O dia em que o Santos conquistou o tricampeonato da América

TV Tribuna mostra, às 16h, a final da Libertadores de 2011, que o Peixe conquistou após fazer 2 a 1 no Peñarol. O volante Arouca conta como a vitória marcou a vida dele e de milhões de torcedores

Por: Arouca & Ex-jogador do Santos &  -  07/06/20  -  12:01
Jogadores comemoram título da Copa Libertadores de 2011
Jogadores comemoram título da Copa Libertadores de 2011   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Difícil escolher uma palavra que melhor descreva o sentimento daquele 22 de junho de 2011, momentos antes de enfrentarmos o Peñarol pela final da Libertadores. Era a minha segunda chance de disputar o maior título do continente e também uma oportunidade de deixar para trás um fantasma de três anos antes, quando estava em campo pelo Fluminense na mesma situação, mas saí de campo sem a taça. Não queria mais sentir aquele gosto amargo.


Além do fator pessoal, nossa equipe também sofria muita pressão. Aquele era um troféu que não chegava à Vila Belmiro há quase 50 anos. Desde Pelé e companhia. Tínhamos uma responsabilidade enorme. 


E, por fim, o mais importante: tínhamos um adversário forte, tradicional e extremamente competitivo pela frente. Muitos ingredientes para o caldeirão que o Pacaembu se tornou naquela noite fria.


Tudo pronto! Torcida na arquibancada fazendo muito barulho e a ansiedade só aumenta para entrar logo no gramado. 
Naquela hora, cheguei a ter um branco. Ainda hoje não me lembro muito bem do ônibus chegando ao estádio e da preleção do professor Muricy Ramalho, tamanha a descarga de adrenalina e o nível de concentração. E<CF70>u só queria a conquista, não importava o preço.


Nosso time estava se acostumando a vencer. Uma Copa do Brasil e dois paulistas depois, ali estávamos novamente disputando uma taça. A quarta em seis campeonatos que jogamos desde quando eu cheguei, no começo de 2010. Mas aquilo era diferente. A Libertadores era a nossa maior obsessão.


Quando o juiz iniciou o jogo, tudo o que não era positivo ficou do lado de fora. Queríamos ganhar e fazer história. E coube a mim a primeira chance de gol, com apenas um minuto de bola rolando, mas não consegui concluir bem. 


A cada oportunidade que perdíamos, a angústia da torcida aumentava. Quando não era a trave, era o goleiro deles, que estava em uma noite inspirada.


Por todo o contexto, desde o início sabíamos que era necessário manter os nervos no lugar e não entrar no jogo deles, porque além de ter um time muito forte, o Peñarol também gostava da catimba e do combate – quase sempre. 


Fim do primeiro tempo! Só não saímos ganhando com uma boa vantagem por mero acaso.


Arouca deu passe para gol de Neymar na final contra o Peñarol
Arouca deu passe para gol de Neymar na final contra o Peñarol   Foto: Alexsander Ferraz/AT

O grito de alívio, contudo, viria logo depois do intervalo, no comecinho da segunda etapa. De novo com um minuto. E novamente eu tive a bola decisiva.


Ainda consigo ver aquela jogada em câmera lenta na minha mente. Ganhei a disputa de cabeça, recebi do Léo, passei no meio de dois e tabelei com o Ganso; passei por mais dois e toquei para o Neymar marcar. 


São dez, quinze segundos inesquecíveis. Os movimentos, os adversários tentando me desarmar (e me derrubar), a busca pela melhor opção de jogada – tocar ou chutar? - e a bola explodindo na rede. 


Já merecíamos esse gol desde o primeiro tempo, mas ele veio! E ainda tivemos a calma necessária para ampliar com um golaço do Danilo. Apesar de terem diminuído a nossa vantagem no final do segundo tempo, conseguimos levar o resultado com segurança até o apito final. 


Final de jogo! Momento de glória! Apesar de alguns jogadores do Peñarol tentarem estragar nossa festa com confusão, aquele é um instante que eu gostaria que durasse para sempre. Que fosse eterno, assim como aquele time e aquela atmosfera.


Mas vencemos! A espera pela libertação acabou e a taça veio das mãos do maior de todos: o Rei!


Seria muita pretensão concordar com alguns que comparavam nossa trajetória à do time de Pelé, Coutinho, Pepe, etc. Para muitos, o maior time da história do jogo. 


Contudo, tenho certeza que poucas equipes na história do Peixe tiveram tanto a cara do clube e da torcida como aquela. Nós fizemos história jogando um futebol ofensivo e agressivo. Acima de tudo, bonito de se ver.


O resto é só história e comemoração!


Elenco do Santos campeão da Copa Libertadores de 2011
Elenco do Santos campeão da Copa Libertadores de 2011   Foto: Alexsander Ferraz/AT

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