Rumo planeja operação de trens com 120 vagões em direção ao Porto de Santos

Diretor da empresa, Guilherme Penin falou sobre os planos para investimento na malha ferroviária paulista

Por: Fernanda Balbino  -  07/06/20  -  00:20

Nos próximos dois anos, a Rumo planeja iniciar a operação de trens com 120 vagões em direção ao Porto de Santos, um aumento de 50% no comprimento das composições. Com isso, haverá um crescimento da carga transportada de 8 mil toneladas para 14,4 mil toneladas. A medida representa maior volume de mercadorias transportadas rumo ao cais santista e um marco para a concessionária ferroviária. 


O plano foi revelado pelo diretor da Rumo, Guilherme Penin, durante o webinar Porto & Mar realizado nesta sexta-feira (5) pelo Grupo Tribuna. A malha paulista e o futuro ferroviário do Porto de Santos foram os temas abordados pelo executivo no evento.


O Governo Federal e a Rumo assinaram, na semana passada, a renovação antecipada do contrato de concessão da malha ferroviária paulista, que ficará sob a responsabilidade da empresa até 2058. A estimativa é de que R$ 2 bilhões sejam investidos ainda neste ano.   


No total, a concessionária fará investimentos que somam mais de R$ 6 bilhões em obras, trilhos, vagões e locomotivas. Com isto, a capacidade de transporte ferroviária em direção ao Porto de Santos poderá chegar, futuramente, às 100 milhões de toneladas.  


“O que a gente tem contratualizado é um aumento de 35 milhões de toneladas para 75 milhões de toneladas nos próximos seis anos. Tem uma marca fundamental deste processo que é o início da operação de trens de 120 vagões. A gente opera, hoje, com trens de 80 vagões, que tem mais ou menos 8 mil toneladas de capacidade por trem. Com esse aumento de pátios de cruzamento, investimentos em duplicação e sobretudo em reforço da linha, nós vamos operar trens com 120 vagões, com comprimento 50% maior e maior volume por vagão”, destacou Penin.


O sistema ferroviário tem 1.989 quilômetros de extensão entre Santa Fé do Sul (SP), na divisa com o Mato Grosso do Sul, e o Porto de Santos. Por seus trilhos, são movimentadas cargas de milho, soja, açúcar, farelo de soja, álcool, derivados de petróleo e contêineres em direção ao cais santista.


Agora, as atenções da concessionária também se voltam para as cargas de retorno. A ideia, segundo Penin, é fazer com que as composições retornem do cais santista com produtos que são usados na zona produtora, como insumos agrícolas. “O volume sentido exportação é maior do que o retorno na importação. A gente volta com parte considerável dos trens vazios. Ele poderia estar cheio gerando riqueza. Esforço para trazer fertilizantes e no contêiner”. 


Neste contexto, o diretor da Rumo destaca a importância de obras como a pera ferroviária projetada na região de Outeirinhos, hoje onde existe o terminal operado pelo Grupo Marimex. O executivo estima que, com as obras, haverá o aumento de capacidade de mais 15 milhões de toneladas a serem movimentadas nas linhas férreas do Porto.


“(a pera) É essencial, tem possibilidade de permitir acesso ferroviário ao terminal de fertilizantes, que acabou de ser licitado. Uma carga que tem potencial para ir até o interior do País e que, portanto, precisa de acesso ferroviário”, destacou Penin. O executivo também aponta a necessidade de permitir que terminais recebam volume maior de trens para, portanto, dar sentido aos seus investimentos. 


Além da pera, o diretor da Rumo destaca a necessidade de investimentos para adequação da malha ferroviária do Porto. Segundo Penin, os investimentos são complexos porque estão concentrados em áreas pequenas, densamente exploradas e com interface com outros agentes. “São obras para adaptar à ferrovia que está vindo e os investimentos constantes dos terminais”. 


A estimativa é de que R$ 1 bilhão sejam investidos nessas frentes de trabalho. O valor inclui obras que já estão sendo realizadas, como a realocação de linhas férreas do Macuco, que custaram R$ 30 milhões. “Retirá-las e colocá-las contíguas à Perimetral e aumentar acesso aos terminais de celulose é fundamental”.


Desestatização 


Para Penin, se for bem conduzido, o processo de desestatização da Autoridade Portuária de Santos, novo nome da Companhia Docas do Estado de São Paulo, a Codesp, pode garantir um aumento da eficiência portuária, assim como aconteceu com privatizações no setor aeroportuário. “A grande chave é permitir que terminais que estão dentro do porto tenham boas condições de investir com tranquilidade”.


Segundo o diretor da Rumo, os investimentos em infraestrutura e na construção civil serão determinantes para a retomada da economia após a crise causada pela pandemia da covid-19. E, nesta nova fase, investimentos em tecnologia e automação terão uma importância ainda maior por conta das experiências vividas durante o período de isolamento social. 


“Infraestrutura será a grande alavanca de uma potencial retomada. Difícil acreditar que retomada virá de setores afetados como varejo”, afirmou o executivo. 


Diversificação 


Segundo Penin, a empresa planeja e se esforça para diversificar suas cargas, sobretudo do interior de São Paulo para o interior do Brasil, em direção ao Centro-Oeste. Entre eles, estão produtos fabricados no Estado, como itens de limpeza, higiene, alimentos, bebidas, vidro e fraldas descartáveis. 


“A gente tem feito esforço grande para aumento do transporte de contêineres. Quando a gente assumiu, há cinco anos o controle da ferrovia, a gente tinha mais ou menos 50, 60 clientes usando a ferrovia e hoje a gente está muito perto de 200”.


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