Protagonista de série contra o racismo, Mano Brown fala do amor pelo Santos e por Neymar

Em entrevista exclusiva para A Tribuna, o vocalista dos Racionais MC's se diz honrado com a iniciativa do Peixe

Por: Bruno Lima  -  04/10/19  -  11:13
  Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC

A vitória do último domingo (29) sobre o CSA, por 2 a 0, na Vila Belmiro, marcou a estreia do terceiro uniforme do Santos para a temporada. Composto por camisa, meião e calção pretos, o conjunto foi divulgado em uma minissérie com quatro capítulos na internet. Além da exibição do vestuário, o projeto mostra o clube combatendo o racismo e exaltando os negros que ajudaram a construir a história do clube. 

Junto do rapper Emicida, ex-jogadores, atletas e funcionários do clube, o rapper Mano Brown, vocalista dos Racionais MC's e torcedor fanático do Peixe, é um dos protagonistas da produção, realizada pela Santos TV, e que, além de combate ao racismo, tem o objetivo fazer o clube se ligar ainda mais ao seu torcedor.   

Um dos artistas mais engajados contra o preconceito, Brown se mostrou honrado com a atitude do clube.

“Mais do que um combate ao racismo, que já é muita coisa, a minissérie é o reconhecimento do Santos para com os atletas negros que fizeram a história do clube. Como o próprio documentário diz, em uma frase narrada pelo Emicida, o Santos é um time de branco que não seria nada sem os negros. Isso resume tudo. Estou muito orgulhoso de ver o Santos se posicionar dessa forma”, comenta o cantor em entrevista exclusiva para A Tribuna.


Brown recebeu a nova camisa das mãos do ex-atacante Edu
Brown recebeu a nova camisa das mãos do ex-atacante Edu   Foto: Pedro Ernesto Azevedo Guerra/Santos FC

A relação de Brown com o Santos, aliás, está muito vinculada aos atletas negros que vestiram a camisa do Peixe. Segundo o rapper, eles são tantos que é duro apontar apenas um como  seu grande ídolo.


“Difícil falar do meu maior ídolo negro porque sou da geração do Juary, a primeira dos Meninos da Vila. Sou fã incondicional do Serginho Chulapa por ter a fama de guerreiro, a cara do Santos que eu imaginava, ser santista e nos dar aquele presente inesquecível em 1984, com um gol de canela (na final do Campeonato Paulista, contra o Corinthians)”, recorda. 

“Tivemos os negros dos tempos difíceis também, das vacas magras, como Almir, de quem eu gostava muito. Depois de tudo isso veio a redenção, em 2002, com o Robinho, que é um dos meus grandes ídolos no futebol. Então, como vou falar no meu maior ídolo negro no Santos? É impossível. Até porque, depois desses caras todos veio o Neymar. Eu amo Neymar. O santista que não ama o Neymar é no mínimo um ingrato,  um louco. A gente ama o Neymar. Sempre que encontro esses caras, falo que sou e serei eternamente grato a todos eles”, acrescenta.

Para manter o Santos vivo

Na minissérie, Brown afirma que torcer pelo Santos em um período da sua vida ia além da paixão que um torcedor tem pelo seu clube. Era, na verdade, como “um ato político” para manter o Peixe vivo.


  Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC

“A ideia de torcer para o Santos como um ato político, eu tive entre 18 e 20 anos. Nos anos 90, o Santos não ganhava de quase ninguém e não disputava títulos. Então, era um ato político manter o Santos vivo. Eu ia para o estádio mesmo sabendo que o Santos ia perder. Fomos campeões paulistas em 1978, com Juary, e em 1984, com Serginho Chulapa, mas já foram títulos rareados. Depois disso parou de uma vez. Entre 85 e 2001, o Santos não ganhou nada. Era um ato político manter a chama acessa, não deixar o clube sumir”, diz Brown, que garante, mesmo sendo da Capital, jamais ter pensado em torcer para outro time. 


“Eu nunca flertei com outro clube que não o Santos. Esse negócio de só torcer para o Santos quem nasce em Santos é muito dos anos 90. Não faz parte da vida do clube”, finaliza o cantor.

Assista aos quatro episódios da minissérie do Santos:






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