'A Região em Pauta' debate o combate ao coronavírus em Santos

Evento contou com a participação do prefeito Paulo Alexandre Barbosa, médico infectologista Marcos Caseiro e representantes do setor do comércio

Por: Por ATribuna.com.br  -  07/05/20  -  22:10
Fórum foi realizado de forma virtual, nesta quinta-feira (7)
Fórum foi realizado de forma virtual, nesta quinta-feira (7)   Foto: Reprodução

O combate ao coronavírus em Santos foi o tema debatido em edição especial do fórum "A Região em Pauta", realizado pelo jornal A Tribuna, nesta quinta-feira (7). Seguindo as recomendações das autoridades de saúde, o encontro foi realizado de forma virtual, com transmissão em  tempo real no facebook do Grupo Tribuna.


O debate foi mediado pela editora-chefe de A Tribuna, Arminda Augusto e contou com as participações do prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), do médico infectologista Marcos Caseiro, do presidente do Sindicato do Comércio Varejista da Baixada Santista (SincomércioBS), Omar Assaf, do diretor-presidente do Grupo Mendes, Paulo Mendes, e do presidente da Associação Comercial de Santos (ACS) Mauro Sammarco.


Marcos Caseiro destacou que o coronavírus possui uma capacidade de transmissão inigualável e que ainda não há uma vacina ou medicamento que combata a Covid-19. Por isso, é cada vez mais essencial o isolamento social para quebrar a cadeia de transmissão do vírus.


O médico também ressaltou que Santos possui 83 mil pessoas acima dos 60 anos, praticamente um quarto da população em situação de vulnerabilidade ao coronavírus. "Estamos em uma curva de ascenção. Uma fase de aceleração no número de casos. Não podemos jogar fora o que foi feito até agora", disse Caseiro.


O infectologista disse que, para evitar a disseminação da transmissão, cerca de 80% da população deveria já ter se contaminado. Isso poderia causar um colapso no sistema de saúde. No entanto, ele aposta no uso obrigatório de máscaras para que se inicie um debate sobre a flexibilização do comércio.


"Eu acredito que uso de máscara fará diferença. Nas próximas semanas, dados mostrarão que essas medidas funcionaram. Aí sim poderá ser debatido uma abertura. No meu ponto de vista acontecerá isso", disse Caseiro.


Já o prefeito Paulo Alexandre Barbosa destacou que já existe um debate sobre um plano de reabertura econômica. Entretanto, ele esbarra na capacidade do sistema de saúde do munícipio suportar o número de pessoas infectadas pelo coronavírus.


"Queremos que o comércio seja reaberto, estamos num plano de retomada econômica. O plano está em estágio avançado. Quando vamos implantar? Quando tivermos condições. Quando tivermos leitos de UTI em números suficientes para que não tenha superlotação. Uma melhor estrutura da rede de saúde para atender toda a Baixada Santista", ressaltou  Barbosa.


Para isso, o chefe do Executivo santista disse que tem mantido conversas com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e com o Governo Federal para a obtenção de recursos.


Além disso, o prefeito reiterou a necessidade da população aderir ao isolamento social e colocou a medida como essencial para que haja uma futura abertura do comércio no munícipio.


"O único remédio adequado é o isolamento social. Isso não tem sido respeitado e o reflexo é o aumento de casos. Essas pessoas que saem nas ruas pedindo a reabertura do comércio. Quanto mais as pessoas estiverem na rua, descumprindo as regras, mais contribuem para a demora na volta dos comércios", analisou.


Apelo dos comerciantes


Para o presidente do SincomércioBS, Omar Assaf, a população santista tem respeitado o isolamento social e está de parabéns por isso. Ele criticou a falta de precisão nas informações como, por exemplo, na definição sobre quando será o pico da Covid-19 no Brasil.


Assaf disse compreender a preocupação com a saúde. Mas destacou que existe também um grave problema econômico.


"A coisa é gravissima. Por trás de uma pequena lojinha existe aquele comerciante sustenta a família. Às vezes, que cuida de um filho pequeno, uma mãe doente, uma pessoa que precisa de cuidados especiais. Temos que ter toda a responsabilidade possível. No meu negócio, que está aberto, tomamos medidas rígidas. Isolamos o caixa, distribuímos álcool em gel, colocamos um funcionário para controlar entrada, instalamos lavatórios, houve um recúo nos pontos de atendimento", destacou.


Segundo o presidente do SincomércioBS, hoje, as relações mudaram e passaram a ser via remota, "mas o comércio precisa abrir pois nem todo mundo tem os recursos tecnológicos para usar". Ele defendeu o retorno às atividades, mas com regras a serem seguidas.


Presidente da Associação Comercial de Santos, Mauro Sammarco disse buscar apoio em pesquisas. Ele citou o estudo divulgado pelo Imperial College de Londres, que destacou que o Brasil poderia registrar 1 milhão de mortes por coronavírus. Entretanto, esta perspectiva tem caído.


"Nós ouvimos que o novo pico da doença pode ser em junho. Mas estamos juntando no mesmo balaio o que acontece em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Amazonas. Temos que olhar para a nossa região", apontou Sammarco.


O presidente da ACS reiterou, também, que a manutenção de medidas rígidas em cima da população tem aumentado a pressão nas pessoas que ficam nas linhas de pobreza. "A saúde está ali em cima, como a maior preocupação. Mas não podemos esquecer que existe um problema econômico", ponderou.


Já o diretor-presidente do Grupo Mendes, Paulo Mendes, avaliou que existe, além de uma terceira crise além da saúde e economia: a de informação. " As coisas vão sendo construídas, às vezes de forma acertada, às vezes errada, mas de forma com que as informações chegam e amadurecem", disse.


Ele utilizou como exemplo o debate sobre a redução da jornada de funcionamento dos shoppings. Segundo ele, antes de se definir a questão, já estava sendo discutida a possibilidade de fechamento dos estabelecimentos.


Mendes destacou que o grupo tomou medidas como a suspensão de pagamentos, exceto o de funcionários, entre os dias 23 de abril e 10 de maio, para a avaliação do cenário econômico. Além disso, também foram tomadas ações para desafogar lojistas que possuem comércios em shoppings do grupo.


"A gente abriu mão de uma receita que alimentaria nosso caixa pensando no nosso lojista. Nosso lojista tem menos capacidade financeira que nós, não existe shopping forte sem lojista sadio. Procuramos dar tranquilidade para que ele não se precipite. Que ele tomasse as decisões com tranquilidade. Quando o mercado voltar, faremos juntos que a retomada aconteça de forma rápida", comentou.


Paulo Mendes também avaliou que o "poder público tem obrigação de dar uma tranquilidade para empresários e munícipes para que ele possa passar por esse momento sem sofrer tanto". 


"Não podemos ser hipócritas de dizer que não haverá demissão. Elas existirão e já até ocorreram. Mas se o Poder Público atuar de forma mais intensa, as demissões serão menores", comentou o diretor-presidente do Grupo Mendes, que também elogiou as medidas econômicas tomadas pelo Governo Federal, como a possibilidade de redução de salários e jornada, suspensão de contratos e linha de créditos para empresas.


Confira o Fórum "A Região em Pauta" completo no Facebook do Grupo Tribuna



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