Trânsito: De bicicleta, mas com os devidos cuidados

Mau uso da 'magrela' pode trazer problemas

Por: Da Redação  -  04/10/20  -  23:56
Condutor de bicicleta em avenida movimentada: combinação que, sem o devido cuidado, pode ser fatal
Condutor de bicicleta em avenida movimentada: combinação que, sem o devido cuidado, pode ser fatal   Foto: Nirley Sena/Arquivo

Meio de transporte ou apenas diversão. Usada para ir ao trabalho ou curtir a ciclovia à beira-mar de forma despreocupada. As bicicletas, há muito, têm papel importante no cenário do trânsito das grandes cidades – para o bem e para o mal. 


Se trazem consigo bons predicados, também estão na cena de vários acidentes. Por isso, um olhar que vá além dos pedais merece total prioridade.


“O avanço da ciclofaixa, da ciclovia, é um convite à sociedade para que use como modal de transporte. Ela foi introduzida há poucos anos e virou um grande boom. Virou, inclusive, promessa de campanha eleitoral. A gente entende, sim, que a bicicleta deve ser encarada como um modal de transporte. Infelizmente, a maioria dos municípios começou a criar ciclovia e ciclofaixa que começa “não sei onde” e termina “em lugar nenhum”. Não tem uma ligação de necessidades”, critica José Aurélio Ramalho, do Observatório Nacional para Segurança Viária (ONSV). 


Ele lembra que muita gente conheceu uma bicicleta apenas como brinquedo, e não como modal de transporte. Esse “novo contexto”, diz, faz parte de um processo evolutivo que começa bem cedo.


“Hoje, elas (crianças) querem um tablet ou um smartphone. A criança, ou o adulto, só vai ter contato com o que é ser pedestre e o que é ser ciclista quando tiver 18 anos, se tirar a habilitação. A bicicleta tem que ser apresentada desde as escolas. Se todo mundo decidir, a partir de amanhã, respeitar limites de velocidade, não vai ter nenhuma multa. Afinal, como se acaba com a indústria da multa? Tirando a “matéria prima”, obedecendo às regras de trânsito”, pondera.


Ciclistas e a imprudência


Quem circula pela Cidade, contudo, já deve ter notado vários ciclistas “fazendo as próprias leis de trânsito”: andando na contramão, na calçada ou em velocidades desproporcionais com as vias urbanas. Luiz Pazetti, do Denatran, admite a dificuldade em punir quem faz mau uso do pedal. 


“Temos no Código de Trânsito a previsão de infrações para os ciclistas. Mas, como toda lógica de aplicação de multa foi montada sobre a placa do veículo, o seu registro, o seu cadastro, há essa dificuldade prática de se fiscalizar ciclistas, porque as bicicletas não têm placa. Simples assim. Ainda nem se falava em CTB, em algum lugar do passado. Era outra realidade. Embora haja previsão legal, é necessário se caminhar nesse aspecto”, avalia, 


Ele, que é santista, também critica certas atitudes de alguns ciclistas. “Em muitas vezes, ele é praticamente um suicida. Vemos quando transitam na contramão com um baú de aplicativo de entrega nas costas. Você quase tem que tirar o carro do meio da via para ele poder passar com a bicicleta e o baú na contramão. É necessário que a gente avance dentro da própria legislação para alcançá-los quando da prática de irregularidades”. 


Na estrada


O problema ganha contornos mais tristes quando sai do perímetro urbano e avança para as rodovias. Ronald Marangon, da Ecovias, lembra que muitas delas foram construídas quando não havia essa preocupação com quem circula de bicicleta. 


“Os moradores da Baixada Santista usa muito a bicicleta para se locomover nas rodovias ao redor das cidades para fazerem seus trajetos de um destino ao outro, sobretudo pela região ser bastante plana. Hoje, já existe uma consciência bem diferente sobre isso. É o caso das rodovias do SAI. Em alguns trechos, nós temos ciclovia, mas é algo que a gente vem trazendo”.


Ele cita o exemplo dessa preocupação o viaduto Piratininga, na Via Anchieta (SP-150) inaugurado na semana passada. “A obra conta com 5 km de ciclovias, ligando Cubatão a Santos. Já é uma grande vitória fazer essa ligação. Em todas as nossas obras, a gente busca, junto ao nosso poder concedente, a Artesp, possibilidades da construção de novas ciclovias”. 


Por mudança


“A bicicleta tem que ser apresentada desde as escolas. Se todo mundo decidir, a partir de amanhã, respeitar limites de velocidade, não vai ter nenhuma multa” - José Aurélio Ramalho, 
Presidente do Observatório Nacional para Segurança Viária (ONSV)


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