Governo Federal planeja sanear a Codesp

Ação é necessária para que autoridade portuária de Santos possa ter seu capital aberto e atrair investidores, dizem autoridades

Por: Matheus Müller & Da Redação &  -  26/06/19  -  22:15
Lavor (à esquerda) destacou cuidados a serem adotados antes da abertura de capital
Lavor (à esquerda) destacou cuidados a serem adotados antes da abertura de capital   Foto: Carlos Nogueira/ AT

A abertura de capital da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), a autoridade portuária de Santos, que está sendo preparada pelo Governo Federal, demandará que a empresa consiga sanear seus passivos e demonstrar uma maior transparência. A análise foi destacada durante o painel 'Modelo de gestão: A nova autoridade portuária', ocorrido nesta terça-feira (25) no Porto & Mar - Seminário A Tribuna para o Desenvolvimento do Porto de Santos.


Convidado do evento realizado pelo Grupo Tribuna, o secretário nacional de Portos e Transportes Aquaviários substituto e diretor do Departamento de Novas e Outorgas e Políticas, Fábio Lavor Teixeira, disse que a venda de ações da estatal será a ponta final de um processo que deve coroar a gestão da companhia.


Segundo ele, antes é necessário sanear a empresa, resolver os passivos trabalhistas e melhorar a governança e a imagem da companhia no mercado.


Lavor não deu uma data para que isso ocorra, embora o Ministério da Infraestrutura já tenha apontado um prazo de até três anos e meio para que a Codesp tenha condições de abrir capital. “Acreditamos que [esse tempo] seria mais do que suficiente. Agora, mais importante é ter um passo a passo de uma forma muito criteriosa e cautelosa”.


A estratégia, segundo Lavor, é mostrar segurança ao mercado, e provar que o ativo tem condições de passar por um processo de Initial Public Offering (IPO) - em português, Oferta Pública Inicial.


Fernanda Guimarães Cotta e Silva, chefe do Departamento de Desestatização e Estruturação de Projetos Federais do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), explica que o processo de IPO é bastante rígido. “Primeiro, é preciso preparar a empresa e mudar a percepção de mercado sobre a companhia. A empresa passa por um processo discorruptivo e tira seus esqueletos do armário. Todas as informações da companhia serão públicas aos investidores interessados”.


Fernanda conta que o BNDES entra no processo apenas quando acionado pela União. Ela diz que o banco de fomento é historicamente um assessor financeiro do Governo em todos os processos de privatização desde 1990.


A executiva diz ser preciso “convencer o mercado de que aquele ativo tem valor e tem perspectiva de crescimento. A empresa é investigada e auditada – submetida a análise”.


Transparência


A chefe de gabinete do diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Jacqueline Wendpap, diz que a entidade está alinhada com o Ministério da Infraestrutura e diante dessa intenção da abertura de capital, ressalta que “o mais importante é o processo para se chegar à transparência”.


O consultor nacional da Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Carga (Anut), Willen Mantelli, concordou que a abertura de capital é o passo certo a ser dado, mas enxerga dificuldades para chegar a tal ponto. Segundo ele, “os maiores responsáveis pelos atrasos são os setores público e privado, que estão sempre se batendo”.


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