Gato nasce gato

A maior prova é que o homem não nasce sabendo, precisa aprender a viver. Ela não se amestra, aprende. Rousseau, o mestre francês, em seu maravilhoso Discurso da Desigualdade diz bem: o gato nasce gato e nasce sabendo viver como gato. Tem no instinto todas as respostas que precisa

Por: Luiz Alca  -  15/11/20  -  19:28
Atualizado em 19/04/21 - 17:48
  Foto: Imagem ilustrativa/Unsplash

Domingo falamos aqui do que é realmente a vida real, ao contrário do que julgam e julgarão sempre os concretos que se recusam a enxergar os mistérios que conduzem a nossa presença por aqui, a par das circunstâncias encontradas e que temos de enfrentar para realizar. Vida real é transformação, é o que está dentro de nós e se expande através do cenário do cotidiano. Mas cada um aprende ou não por si, não adiante se querer insistir; vale no entanto, o toque.


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A maior prova é que o homem não nasce sabendo, precisa aprender a viver. Ela não se amestra, aprende. Rousseau, o mestre francês, em seu maravilhoso Discurso da Desigualdade diz bem:o gato nasce gato e nasce sabendo viver como gato. Tem no instinto todas as respostas que precisa.


Sem dúvida, convivendo com duas lindas gatas persas no meu escritório, vejo que há tanta coisa que elas não aprenderam e fazem: o horário do sol, a porção de ração a ser ingerida. Basta que a gente supra. Nós não, nem a natureza e nem o meio nos esgotam, os possíveis do Ser vão além. Nem somos, puro instinto e nem deuses, que dispensam o conhecimento. A nós cabe, a semi-consciência e a possibilidade de adquirir material para formar o conhecimento e tentar evoluir.


Temos que transgredir, transcender, sem perder o rumo evidentemente e inventar, criar, improvisar, pensar em soluções que surjam da criatividade e do universo interno para enfrentar situações nunca antes vividas.


Eis porque enfrentaremos duelos permanentemente. Alguns deles: estamos sempre entre o fascínio de decifrar e a tendência de querer ter tudo pronto e mastigado, entre o sonho da utopia e a distopia (o realismo absoluto), entre o compromisso de construir e para tal, também desconstruir, o que não significa destruir, por favor, mas reconstruir, entre a rapidez exigida para se atuar, já que tudo se torna ultrapassado de um minuto para o outro e frases como a “fila anda” e não se pode perder um minuto, são ordem do dia e o fundamental ritual de transição a cada vez que uma situação envolva a emocionalidade. 


Há que se lutar muito, então, para não se cair na estreiteza dos fins, para entender que viver é uma dádiva, que “Deus creou o homem minimamente para ele próprio se fizesse maximamente” ao invés de se reduzir às exigências de um momento existencial ou esperar sempre os resultados fechados. 


Para que a gente não amesquinhe esse nosso Ser em contraponto com tantas chances de grandiosidade, essas sim, tão reais.


*Texto publicado em 31/10/2015, na revista Luiz Alca Crônicas 2, página 6


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