Projeto busca acolher de forma plural famílias que mais precisam

Projeto Mulheres Solidárias Metropolitanas se reinventou durante a pandemia e hoje ajuda famílias em vulnerabilidade de São Vicente, Santos e Cubatão

Por: Tatiane Calixto  -  24/10/20  -  21:19
Fabiana, idealizadora do projeto, que, a princípio, pretendia auxiliar mulheres a se empoderarem
Fabiana, idealizadora do projeto, que, a princípio, pretendia auxiliar mulheres a se empoderarem   Foto: Carlos Nogueira/AT

O Projeto Mulheres Solidárias Metropolitanas nasceu para ajudar e empoderar mulheres da região. Criado há cinco anos, foi em março que conseguiu inaugurar uma sede, em São Vicente, que em menos de uma semana teve que fechar as portas por conta da pandemia do novo coronavírus. O fechamento da sede, porém, não significou interrupção das atividades. Pelo contrário. As dificuldades impostas pela covid-19 exigiram uma reinvenção do projeto.


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Assim, ele foi adaptado e ampliado, levando empatia e acolhimento não só às mulheres, mas às famílias em situação de vulnerabilidade. De crianças a idosos. 


Fabiana Miranda dos Santos Mota é assistente social e presidente do projeto. Ela explica que apesar das necessidades das mulheres, a pandemia expôs uma fragilidade de toda a família. “Percebemos que todos, de alguma forma, precisavam de atenção”, conta ela. 


Assim, atentando para os protocolos de higiene, o Mulheres Solidárias foi aos poucos se reestruturando, readaptando ações que já existiam e incluindo outras. Em todos os casos, o objetivo principal é levar a todos uma escuta atenta e oferecer ferramentas de empoderamento, autonomia e inclusão social. 


Parte do trabalho é visitar famílias em vulnerabilidade, identificando o que pode ser feito para ajudá-las. “Com a pandemia, conseguimos entender melhor as necessidades das famílias. E algumas vivem em uma realidade muito difícil e, apesar dos esforços, são invisíveis ao Poder Público. Alguns não têm documento, outros não têm informação. Não sabem o que é o Poupatempo, por exemplo. Assim, nosso trabalho é uma forma de oferecer apoio, acolhimento, informação e também empoderá-los”. 


Assim, com as visitas domiciliares e atendimentos presencias, o projeto pode encaminhar as famílias para as atividades o ou ajudá-las com cestas básicas que são arrecadadas durante campanhas. 
Um programa dentro do projeto são visitas aos idosos. Os cadastrados recebem, conforme a necessidade, visita de fisioterapeutas, enfermeiros ou assistentes sociais. Muitas vezes, é só um bate-papo que ajuda a espantar a solidão ou diminuir a pressão causada pela pandemia. 


Na internet, uma profissional de Educação Física também dá aulas para que eles possam realizar exercícios em casa. Aliás, a internet tem sido uma aliada do Mulheres Solidárias Metropolitanas. Lives abordando diversos assuntos são realizadas para levar conhecimento à população. 


O atendimento às gestantes é uma das ações que já era realizada. A ideia principal é oferecer a elas um acompanhamento, tanto com enfermeiras para tirar dúvidas e incentivar o pré-natal, quanto com uma assistente social. Os voluntários trabalham para, no fim da gestação, garantir um enxoval para as participantes. “Para elas, seria difícil montar os enxovais. Então, isso é uma alegria grande e uma segurança para a mãe que está esperando o bebê”.


Reabertura


De acordo com Fabiana, atualmente, a sede voltou a atender pessoalmente, cumprindo as exigências de distanciamento social. “Fazemos atendimento social e jurídico. Percebemos uma carência grande da população em relação às questões jurídicas e por isso intensificamos esse tipo de atendimento”.


O projeto ainda oferece oficinas de geração de renda, como a de panificação. Hoje, conforme Fabiana, pouco mais de 500 famílias são atendidas em todas as oportunidades.


“Participo do projeto e, para mim, é muito bom. Me ajuda porque estou fazendo curso de panificação. A gente sabe que curso é algo caro e lá faço de graça. Logo vai ter curso de doces e salgados e eu vou fazer também”, garante animada Marta Santana dos Santos, 49 anos, auxiliar de limpeza e moradora do Sambaiatua.


Crianças 


O neto de Marta frequenta projeto aos sábados. Esse atendimento recebe cerca de 200 crianças para atividades pedagógica e aulas de línguas. “Nesse momento, está sendo importante para as mães que estão com as crianças com aulas remotas. É uma ajuda. E também, vários estudantes que não têm internet ou equipamento conseguem fazer as atividades aqui”, avalia Fabiana.


Maísa Santos de Souza, 31 anos, diarista e também moradora do Sambaiatuba reconhece a importância de tudo o que o porjeto opferece. 


“Todo sábado levo meus filhos para participarem das atividades. Nesse tempo de pandemia, que não tem o que fazer com os filhos, eles, com todo o cuidado, ajudam nas atividades. O projeto ajuda muito nesse sentido”. 


Fora isso, a cesta básica faz toda a diferença no sustento da família conta ela. “Eles se preocupam de verdade com a gente. Porque aqui onde a gente mora, é preciso procurar o melhor para nossos filhos”.


Plural


O Mulheres Solidárias Metropolitanas é plural. Com 12 diretoras de diferentes áreas e 35 voluntários que doam tempo e conhecimento, o projeto oferece diferentes atividades para diferentes públicos. Mas o principal, diz Fabiana, é olhar e ouvir o ser humano. 


“Um dia, logo que inauguramos a sede e estávamos fazendo cadastros, chegou uma mulher perguntando sobre o que era o projeto. Ela disse que estava procurando um lugar em que ela pudesse ser ouvida porque tinha perdido a filha, os netos e o marido”, lembra a presidente.


Fabiana conta que fez o cadastro da mulher e explicou que, ali, ela seria ouvida. Depois de uns dias, entrou em contato, mas foi informada que a mulher havia morrido. “A vizinha dela veio falar comigo disse que ela morreu feliz porque alguém tinha escutado e oferecido ajuda. Aquilo me impactou demais e fiquei triste por vários dias, porque não consegui salvar, fazer algo. Mas no fim, entendi que o caminho que tínhamos que seguir no projeto era exatamente isso: ouvir e acolher”.


Perfil


Mulheres Solidárias Metropolitanas


O que é?


O projeto, que tem sede em São Vicente e núcleos em Santos e Cubatão, oferece diversas atividades às famílias. São atendimentos jurídico, de assistência social, pedagógico e na área de Saúde. Em todos os casos, o objetivo principal é levar a todos uma escuta atenta e oferecer ferramentas de empoderamento, autonomia e inclusão social.


Onde?
Rua Alcides de Araújo, 650, Vila Cascatinha São Vicente e também na página do Facebook (clique aqui).


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