Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde exige solução

Encaminhamento de pacientes a hospitais é questionado por participantes de A Região em Pauta

Por: Sheila Almeida & Da Redação &  -  04/06/19  -  09:28
Eventos acontecem no auditório do Grupo Tribuna. Este será o último encontro do ano
Eventos acontecem no auditório do Grupo Tribuna. Este será o último encontro do ano   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Uma criança de Peruíbe sofre um acidente e precisa, após o atendimento emergencial, de avaliação de um neurocirurgião. Para qual hospital ela é encaminhada? A resposta, Santa Casa de Santos, causou discussão, nesta segunda-feira (3), no primeiro painel de A Região em Pauta, cujo tema foi Saúde Pública e seus Desafios. A conclusão é que ainda é preciso melhorar o pacto de gestão entre os municípios para cobrar mais transparência da central de regulação de vagas do Governo Estadual.


O diretor administrativo e financeiro da Santa Casa, Augusto Capodicasa, disse que é comum o encaminhamento de pacientes para lá, mesmo sem vaga, via Sistema Único de Saúde (SUS), em várias especialidades. “O problema é que os custos são assumidos por quem dá o atendimento”, disse.


“A Santa Casa é uma referência na região e está sendo vista de luneta no sentido de ser reembolsada pelo que executa. Como prestadora de serviço, se coloca à disposição dos órgãos gestores para uma contratualiza-ção mais direta. O paciente precisa ser atendido e temos nos esforçado para oferecer um serviço de qualidade. O que precisamos é reconstruir essa discussão”.


Segundo a coordenadora da Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde do Estado (Cross), Sonia Alves, uma das explicações para que os pacientes sejam levados para longe de onde estão é que nem sempre há vaga no hospital mais próximo.


Inclusive há tentativas de revezar a distribuição de pacientes de emergência em vaga zero (quando é preciso salvar uma vida em emergências, no hospital com maior possibilidade, mesmo sem vaga). “É necessário haver um grande pacto de gestão entre os nove municípios e o Departamento Regional de Saúde (DRS), que representa o Estado para que possa haver melhor resultado no tratamento”.


O secretário de Saúde de Santos, Fábio Ferraz, reforça que a região tem carência de vagas e leitos. “Temos 1,9 milhão de pessoas na região e boa parte dos serviços hospitalares está centralizada em Santos. Na nossa interpretação, há indisponibilidade de leitos. Por isso brigamos para abrir mais”.


Após o encontro, médicos, secretários de saúde e parlamentares da região prometeram tratar o problema. Estiveram presentes os deputados federais Rosana Valle (PSB) e Júnior Bozzella (PSL) e o deputado estadual Caio França (PSB).


A saúde é despesa ou investimento


A falta de recursos está entre os principais motivos para explicar por que a saúde vai mal na região e no País, mas até entre especialistas surge a provocação: ela é despesa ou investimento? Entre as respostas discutidas no A Região em Pauta está a desospitali-zação, considerada tendência para ampliar o atendimento e reduzir custos.


A pergunta sobre despesas e investimentos foi feita por Everton Lopes Rodrigues, coordenador do Programa de Aproximação Progressiva à Prática na Faculdade de Medicina da Universidade do Oeste Paulista (Famepp/Unoeste) e consultor do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).


Segundo ele, investir em bons resultados passa pela formação de médicos que olhem para o paciente de forma integral e não aprendam só internações e cirurgias. A prevenção é fundamental.


O secretário municipal de Saúde de Praia Grande, Cleber Suckow Nogueira, conta que, na cidade, essa visão mais ampla já é realidade com as Unidades de Saúde da Família (Usafas), as visitas de técnicos nas residências e o acompanhamento multidisciplinar dos pacientes.


“Defendemos a saúde preventiva e a desospitali-zação para evitar que o paciente procure o hospital antes de se tratar”.


O médico Evaldo Stanislau, assistente doutor do Hospital das Clínicas de São Paulo, professor na Faculdade de Medicina da Universidade São Judas e consultor da Organização Mundial de Saúde (OMS), diz que, apesar de transformar os custos de centenas de reais para centavos por pacientes, não trata-se de uma questão de desocupar leitos. “Tem que explicar o que é a desospitalzação. Não é deixar sem assistência”.


Stanislau explica que o sistema inglês, referência mundial no setor, reduziu em 30% o número de leitos em dez anos. Para ele, a preparação não passa só por conscientização, mas por educação continuada de médicos e aumento do acesso à atenção básica, sobretudo à rede de saúde da família, fortalecendo a rede de diagnósticos com serviço de proteção social integrado à saúde.


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