o conectar. Dessa forma, desenvolver as habilidades socioemocionais e continuar sempre aprendendo é fundamental. “As mudanças estão acontecendo muito rapidamente e é preciso estar aberto e se preparar para elas. Devemos nos preparar com cursos permanentemente”.


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