Livros viram refúgio durante quarentena

Pandemia amplia laços entre leitores e quem conhece seus gostos

Por: Da Redação  -  02/08/20  -  16:20
Livraria Realejo, no Gonzaga, busca se adaptar aos novos tempos
Livraria Realejo, no Gonzaga, busca se adaptar aos novos tempos   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

A pandemia do novo coronavírus, por muito tempo, nos roubou uma atividade extremamente prazerosa: ir a uma livraria. Percorrer estantes, ir atrás daquele título ou autor desejado - ou mesmo se render às boas dicas de um livreiro experiente. Pois fomos obrigados a “manter distanciamento” dos livros, certo? Nada disso: eles viraram parceiros perfeitos para a quarentena.


No entanto, uma livraria fechada é sinônimo de que algo não vai bem, especialmente no acesso às letras. Para evitar um desfecho indesejado para sua história à frente da Realejo, o livreiro José Luiz Tahan não hesitou: tomou medidas importantes para salvar seu comércio e manter viva a chama do amor dos clientes pelos livros.


“Acho a palavra reinventar algo mais criativo do que na verdade eu executei. Me adaptei de forma rápida, o cenário da pandemia foi mudando rapidamente. Algumas decisões eu tive que tomar. Pensei rapidamente sobre elas. Por ser um pequeno negócio, uma livraria de rua, senti que havia um risco de não poder seguir com ela, o empreendimento da minha vida”, conta.


Algumas decisões foram: colocar em casa meus três funcionários, pagando salários integrais, sem ajudas governamentais; renegociei alguns custos fixos da livraria, principalmente o aluguel; e conectar-se aos clientes, por meio das redes sociais.


Mas o “pulo do gato” foi o surgimento do “livreiro em domicílio”. “Abri meu WhatsApp pessoal e minhas redes para oferecer o serviço, que não é só um disque-livro. A operação é a da entrega do livro. Além da entrega, tem o atendimento do livreiro diretamente. Muitas vezes estou sugerindo leituras, a partir do que os leitores gostam. É um atendimento raro”, conta Tahan.


Autores, leitores e o futuro


Ele conta que a experiência tem dado certo – tanto que não foi deixada de lado após a reabertura da realejo. Mas Tahan admite que falta algo: a volta das sessões de autógrafos e encontros com escritores. “É uma das maiores dificuldades. Não poder fazer os eventos é algo que faz muita falta, porque a gente tem essa identidade, de receber escritores, celebrar as sessões de autógrafos, ser uma comunidade de leitores aberta que se renova todos os dias”, explica.


E quem são estes leitores? O livreiro define como alguém ávido por informações de todos os tipos. “Consumir cultura, durante a pandemia, se tornou algo ainda mais notado. Mais valorizado. O isolamento deu uma oportunidade também de reflexão, para quem pôde se isolar. Acho que a literatura virou um pilar de defesa, de instrução, autoconhecimento e entendimento do mundo”.


Para ele, traçar o futuro da Literatura pós-pandemia é um exercício ainda impossível de ser feito. “Prever o futuro da literatura pós-pandemia eu não consigo. Mas acho que ela está valorizada, os leitores estão muito presentes, muito intensos, muito interessados, em conhecer novos autores, novas obras”, diz.


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