O que a vida espera de nós

O que é importante para você neste momento aprofundar em sua vida?

Por: Luiz Alca  -  01/11/20  -  18:47
Atualizado em 19/04/21 - 17:50
  Foto: Imagem ilustrativa/Unsplash

Qual será, verdadeiramente, o valor da sobrevivência? Talvez, a maior contribuição para se dê sentido ao viver, tenha vindo da Logoterapia (Logos=sentido; terapia=cura), através do psiquiatra austríaco judeu Viktor Frankl, cujo livro “Em Busca do Sentido", um dos meus guias, relata que depois de uma terrível experiência em Auschwitz, ele descobriu o que nos leva a lutar para viver, os motivos dessa sobrevivência muito além do mero instinto, que numa hora de dor extrema, recolhe-se para encerrar o sofrimento.


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Ele parte do ponto sagrado de que temos mais a perder além da existência nula – aquela que se preocupa em viver apenas pelo estar físico – e dos prazeres que encontramos por aqui; além mesmo dos elos afetivos. Para ele, é importante se descobrir o sentido maior do próprio sofrimento e a distinção entre significado e realização. Há vidas plenas de realizações (patrimônio, carreira, funções) embora vazias de significado (a marca pessoal que se dá ao que se faz e que distingue um fazer do outro, absolutamente insubstituível), por mais que a realidade possa disfarçar através dos bens e valores.


Realizações não conseguem segurar as situações mais duras da existência e nem dimensionar a grandeza da passagem por aqui. Muito menos a beleza da brevidade, que se torna temerária de quem só vive o mundo externo e material.


Faz lembrar o escritor russo Fiodor Dostoievsky ao afirmar “temo somente uma coisa na vida: não ser digno dos meus tormentos, assim como dos meus sonhos”. O que não implica em considerar o sofrimento enriquecedor, mas sim, o entendimento e a transformação pela qual passamos quando ele nos invade.


A pergunta chave da Logoterapia é “o que é importante para você, neste momento, aprofundar em sua vida?”. O que consiste em se avaliar o essencial e tomar consciência de que não é preciso estar doente ou prestes a morrer para se refletir sobre o que estamos fazendo aqui.


Buscar o sentido da vida, o que pode parecer uma discussão filosófica boba, uma questão anacrônica para os mais concretos é fundamental. Entender que viver é arcar com a responsabilidade de responder a tantas perguntas que surgem pelo caminho.


E ter claro que a rigor não importa o que nós ainda temos a esperar da vida, mas sim e exclusivamente o que a vida espera de nós. Vocês já questionaram isso? O que ela ainda espera e por isso mantém o ser em atividade, na lucidez da busca, na latência orgânica? O que será que ela ainda espera de você entre as surpresas, os talentos que podem surgir pedindo desenvolvimento ou apenas, atos que lhe correspondem na saga existencial, tenha alguém 20 ou 90 anos?


É linda essa vontade de sentido. Quando o destino ao invés de se tornar sina ou bastidor das circunstâncias passa a ser um presente a ponto de transformar situações de mero sofrimento numa evolução interna.


*Texto publicado em 29/8/2015, na revista Luiz Alca Crônicas, página 50


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