O querer

Eis porque luto por mim e pelos que amo e preservo, por um querer valoroso que aponte para as escolhas que satisfaçam

Por: Luiz Alca  -  14/02/21  -  14:18
  Foto: Avi Chomotovski/ Pixabay

O querer é uma das forças imprescindíveis do homem, o que situa o que hoje se chama empresarialmente de "foco de identidade", expressão com que todos terão que conviver daqui em diante em suas buscas pessoais e cotidianas, tanto quanto profissionais e psicanalíticas.


Clique e Assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe acesso completo ao Portal e dezenas de descontos em lojas, restaurantes e serviços!


Foco de identidade é a consciência de se procurar no mundo e nas circunstâncias o que tem a ver conosco, o que complementa o Princípio de Identidade, o que vem ao encontro de nossas ânsias e dá forma a talentos e potências.


A palavra é "ajustar", muito usada atualmente por "coachs" e especialistas em recursos humanos. Temos o nosso foco de identidade ajustado sempre que estamos buscando certo, ou seja, percebemos o que integra nossas referências, expectativas e ânsias. Caminhar em direção ao que nos identifica e não, ao contrário, em nome apenas das ofertas, o que fazem muitos e assim, fracassam, não dão certo nas atividades propostas, desperdiçam tendências e inclinações. Sem perceber em nome das ofertas, dos modismos, da mídia que manipula.


Mas ninguém consegue esse ajuste de foco de identidade se não tiver um querer forte. Que é um dos seis recursos do homem em sua conduta. Somos necessidade, desejo, vontade, querer, vivência e realização. O que tantos e tantos ignoram e assim, não usufruem dessas forças.


Cobertas as necessidades, surge o desejo, a representação mental dos objetos do prazer. É a maior verdade do homem e também, seu maior pavor. Daí a importância de uma terapia.


Desejo bem representado faz surgir a vontade, o apelo interno de encontrar no mundo aquilo que ficou na mente.


Mas a vontade precisa do querer para deslanchar. A frase da galera é perfeita, como ouvi de um garotão, dia desses "pô meu, só ficou na vontade". O querer é mais ordenado do que a vontade. Trata-se da busca pontual no mundo de alguma coisa já apontada interiormente como satisfação e que ilustra a identidade. É mais forte do que a intenção, porque ordenado e situado. Inclui o pré-sentido do quanto o encontro vai completar o que ainda não está muito claro na vontade.


Muitos têm um querer pequeno e resumido, justamente porque a vontade é fraca e o é, por um desejo mal representado. Eis porque luto por mim e pelos que amo e preservo, por um querer valoroso que aponte para as escolhas que satisfaçam e tragam prazer e realização.


Sem o querer não há foco de identidade razoável. Quantos têm vontade, mas não acionam o querer. E assim acham tudo difícil, não conseguem transpor barreiras pífias, se confundem nos compromissos, não atingem a determinação que os fará mais amplos e consequentemente mais felizes.


Nada é melhor nesta vida do que a consciência do que devemos fazer por nós, na certeza de que ninguém o fará melhor, não só porque não são donos do nosso querer, como também porque desconhecem qual é o ponto certo do nosso foco de identidade.


Tudo sobre:
Logo A Tribuna
Newsletter