Compromisso por menos mortes

Presidente da CET-Santos, Rogério Vilani se mostra incomodado com número de vítimas fatais e prega cuidado com motofretistas

Por: Da Redação  -  05/10/20  -  01:25
Educação no pós pandemia concentra atenção dos pleiteantes ao Executivo santista
Educação no pós pandemia concentra atenção dos pleiteantes ao Executivo santista   Foto: Divulgação/CET

O número de veículos registrados em Santos é de cerca de 309 mil. Fora os que passam pela Cidade, oriundos de municípios vizinhos ou de outras Regiões. Isso sem falar em ciclistas, motociclistas, pedestres...Trata-se de uma equação complexa a cargo da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Santos). De acordo com o presidente, Rogério Vilani, apesar dos avanços nos últimos tempos, também há fonte de preocupações, Reduzir ainda mais o número de mortes é a principal delas. 


Segundo dados da própria CET, até agosto, os acidentes em Santos deixaram 21 vítimas fatais. No ano passado, por exemplo, foram 27, e em 2018, 41 óbitos. Apesar da queda, ele pensa que é preciso reduzir ainda mais essa estatística. 


“Conseguimos diminuir o número de mortos em Santos. Mas ainda acho que morrer 20, 30 pessoas por ano no trânsito em Santos, é um absurdo. É inadmissível isso, numa cidade que não é tão grande territorialmente, sem avenidas com grandes velocidades. Não há motivo para andar a mais de 50 km/h em lugar algum de Santos”, avalia. 


Vilani mostra preocupação com as alterações no novo Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Para ele, representam um “afrouxamento” na legislação, no que diz respeito às punições por infrações. “Fica mais brando, mais permissivo, aumenta pontuação da carteira. É um passo atrás. Mas, independentemente disso, a gente não vai mudar nosso foco, deixar de fazer nosso trabalho em todos os aspectos. Tanto no de prover infraestrutura, como educação, para qualquer perfil de ator que a gente tem no trânsito. E também do ponto de vista de fiscalização. Cobrar disciplina, fazer a regra valer”. 


Conjunto complexo de atores


O presidente da CET lembra que Santos guarda uma característica que amplia o desafio do trânsito: ser uma cidade-pólo, com serviços e um Porto bastante ativos. Por conta disso, a exigência na tomada de decisões para melhorar a segurança desse conjunto amplo de atores aumenta. 


Um deles gera especial atenção: os condutores de motos, sobretudo os motofretistas. Das 21 mortes registradas este ano, nove - ou quase metade delas -, foi sobre duas rodas. Vilani observa que uma mudança no comportamento, especialmente em meio à pandemia, potencializou esse problema. 


“É um grande desafio para gente. Tentar fazer mudar um pouco esse comportamento, colocar mais peso do lado da integridade física do que no tempo da entrega. Percebemos, durante a pandemia, que as pessoas deixaram de se movimentar, especialmente no período mais crítico, do isolamento social. Não havia veículos nas ruas, praticamente. E com o delivery foi o contrário, muito mais ativo do que antes. A gente sentiu que o motorista se apropriou da via de uma forma, às vezes, até abusiva: desrespeitando semáforos, andando na contramão, em calçadas. Então, a gente não teve dúvidas de que nesse ano, na Semana Nacional do Trânsito, nosso foco deveria ser sobre eles”, argumenta Vilani. 


Da mesma forma, os ciclistas, talvez a ponta mais frágil desse grupo, geram preocupação. Sobretudo os que fazem mau uso das vias (e calçadas). Para o presidente da CET, a fiscalização e a orientação devem ser constantes, para coibir os abusos. 


“Pelo Código Brasileiro de Trânsito, a gente tem poder de fiscalizar e de educar. Temos cursos para ciclista, a área de educação para o trânsito tem investido muito nisso. E em fiscalização. É um trabalho que não tem fim. Leva tempo para mudar o comportamento das pessoas, conscientizar de que é fácil tomar cuidado e evitar um acidente, como a consequência disso é perigosa. Mas não muda da noite para o dia”, complementa. 


Desde a infância, a construção do futuro motorista


Presidente da CET-Santos, Rogério Vilani enumera uma série de iniciativas que buscam melhorar a condição do tráfego na Cidade. Ele destaca a implementação de minirrotatórias, sinalização viária (mais de 70 mil metros quadrados de pintura de solo nos últimos meses), além das chamadas “lombafaixas”, espécie de platô que funciona como extensão da calçada, para garantir mais segurança à travessia do pedestre. 


“É um conjunto de ações onde buscamos garantir todo esse movimento de trânsito bem orientado, com a sinalização em dia, oferecendo condições para que cada um faça a leitura da regra do trânsito na prática”, raciocina.


No entanto, segundo ele, a grande esperança de mudar o panorama do trânsito em Santos também reside na educação. “Reformulamos nosso programa de Educação para o Trânsito, A gente acredita que a solução disso está dentro das escolas. Nosso programa pega todo o Ensino Fundamental e Médio. Vai preparar essas crianças e jovens para virarem motoristas ao final desse ciclo. É o melhor lugar para abordar e conscientizar”, diz.


Para os pequenos, destaque para a reativação da Minicidade do Trânsito. O espaço reproduz a sinalização viária existente na Cidade e está instalada na Praça Belmiro Ribeiro, na Vila Mathias. 


No local, os alunos circulam em minibugues na condição de passageiros e são orientados quanto ao significado da sinalização (placas e pinturas), além de respeito aos pedestres. Como caminhantes, aprendem a realizar uma travessia segura. E, enquanto ciclistas, fazem o percurso pela ciclovia com o monitoramento de agentes de trânsito, que ensinam sobre as regras para quem pretende futuramente se deslocar de bike. Todos recebem folhetos e cartilhas educativas.


Para os maiores, o investimento é nas campanhas permanentes, como o Faixa Viva, o EducaBlitz (abordagem de condutores observados em alguma prática irregular, com uma viatura caracterizada); ou pregando o respeito às vagas de idosos e de pessoas com deficiência, bem como o estímulo ao uso de bicicletas e o fim do uso do celular enquanto se esteja na direção. 


“Depois que o jovem pegou a Carteira de Habilitação, nossas campanhas têm menos poder de transformar. O novo motorista pega vícios, entra na loucura do dia-a-dia. Fazemos a abordagem, redes sociais, panfletagens. Mas nossa aposta para baixar as estatísticas é a educação na escola. Não deixar criar o vício”, finaliza Vilani. 


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