Rejeição ao impeachment de Peres gera crise no Conselho Deliberativo do Santos

Os pedidos de demissão do presidente da Comissão de Inquérito e Sindicância (CIS) do Santos, José Geraldo Barbosa, e do relator Coronel Rubens Passos, após a  reunião virtual do Conselho Deliberativo, na noite de terça-feira (16), podem não ser os únicos. Na tarde desta quinta-feira (18), a comissão irá se reunir por meio de videoconferência para decidir se todos deixam a comissão ou se terminam os trabalhos  em andamento. 

Além de Barbosa e Passos, que pediram desligamento do órgão devido a ofensa verbais que receberam durante a reunião virtual e que já vinham recebendo desde a apresentação do parecer que recomendava o impeachment do presidente José Carlos Peres e do vice Orlando Rollo, a CIS é composta por Décio Couto e José Rubens Marino. 

A comissão está em vias de encerrar o relatório que apura os motivos do pagamento de R$ 1.462 milhão de comissão ao empresário do atacante Eduardo Sasha, após a renovação de contrato em 2018, e o processo de exclusão do ex-presidente Odílio Rodrigues, que recorreu ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ) e voltou a figurar no quadro de associados.

Segundo Marino, a ideia é fazer com que todos os membros tomem a mesma decisão. 

“Se eles (Barbosa e Passos) mantiverem as decisões de saída, sairemos (eu e Couto) juntos. Porém, vou propor de terminarmos esse dois trabalhos que estão em andamento e, se a escolha for de deixar a CIS, não pegarmos mais nenhum processo. O relatório sobre a comissão do empresário do  Sasha está praticamente completo, e o que envolve o Odílio bem adiantado. É complicado entregarmos o trabalho que temos em andamento para outras pessoas”, disse o membro da CIS para ATribuna.com.br.

Independentemente da reunião entre os integrantes da comissão, nesta quinta-feira (18) haverá também um encontro virtual dos membros da CIS com o presidente do Conselho Deliberativo, Marcelo Teixeira. 

“O teor dessa reunião nós ainda não sabemos. Ele nos procurou e nós concordamos. Talvez, assim como eu e o Décio, o presidente do Conselho tenha ficado surpreso com os pedidos de demissões do José Geraldo e do Coronel Rubens”, comentou Marino. 

“Digo que ficamos surpresos, porque havíamos combinado de não falar nada além do que estava no relatório. As ofensas realmente estavam pesadas, mas queríamos conversar antes. Eles acabaram se irritando com as grosserias que ouviram durante o plenário virtual e acabaram pedindo demissão”, completa Marino. 

Ofensas

Logo após a reunião virtual do Conselho, o relator da CIS, Coronel Rubens Passos, confirmou para a Reportagem o pedido de demissão e falou sobre as agressões verbais que todos da comissão receberam. 

“Chamaram a comissão de 'merda' e disseram que ela é formada por ‘um bando de apedeutas'. Falaram que o trabalho tinha que ser jogado no lixo. Isso ofende, pois foi um trabalho muito cansativo e detalhado. Democraticamente, cada um tem o direito de votar no que pensa. Mas falar que quem fez é um apedeuta é difícil de aguentar. Principalmente para aqueles que trabalham de graça, sem pretensão política e fazem tudo por amor ao clube. Eu amo o Santos, mas não dá para aceitar coisas do gênero de gente que não sabe como trabalhamos”, disse o relator. 

A assembleia virtual terminou com 79 votos contra o parecer da CIS, seis a favor e 75 abstenções.