Meta: envelhecer com saúde

Vive-se mais, mas nem sempre pessoas se preparam física e mentalmente. Ciclo de palestras Envelheça Leve apresenta caminhos

Por: Tatiane Calixto & Da Redação &  -  29/09/19  -  11:56
Atualizado em 29/09/19 - 12:03
  Foto: Irandy Ribas/AT

Hoje, as pessoas com mais de 60 anos representam 15,8% da população da Baixada Santista. Em 2030, conforme projeções da Fundação Seade, o percentual saltará para quase 20%. Só Santos terá, daqui a pouco mais de dez anos, 25,4% de seus habitantes nessa faixa etária. 


Estamos vivendo mais, porém, nem sempre de forma saudável e feliz. Por isso, debater o envelhecimento é tão importante. “Só não envelhece quem morreu de forma precoce. E cabe muito a nós decidirmos como queremos envelhecer”, afirma o médico geriatra Alberto Macedo Soares.


O médico abriu, na quinta-feira, o ciclo de palestras do projeto Envelheça Leve, que tem o objetivo de discutir o envelhecimento e é uma iniciativa de A Tribuna, em parceria com o laboratório Celulla Mater. No primeiro encontro, o tema abordado foi a dor.


Investigação


Segundo Soares, existem inúmeras dores e, com o tempo, elas se tornam mais frequentes. Apesar disso, o idoso não pode se acomodar e achar que sentir dor é normal. “Dor precisa ser investigada”, frisa. Segundo ele, um paciente que se queixa há mais de duas semanas, por exemplo, precisa ser submetido a exames.


No entanto, mais do que os exames para identificar a origem do incômodo ou os medicamentos para aliviá-lo, prevenir-se é importante. E é neste ponto que Soares destaca que não há como fugir das orientações de alimentação equilibrada, exercício físico e o cuidado com a mente.


Dor da alma


“O estresse pela perda de um cônjuge, a perda da autonomia, situações repetidas de angústia. Tudo isso pode levar à depressão e a transtornos de ansiedade. E essa dor da alma é mais difícil de curar”, de acordo com Soares.


Ele menciona um estudo do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) que mostra a relação bidirecional entre ansiedade e depressão e algumas doenças físicas e a dor crônica. 


O levantamento, coordenado pela psiquiatra Laura Helena Andrade, analisou essa relação entre adultos residentes na Região Metropolitana de São Paulo e revelou que os indivíduos com transtorno de humor ou ansiedade tiveram incidência duas vezes maior de doenças crônicas.


No caso da dor crônica, ela foi mais comum entre os indivíduos com transtorno de humor, como depressão, ocorrendo em 50% dos casos. Os distúrbios de ansiedade também são largamente associados a dor crônica: 45% dos casos. 


“Desta forma, temos que ter em mente também que, muitas vezes, não é o remédio que vai tirar a dor”, afirma Soares. 


Assim, garantir momentos de convivência e diversão, manter uma rotina com atividades físicas e alimentação saudável e, se preciso, buscar o acompanhamento psicológico por um profissional podem garantir dias mais leves, felizes e com menos dor. 


“Às vezes, não percebemos, mas ficar se lamuriando pode tornar o envelhecer mais difícil”, afirma o geriatra. 


Leve


Dona Maria Jacinta Petrocínio, com a experiência de seus 95 anos, concorda. “A idade tem seus inconvenientes e a dor é um deles. Mas na vida temos que aprender a viver cada fase da melhor maneira possível. Por isso, eventos assim são importantes para a gente aprender. Estou muito bem. Acho que tenho a tendência a ser leve e procurar a alegria. Isso tem me ajudado”, diz.


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