'Sabia que João Paulo e John tomariam conta da posição', diz Arzul

Preparador de goleiros do Santos fala sobre o longo período no Peixe, recentes propostas de clubes rivais, sondagem da Seleção Brasileira e responde quem, atualmente, é o goleiro titular da equipe

Por: Bruno Lima  -  08/12/20  -  10:50
Profissional está há 22 anos no clube
Profissional está há 22 anos no clube   Foto: Ivan Storti/Santos FC

Nos últimos anos, a torcida do Santos passou a ter plena confiança nos seus goleiros, independentemente de quem fosse o escolhido para defender a meta alvinegra. E essa confiança está diretamente ligada ao trabalho do preparador de goleiros Arzul. Oriundo do futsal e recentemente pintado no muro do CT Rei Pelé, o profissional, em entrevista exclusiva para A Tribuna, fala sobre o longo período no Peixe, recentes propostas de clubes rivais, sondagem da Seleção Brasileira e responde quem, atualmente, é o goleiro titular da equipe.


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Você é um dos membros da comissão técnica permanente do Santos mais antigos. Já são quantos anos no clube?


Tenho 22 anos como preparador de goleiros do Santos. Cheguei em abril de 1998 como goleiro do time de futsal e posteriormente, no segundo semestre daquele ano, me tornei preparador de goleiros das categorias de base dos times de futsal e do campo. Trabalhava com os times sub-11, sub-15 e sub-17. 


E quando apareceu a oportunidade de trabalhar no elenco profissional?


Fui para o profissional em 2011, depois de receber uma proposta para trabalhar no Jeonnam Dragons, da Coreia do Sul. Assim que recebi a oferta fui conversar com a diretoria e naquela ocasião disseram que tinham a ideia de me promover para o time profissional. Como sou santista de coração, gosto do clube e sabia que me adaptar ao futebol na Coreia seria complicado, resolvi ficar no Santos. Nos profissionais, comecei como auxiliar de preparador de goleiros em 2011 e passei a ser o titular da função em 2012.


Ao longo de todos esses anos de Santos, quais foram os goleiros que passaram pelas suas mãos?


Fábio Costa, Henao, Vanderlei, Aranha, Everson, Vladimir, Gabriel Gasparoto e João Paulo. 


Goleiro João Paulo se destacou após lesão de Vladimir
Goleiro João Paulo se destacou após lesão de Vladimir   Foto: Ivan Storti/Santos FC

Você citou uma lista de goleiros que brilharam pelo Santos. Algum desses foi indisciplinado ou reclamava da intensidade do seu treinamento?


Por incrível que pareça, não. Isso acontece na base. Os jovens que chegam no Santos acham que alcançaram o topo do mundo, porque aqui tem toda uma estrutura e o garoto começa a se achar. Aí tinha que dar uns conselhos e conversar como se fossem meus filhos. Sempre digo que a minha faculdade foi na base. Na base você convive com vários pensamentos diferentes. Quando você chega no profissional você está pronto. 


O sucesso do seu trabalho fica explícito nas boas fases dos últimos goleiros do Santos. Você foi procurado para trabalhar na Seleção Brasileira ou recebeu propostas para deixar o clube?


Da Seleção Brasileira não recebi proposta, mas fui sondado no ano passado. Sobre propostas, já fui procurado por três clubes do Brasil. O primeiro em 2018, o segundo em 2019 e o último neste ano. Além desses, o time da Coreia do Sul voltou a me procurar em 2018.


E esses clubes brasileiros eram rivais do Santos?


Eram rivais (risos), mas não posso falar os nomes. 


O que te fez permanecer?


Resolvi ficar porque sou santista. Amo o que faço no clube do meu coração, e isso pesa muito para um profissional. As pessoas às vezes falam que posso me prejudicar por me declarar assim, porque os outros clubes vão deixar de me procurar, mas isso não é verdade. Então o que pesou foi a paixão pelo clube e o momento que vivo aqui. Não só o atual, mas como os anteriores. O Taffarel, preparador de goleiros da Seleção Brasileira, veio aqui no CT Rei Pelé assistir o Vanderlei para levá-lo a uma Copa do Mundo. Além disso, o Vanderlei foi eleito pela imprensa o melhor goleiro do Brasileirão em três oportunidades. Antes disso, tínhamos o Aranha, que chegou com um problema de peso e nós conseguimos colocá-lo em forma para jogar e jogar bem. O Vladimir era tido como eterno reserva, mas em 2015 entrou, pegou tudo contra o Corinthians, no estádio do Corinthians, foi bem na final contra o Palmeiras pegando até pênalti.


Você citou o bom momento atual, e uma dúvida do torcedor do Santos é: quem é o goleiro titular hoje, John ou João Paulo?


O mundo está muito louco hoje. Essa pandemia tem feito o mundo girar mais rápido do que o normal. Sempre falo para o João Paulo, John, Vladmir, Paulo Mazotti e Matheus: vou preparar todos vocês da mesma forma e com a mesma intensidade de treinamento. Eu sempre respeito as características de cada goleiro e em cima de cada característica busco melhorar a performance deles. Então, quando o treinador chama fulano ou ciclano, ele está preparado. Hoje o John está como titular, mas amanhã pode ser o João Paulo. Daqui a pouco pode ser o Vladimir. O Cuca pode escolher qualquer um que a performance será em alto nível.


John, atual titular do Santos, durante treinamento
John, atual titular do Santos, durante treinamento   Foto: Ivan Storti/Santos FC

E a decisão de quem é o goleiro titular do Santos é sua?


É uma decisão em conjunto. O Cuca é um profissional espetacular, não desmerecendo os outros. O Cuca é o 13º treinador com quem trabalho no Santos, e todos foram maravilhosos. O Cuca, porém, tem uma diferença: em todas as áreas ele escuta os profissionais que ali trabalham. Faço parte do grupo de apoio dele em relação aos goleiros e ele me escuta. Depois de me ouvir ele toma a decisão.


Após a saída do Everson para o Atlético-MG e a lesão do Vladimir você teve receio de precisar usar João Paulo e John tão repentinamente? Teve medo de eles ainda não estarem preparados?


Eu estava 100% certo de que o João Paulo (terceiro goleiro na época) ia tomar conta da posição por conta de tudo que ele já vinha fazendo nos treinamentos. Tanto que quando o Everson voltou, e ele voltou muito bem, conversei com o Cuca e avisei que o menino (João Paulo) estava voando, com confiança, e isso fez o Everson voltar no banco de reservas. Baseado no que estava vendo no treinamento, tinha a convicção de que João Paulo ou John tomariam conta da posição.


É muito comum o torcedor do Santos, em dias de jogos, ver o Arzul dando orientações e reclamando com os árbitros à beira do campo. Pensa em ser treinador?


Não! Não tenho essa pretensão. É uma profissão muito difícil, porque eles sofrem muito. O Cuca praticamente não dorme. Nos dois jogos com a LDU, o que fiz fui ajudar o Marcelo Fernandes, porque eram jogos muito difícieis. Um deles na altitude. Já aqui na Vila o juiz deu seis minutos de acréscimos, mas deixou o jogo rolar e permitiu aquela confusão toda, por isso reclamei. Posso até ser auxiliar-técnico, mas treinador é improvável.


E quem foi o ídolo do Arzul, goleiro de futsal?


Gostava muito do Rodolfo Rodrigues. Quando comecei na Portuguesa Santista, eu saía correndo do Ulrico Mursa para a Vila Belmiro e ficava vendo o Rodolfo Rodrigues em trabalhos de finalização. Um dia, inclusive, quase fui atropelado nesse trajeto (risos). Além dele, tive a honra de trabalhar com o Fábio Costa. Que cara técnico! Eu o ajudei muito e ele me ajudou bastante.


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