Pelé 80 anos: O maior dez de todos os camisas dez

Pelé foi o responsável por diversos marcos no futebol, mas isso não é tudo. Pelé fez muito mais pelo futebol com atuações inesquecíveis

Por: Eduardo Silva & Fúlvio Feola &  -  23/10/20  -  11:36
Dois dos maiores camisas 10 da história do futebol: Zico e Pelé
Dois dos maiores camisas 10 da história do futebol: Zico e Pelé   Foto: Reprodução

Pelé é o Rei do Futebol. Foi considerado o Atleta do Século. Bicampeão mundial com o Santos e tricampeão do mundo com a Seleção Brasileira. Marcou mais de 1.280 gols e é um recordista de títulos nacionais e internacionais. Você acha que isso é tudo? Não. Pelé fez muito mais pelo futebol. Com suas atuações perfeitas e inesquecíveis, valorizou ainda mais os outros jogadores. Ele também mudou o status da camisa 10 no mundo. Nos tempos de Pelé, só o melhor do time poderia vestir essa camisa. E foi por esse motivo que A Tribuna procurou outros craques que vestiram essa camisa mágica para falar da importância de Pelé para o futebol mundial. 


“A camisa 10 virou um símbolo por causa do Pelé. A camisa 10 representa muito até hoje. Pra mim foi complicado, porque tinha vindo Rivellino de 10, depois o Pelé. Depois ficava todo mundo achando que viria outro Pelé”, diz Zico, o maior artilheiro da história do Maracanã, com 334 gols, e maior ídolo do Flamengo, que também vestiu a 10 no clube e na Seleção Brasileira. “O Pelé é diferente. Quando Deus criou o jogador de futebol, falou assim: 'Vou botar todas as qualidades nesse cidadão, esse Edson Arantes do Nascimento, que se tornou o Pelé. Ele é um fenômeno, inigualável”.


Zico revelou ainda que uns dos dias mais felizes da vida dele foi quando teve a chance de jogar ao lado de Pelé. Em dois jogos beneficentes. No Maracanã e no Serra Dourada. E ficou ainda mais fã. “Nas duas vezes, eu fiquei ansioso, mas quando a bola rolou foi maravilhoso. A experiência foi fantástica porque a gente está realizando o desejo de todo mundo que gostaria de poder jogar ao lado dele, que foi muito simpático e solícito”, lembra.


Outro camisa 10 que fez história no Maracanã foi o artilheiro do Vasco da Gama, Roberto Dinamite. “A primeira vez que vi o Pelé jogar foi em 1962, por aí. Me marcou muito pela força, pelo talento, pela facilidade de bater com as duas pernas. Esse período de 62 e 63 eu fixei muito no Pelé, foi o período em que despertei para o futebol”, conta.


Dinamite se empolgou quando começou a falar de Pelé. Naturalmente, as recordações surgiram na memória do artilheiro. “A camisa 10 simboliza os melhores jogadores da equipe. E eu tive a honra e o prazer de vestir essa camisa no Vasco, mesmo sendo centroavante. A camisa 10 do Pelé do Santos, da Seleção, é um símbolo maior dos grandes jogadores em todo o mundo, e o Pelé foi nosso comandante maior. Nada mais justo”.


Mas o ídolo do Vasco se emocionou mesmo quando lembrou do primeiro jogo contra o Rei do Futebol. “Um grande momento da minha carreira foi em um jogo entre Vasco e Santos. Eu fiz um gol de voleio e o Pelé estava nesse jogo. Eu fiz o gol e saí para comemorar com a torcida do Vasco. Quando eu voltava para o campo, passei por ele e ele falou para mim: 'Parabéns garoto, belo gol'. Isso foi marcante no meu início de carreira. De repente ele nem lembra, mas para mim está vivo até hoje. Então, obrigado Pelé, você me incentivou muito no início de carreira”.


Os camisas 10 dos rivais Corinthians e Palmeiras, Roberto Rivellino e Ademir da Guia, também falam do Rei. Rivellino sofreu nos clássicos contra o Santos, porque Pelé sempre jogou muito contra o time do Parque São Jorge. Mesmo assim, só demonstra respeito e consideração. “Nossa vida não era fácil nos tempos em que o Santos manteve o tabu. Era um timaço e, com o Rei inspirado, ficava ainda mais complicado. Muitas vezes jogamos melhor, mas aí aparecia o Pelé e tirava o nosso bicho”.


Riva também revela um lado que muito santista pode até estranhar de início. Mas é só ler com atenção para ver como o futebol era diferente naqueles anos de 60 e 70. O Reizinho do Parque se mostra um fã de carteirinha. “Posso ser sincero? Era lindo ver aquele time do Santos entrar em campo. Muitas vezes no Pacaembu eu me aquecia em frente ao túnel do Santos só para ver aqueles craques subirem as escadarias com aquela camisa branca. E ver o Pelé, como adversário ou não, era ver o melhor de todos de perto. Claro que eu queria ganhar, mas era impossível não admirar o que ele representava para o futebol”.


Ademir da Guia não sofreu tanto como Rivellino nos clássicos, já que o Palmeiras, muitas vezes, estragou a festa do Santos. Mas mesmo assim ele fala que nunca foi fácil enfrentar o Rei do Futebol. “Com o Pelé em campo, você não conseguia ficar um segundo desatento. A qualquer momento ele podia aprontar. E com aquela categoria. Mas sempre me respeitou muito, e eu também. Tentava fazer o melhor, mas não era fácil enfrentar o Santos com tantos craques”.


Ademir encerrou o papo revelando como o Palmeiras se preparava para enfrentar o Santos de Pelé: “Nosso técnico escalava o Dudu, nosso volante e ótimo marcador, para ficar em cima do Rei. Além disso, tinha sempre mais dois jogadores de olho nele. E mesmo assim não adiantava nada. Pelé foi perfeito. Era completo em todos os fundamentos. Por isso foi o melhor de todos”.


Logo A Tribuna
Newsletter