Pai de Tailson relembra vida difícil e chora de emoção com a ascensão do filho no Santos

Titular nos dois últimos jogos do Santos, com direito a gol na estreia frente ao Vasco, Tailson não balançou as redes  na vitória sobre o Palmeiras, por 2 a 0, quarta-feira (9), na Vila Belmiro, mas viveu  outro dia marcante nesse início de carreira. O seu pai, Gelson Santos Gonçalves, de 49 anos, saiu de Santo André, no ABC, para acompanhar a primeira partida do filho no Alçapão Alvinegro.

Emotivo, Gelson viveu uma noite mágica. Na companhia de Alisen, de 12 anos - um dos nove irmãos do jogador -, ele admite que por diversos momentos foi impossível segurar o choro de felicidade. 

As primeiras lágrimas começaram a cair antes mesmo do início do clássico. Tailson, de 20 anos, só soube da presença do irmão no estádio quando se preparava para entrar em campo e viu Alisen à sua espera, junto de dezenas de crianças na boca do vestiário. Eles pisaram juntos no gramado.

Depois disso, Gelson dividiu a atenção, e a emoção, entre o que ocorria no jogo e as lembranças de tudo que ele e Tailson tiveram que superar para desfrutarem desse momento especial.

“A infância dele não foi fácil. O Tailson, com 7 anos, jogava na escolinha do Santos em Santo André. Lembro de um campeonato em que ele foi artilheiro, mas vi um gol ou outro, porque enquanto as partidas aconteciam eu catava latinhas no estádio para poder vender. Com o dinheiro, eu pagava as mensalidades da escolinha e, às vezes, comprava chuteiras novas para ele”, conta o pai.

Assistir a Tailson no time profissional do Peixe leva Gelson às lágrimas com facilidade. Segundo ele, “só de pensar na oportunidade que o Santos está dando para o meu filho já me emociona. Ser titular em um clássico contra o Palmeiras é difícil. E ele conseguiu isso somente pelo talento que tem. Confesso que estou me sentindo realizado”, comenta o pai do atacante. 

Contra o Vasco 

A primeira vez como profissional de Tailson na Vila Belmiro ficará guardada no coração de Gelson, assim como a estreia e o gol marcado diante do Vasco, time para qual o pai do atacante torce. 

Principalmente pelo fato de tudo ter ocorrido como um sonho. 

“No jogo do Santos contra o Flamengo, o Tailson ficou no banco de reservas. Depois da partida, nós conversamos e eu perguntei: 'Será que o seu primeiro jogo será contra o Vasco, filho?' Ele sorriu e me respondeu: 'Já pensou?!". “E foi o que aconteceu. Ele jogou contra o meu Vasco e ainda marcou o gol. Foi demais. Isso vai ficar marcado para sempre no meu coração”, completa.

ÍdoloTailson

Humilde, Gelson fala com orgulho de toda a família que construiu. Além do jogador do Peixe, ele, que é separado da mulher, tem mais cinco filhos homens e quatro mulheres.

Três dos meninos têm Tailson como ídolo e sonham em jogar futebol.

“O Carlos, de 10 anos, o Alisen, de 12, e o Alison, de 14, jogam aqui na escolinha do Santos, em Santo André. Mas agora não pego mais latinhas. Trabalho com qualquer serviço de limpeza e o Tailson me ajuda a pagar as mensalidades”, revela o pai, que já avisou ao filho o que espera dele daqui para frente.

“Eu não quero dinheiro nenhum. Só peço ao Tailson para que tire a mãe do emprego que tem. Quero que ele faça ela parar com as faxinas e ajude os irmãos dele. Se fizer isso, ficarei ainda mais orgulhoso do filho que coloquei no mundo”, finaliza Gelson.