O ponto máximo

Não se trata de querer ser perfeito para receber elogios, mas de dar às pessoas a quem se dirige o trabalho, o chamado público alvo, o respeito da competência

Por: Luiz Alca  -  10/01/21  -  16:43
  Foto: Imagem ilustrativa/Unsplash

Muitas pessoas me perguntam a respeito, por se identificarem com o hoje chamado Transtorno Obsessivo da Perfeição, que não passa da velha e tradicional mania de perfeição, como sempre foi chamado esse tipo de comportamento, nem tão prejudicial e nem tão prazeroso. Evidentemente, que levada a extremos entra no campo da patologia e precisa de apoio profissional.


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Mania que hoje é avaliada por variados ângulos, muitos deles fora do rol da obsessividade, a não ser que ultrapasse as raias das questões do bem feito e atinja um exagero que demonstre mesmo um transtorno mental.

Possuir a mania da perfeição, ou melhor, ser perfeccionista é ter uma preocupação permanente com tudo o que se executa de forma a que saia na altura ou na medida daquilo que se julga o completo ou o ponto máximo em termos dessa execução. Querer atingir o ponto máximo é a questão.

Não há dúvida de que esse esforço é cansativo, desgasta, extenua e recebe criticas terríveis de quem está à volta. Porque a pessoa sempre acha que faz melhor, do que ninguém atua com idêntica competência. Já que consegue antever o resultado e percebe a importância do detalhe na razão conjunta da engrenagem.

Ainda no meio da tarefa, visualiza a conclusão do projeto e capta o que pode fazer a diferença. Em sendo assim, o tal perfeccionista não delega, centraliza e não confia, o que é muito censurado pelas linhas de liderança emergencial que anunciam ser um chefe competente ou um diretor capaz, aquele que, quando ausente consegue que nada sofra solução de continuidade.

Na teoria, a chamada "seqüência em carretéis" durante a ausência do comandante é muito legal, só que na pratica, não funciona. Por vários motivos. O primeiro é mais forte é que os outros não estão envolvidos emocional e racionalmente na mesma proporção, não se sentem responsáveis de forma idêntica e por não possuírem essa mania da perfeição, não cuidam daqueles pequenos quesitos que fazem a diferença e elevam um produto, um evento, um seminário ou qualquer missão à categoria de alta qualidade.

Não se trata de querer ser perfeito para receber elogios, mas de dar às pessoas a quem se dirige o trabalho, o chamado público alvo, o respeito da competência, do cuidado, da atenção. E elimina esse horrível empurrar com a barriga, atitude comportamental que diminui a existência humana em sua condição e torna tudo muito mais difícil, porque, na maioria das vezes, terá que ser refeito.

Não sei se advogando em causa própria, não vejo defeito no perfeccionismo, além da exaustão física, da dificuldade de relaxar, o que muitas vezes, exige moderação. Fazendo as coisas bem feitas adquirimos um reforçador positivo importantíssimo: a autoconfiança, que junto com a autoestima e o autorespeito são os nossos pilares de sustentação pessoal.Que consiste em termos a certeza de ter dado o melhor de nós a cada trabalho. E que se esse melhor não é o melhor de tudo, é o máximo que conseguimos fazer. O que traz uma razoável segurança diante do que aceitamos realizar na vida.

O segredo ou a chave do cofre, na maioria das vezes, não da fama pública, do dinheiro ou do status, mas de um sucesso sem aplausos que consiste numa satisfação interna e muda, que faz tudo valer a pena. Desde que não se prenda ao tal ponto máximo, mera fixação, que neurotiza e aprisiona.


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