Comércio internacional apresenta sinais de melhora, diz presidente da Maersk no Brasil

Para Julian Thomas, as expectativas são positivas e indicam uma recuperação do mercado no quarto trimestre, mas ainda há incertezas para 2021

Por: Fernanda Balbino  -  16/10/20  -  23:37
Atualizado em 16/10/20 - 23:40
  Foto: Reprodução/Facebook

Os efeitos da pandemia de Covid-19 no transporte mundial de cargas derrubaram, principalmente, as importações, que chegaram a sofrer reduções de até 30% no País. Agora, as expectativas são positivas e indicam uma recuperação do mercado no quarto trimestre, mas ainda há incertezas para o ano que vem. Como lição, o mercado investe em novas formas de trabalho e em ferramentas de digitalização de processos.


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Os apontamentos são do novo presidente do Grupo Maersk no Brasil, na Argentina, no Uruguai e no Paraguai, Julian Thomas. Ele participou da 19ª edição do Webinar Porto & Mar 2020, que abordou os desafios do setor de navegação marítima no Brasil no cenário pós-pandemia, nesta sexta-feira (16).


Com o tema Shipping: desafios e oportunidades, o programa foi transmitido ao vivo pela página do Facebook do Grupo Tribuna e pelo canal do Youtube do Jornal A Tribuna. A mediação foi feita pelo editor de Porto & Mar, Leopoldo Figueiredo.



“O pior da crise a nível internacional foi o segundo trimestre. A nível global caímos 16%. O terceiro trimestre foi bem melhor, como Maersk caímos 3%. Ainda é ruim, obviamente. Mas muito melhor do que era esperado. Quando começou a pandemia, se esperava, inclusive, a ordem de 25% de queda no comércio global e não foi tão ruim assim. Foi uma grata surpresa”, destacou Thomas. 


Segundo o executivo, isso aconteceu porque a pandemia afetou várias áreas geográficas de maneiras diferentes. A China, que é muito determinante no comércio global, se recuperou antes e mais rápido do que outras partes do mundo. Só após uma melhora da situação no país asiático, a crise piorou na América do Sul. 


Para Thomas, é possível dizer que o pior da pandemia acabou para o setor de logística. “A cabotagem, que é bom termômetro da economia nacional, caiu quase 40% em abril. Em maio, começou a recuperar. Agora no terceiro trimestre, cresce 5% sobre o ano passado. Na importação, a partir de setembro, começamos a ver recuperação rápida que promete ir até o fim do ano”, destacou o executivo da Maersk. 


Outro problema causado durante a pandemia foi o desbalanceamento de contêineres, diante das grandes diferenças entre importações e exportações. Com isso, Thomas aponta que torna-se ainda mais importante o planejamento das operações. 


Tecnologia


A Maersk trabalha em parceria com a IBM na implantação da plataforma TradeLens, baseada em Blockchain. A ideia é conectar toda a cadeia de comércio, interligando exportadores, linhas de navegação, operadores portuários e terminais, transporte terrestre e autoridades, através do acesso em tempo real a documentos de envio de dados, o que traz mais eficiência operacional e análise de eventos em tempo real. 


“Sentimos que a Receita Federal e a Alfândega estão muito abertos a esse tipo de iniciativa. A Receita vem trabalhando há anos em melhorar processos. Isso é muito complexo e leva tempo, mas existe boa vontade e abertura para esse tipo de iniciativa”, apontou Thomas. 


O executivo ainda aponta os benefícios do trabalho remoto, que deve ser utilizado por várias empresas do setor. Para ele, além de aumentar a qualidade de vida dos profissionais, o home office pode garantir eficiência e competitividade às empresas. 


Br do Mar


A votação do projeto BR do Mar, que prevê incentivos ao setor de cabotagem, gera expectativa ao setor de navegação. Mas, para Thomas, o programa deve atacar questões que impactam diretamente no custo Brasil.


“Não está muito claro o que vai sair do Congresso, mas o foco deve ser melhorar maiores os entraves, por exemplo, custo do combustível pago em dólar mais os impostos. A questão das dificuldades de Custo Brasil, também afetam a cabotagem. Esses são elementos que dariam maior competitividade ao modal para crescer ainda mais”, apontou o executivo.


Sobre o plano de desestatização da administração do Porto de Santos, Thomas aponta que ele deve ser realizado de maneira pragmática e efetiva porque será necessário combinar interesses de diversos atores envolvidos no processo. 


Para o longo prazo, o presidente da Maersk aponta que Santos deverá ter um calado operacional de 17 metros para garantir o recebimento de navios com até 16 mil TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés).  


“Santos tem toda vocação para ser hub port. É um porto que tem base de carga própria super forte e concentra maior parte das escalas dos serviços de longo curso e cabotagem. Tem vocação para ser hub natural. O que precisa acontecer e está em vias de solução é viabilizar calado e largura de canal de acesso para poder comportar no longo prazo navios maiores”, afirmou o executivo.  


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