Instituto Neo Mama: salvação para quem sofre com câncer

Unidade de Onco Laserterapia do Instituto Neo Mama ajuda nos cuidados de sequelas e problemas causados no tratamento da doença

Por: Tatiane Calixto  -  03/10/20  -  13:50
Usar laser contribui, por exemplo, para tratar inflamações orais – que podem impedir o paciente de c
Usar laser contribui, por exemplo, para tratar inflamações orais – que podem impedir o paciente de c   Foto: Carlos Nogueira/AT

Em 2017, o empresário Luciano Caetano Carballo Rodriguez, de 45 anos, e o grupo de motociclistas do qual faz parte decidiram organizar uma campanha para colaborar com um projeto que estava nascendo em Santos: a unidade de Onco Laserterapia do Instituto Neo Mama. Ele nem imaginava, mas, quase dois anos depois, aquele projeto faria a diferença em sua vida. 


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Em 2019, Luciano foi diagnosticado com Linfoma de Hodgkin, um tipo de câncer. E foi na unidade que encontrou uma forma de melhorar sua qualidade de vida. “A calmaria no caos”, diz. 


Conforme a enfermeira e presidente do Instituto Neo Mama, Gilze Francisco, o uso do laser ajuda nos cuidados de sequelas e problemas causados pelo tratamento do câncer, permitindo melhora na qualidade de vida dos pacientes. 


A presidente explica que é possível tratar situações comuns nos pacientes, como inflamações orais e neuropatias periféricas – falta de sensibilidade nas extremidades dos membros. O serviço, considerado de ponta, é oferecido de forma gratuita na unidade do Neo Mama, em Santos. “Atendemos crianças e adultos com qualquer tipo de câncer.” 


Ela conta que a falta de sensibilidade na ponta dos dedos das mãos e dos pés prejudica ações simples do dia a dia, como caminhar e segurar objetos. No caso das inflamações orais, elas podem ser tão severas que impedem o paciente de se alimentar. Como aconteceu com Luciano. 


Depois de participar da campanha de ajuda para a instalação da unidade em Santos, o empresário sofreu um acidente de moto. No tratamento e na recuperação, descobriu o “Linfoma de Hodgkin de grandes células B. Um câncer no sistema linfático de grau 4, extremamente agressivo”. 


Pandemia 
“No terceiro ciclo da quimioterapia, no final de fevereiro, explodiu a pandemia. Um desastre para pacientes com câncer que têm imunidade atingida e levada a níveis baixíssimos”, relembra Luciano. Mas foi no quarto ciclo do tratamento que a situação piorou. 


“O organismo já cansado do acúmulo da medicação começa a reclamar: mucosite na língua, na traqueia, no esôfago e até no intestino. Tudo isso dificultava a ingestão de alimentos sólidos. Mastigar e engolir até água era difícil”, relatou. 


Foi aí que Gilze ficou sabendo do caso dele e entrou em contato, se dispondo, no meio da pandemia, a tratar dele em casa. “Ela vinha em casa todos os dias e ficava, em média, 40 minutos aplicando laser em diferentes graduações, dependendo da área e intensidade atingida. Tenho a convicção de que, no quinto ciclo, se não estivesse recebendo este tratamento, tudo teria sido mais difícil, pois chegamos ao nível 4 da medicação e, mesmo com o laser, cheguei a ser internado por causa da mucosite.”


“Tempo pode ser vida”


“Quando falamos de câncer, falamos também que tempo pode ser vida.” Foi pensando dessa forma que Gilze manteve o serviço durante a pandemia de covid-19. “Eu luto tanto pelo início rápido do tratamento, pela continuidade dos procedimentos. Não tinha o direito de interromper as atividades.” 


Mas, ciente dos riscos aos pacientes em tratamento, ela se propôs a atendê-los em casa. Isso evitava que eles saíssem às ruas ou usasem transporte público. Gilze se paramentava com todos os equipamentos de segurança e ia às sessões de laserterapia em domicílio. 


Mas, em julho, uma surpresa: “Comecei com uma dor de cabeça muito grande e, depois, uma paralisia nas pernas”. Gilze foi diagnosticada com covid-19 e manifestações incomuns.  “Não afetou os pulmões, mas afetou minha musculatura e a audição. Até hoje me locomovo com a ajuda de um andador e estou sendo acompanhada pelo risco de microtrombose.” 


As sequelas da covid forçaram Gilze a voltar a atender na unidade. “Durante a manifestação da doença e na minha pior fase, nenhum paciente precisou de ajuda”. Gilze confessa que, após ser diagnosticada, foi criticada por ter continuado a atender. “Mas era muito difícil saber que eu poderia ajudar no progresso, aliviar a dor e não fazer nada.” 


“Esse é um serviço muito importante e que utiliza equipamentos de ponta. Tudo de forma gratuita”, explica José Luis Neto Francisco, coordenador de Projetos do Instituto Neo Mama. 


Tratamento acolhedor


Certo dia de março, a professora de dança Fabiana Laurent, de 30 anos, amanheceu com o olho esquerdo inchado e um edema na pálpebra. Dois dias depois, tudo igual. 


“Fui ao hospital, mesmo com o medo do vírus, para tratar. O médico diagnosticou sinusite. Tomei alguns remédios, mas o edema não desapareceu, e eu busquei mais opiniões”. Ela passou por nove clínicos, e todos receitaram remédios para sinusite. Foi quando Fabiana buscou um especialista particular, que, com um exame de imagem, descobriu um tumor. “Fiz a cirurgia, e na semana seguinte, saiu o resultado: era câncer.” 


Ela retirou o tumor e conta, feliz, que não perdeu a visão. “Minha órbita foi refeita e se abriu o frontal do crânio, o que me acrescenta alguns parafusos na cabeça”, brinca. Após a recuperação da cirurgia, ela precisou passar pelo tratamento de rádio e quimioterapia. 


“Foram sete semanas, e esse tratamento conseguiu ser mais doloroso do que todo o processo. Na terceira semana, eu já estava sem conseguir abrir a boca, me alimentando através de vitaminas, porque nada sólido estava sendo viável, e isso foi piorando.” 


Em busca de ajuda, Fabiana recebeu a indicação de um dentista especialista em laserterapia. Mas, depois de cinco sessões, resolveu não continuar. Além de não ter se sentido acolhida, os gastos não eram poucos. Em plena pandemia, sem trabalho, não teria como continuar. 


“Foi quando resolvi pesquisar, na internet, Laserterapia em Santos e achei a Onco Laserterapia. Quando cheguei à primeira consulta com a Gilze, percebi a diferença entre os atendimentos. A Gilze tem tato para atender um paciente oncológico, questiona e compreende as necessidades, não atende com pressa, é sensível e tem uma técnica incrível para realizar as aplicações. E, a cada dia que fui, dia após dia, fui muito bem acolhida, me sentindo importante, querida e compreendida, além de estar sempre melhor”, descreve. 


Fabiana conta que, após cinco sessões, já conseguia se alimentar com comidas sólidas e recuperou o paladar. “Eu devo isso à Gilze e à Onco Laserterapia, pelo trabalho tão lindo e tão importante para nós.” 


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