Explorando águas menos turbulentas, Petrobras muda planos para seguir forte

Hoje, a estatal vai tentando se readequar aos novos cenários, num mercado extremamente volátil

Por: Da Redação  -  06/09/20  -  21:35
A nota foi divulgada neste sábado, após uma decisão do TST de acatar liminar da Petrobras
A nota foi divulgada neste sábado, após uma decisão do TST de acatar liminar da Petrobras   Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Os últimos 10 anos, ao menos, não foram fáceis para a Petrobras. A empresa conviveu com escândalos de corrupção e a queda de seu valor de mercado. Pior: teve sua credibilidade arranhada. Chegou a perder R$ 223,6 bilhões em valor de mercado no primeiro trimestre deste ano, segundo levantamento da empresa de informações financeiras Economatica. Hoje, a estatal vai tentando se readequar aos novos cenários, num mercado extremamente volátil.


“Nos últimos anos, houve a pressão pelos custos, a crise de 2015, a atual por conta do Covid. Isso estressa bastante a indústria como um todo, não só a Petrobras, no sentido da otimização de custos. Temos uma capacidade logística no Rio de Janeiro fantástica. Em função dessa necessidade, a Petrobras buscou essas otimizações, tem conseguido bastante ganho”, conta o gerente da UN BS da companhia, José Ricardo Lafraia.


Mesmo assim, a Petrobras segue investindo. Neste ano, entrou em operação a plataforma P-70, no campo de Atapu, Seu primeiro óleo foi em 1º de abril, já em plena pandemia. Com uma lâmina d’água de 2.100 metros. Quando estiver completa, poderá processar até 150 mil barris por dia e processar 6 milhões de metros cúbicos de gás. Além disso, está em construção a P-71, que se destinava ao campo de Tupi mas que, em função das novas descobertas, deve seguir para outro campo de exploração. Provavelmente vai estar em operação em março de 2022, com a mesma capacidade da P-70.


Mercado de gás


Ele acredita num crescimento exponencial no mercado de gás. Vale lembrar que, esta semana, a Câmara dos Deputados aprovou o novo Marco Regulatório do setor. O Projeto de Lei 6407/13 muda o regime de exploração de gasodutos no Brasil, que passará de concessão para autorização. A proposta também quebra o monopólio dos estados na distribuição do gás natural.


“O gás, provavelmente, é um substituto natural do petróleo líquido também e do carvão. À medida que o mercado de gás tende a crescer no mundo inteiro, devido Às pressões ambientais, as cidades portuárias... No nosso caso, o gás está vindo do pré-sal, a quantidade é bastante promissora. À medida que esse mercado for se desenvolvendo, esse gás vai chegar nas regiões portuárias”, diz ele, acenando com a esperança de ter em mãos um belo produto.


“Que a gente também seja, no futuro, um grande exportador de gás. Obviamente, a gente precisa ter um mercado - sempre um equilíbrio entre a produção e a utilização desse energético bem importante para a transição ambiental que se vislumbra”, complementa Lafraia.


Guinadas


Mas o que faz uma empresa do porte da Petrobras mudar a direção das velas, para aproveitar novos ventos?


Eis a resposta: planejamento e boa dose de experiência para sobreviver às tempestades e buscar novas oportunidades.


“Tem que deixar bem claro: o mundo do petróleo é muito dinâmico. As decisões são muito rápidas. A gente não conseguia, há 10 anos, vislumbrar o tamanho do sucesso (do pré-sal). Obviamente, é o que a gente espera, é no que a gente investe. Mas, em geologia, a gente só consegue confirmar quando o óleo jorra e aparece na plataforma. Esse é o desafio do nosso negócio, de alto risco”, ensina o gerente da Petrobras.


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