Na Turquia, Robinho oscilou em campo e não sofreu cobrança por condenação
Jornalistas turcos conversaram com a reportagem da ATribuna.com.br e contaram como foi a passagem do Rei das Pedaladas no país
O retorno do atacante Robinho ao Santos, confirmado no último sábado (10), empolgou muitos torcedores alvinegros. Os títulos conquistados e o sucesso nas três passagens anteriores (2002, 2010 e 2014) pela Vila Belmiro explicam a agitação pela volta do ídolo de 36 anos, que passou os últimos dois anos e meio no futebol da Turquia. E para entender o que o jogador ainda pode oferecer, a partir da última experiência, ATribuna.com.br conversou com jornalistas turcos para saber como foram as últimas temporadas do reforço santista.
Contratado em janeiro de 2018 pelo Sivasspor, Robinho viveu naquele ano, segundo Ali Baransel, da emissora de TV Turkuvaz Media, o seu último grande momento no futebol. À época ele disputou 30 jogos, sendo 26 como titular, e marcou 12 gols. A boa fase pelo mediano clube turco foi essencial para que o atacante superasse, inclusive, o frio daquela região do país.
“Quando ele chegou na Turquia todos ficaram surpresos, porque o Robinho é um jogador de impacto mundial e o Sivasspor é um time regular que fica em um lugar muito frio e difícil de se viver por conta da temperatura. Ainda assim ele foi muito bem. Participava das tradições da cidade e isso o ajudou a ser muito amado pela torcida. Em campo, o Robinho se esforçou ao máximo e a equipe terminou o campeonato 2017/2018 numa ótima posição (sétimo lugar). No meio da temporada 2018/2019, o Istanbul Basaksehir o contratou”, relembra Baransel.
Reserva de luxo
No novo clube, o desempenho de Robinho começou a cair. De acordo com Onur Tugrul, da Haber Global TV, o primeiro semestre de 2019 foi de boas atuações e seis gols marcados entre o Campeonato e a Copa da Turquia.
Porém, a partir de agosto, início da temporada 2019/2020 que terminou com o Basaksehir como campeão nacional, o atacante perdeu espaço e passou a ser um reserva de luxo da equipe. “Na última Super Lig (Campeonato Turco), ele foi titular em oito dos 34 jogos do Basaksehir. Era o fator x da equipe. Entrava no segundo tempo das partidas e os defensores tinham muito cuidado, porque era o ‘famoso Robinho'. Ele ainda é um ótimo jogador, mas não está mais em condições de jogar por 90 minutos”, diz Tugrul.
Se traduzida em números, a participação de Robinho no título nacional do Basaksehir foi pequena. O atacante não marcou nenhum gol, tampouco foi o autor de assistências. Ainda conforme Tugrul, o brasileiro era apenas uma opção do técnico Okan Buruk para os lugares do francês Enzo Crivelli, do bósnio Edin Visca e do croata Aleksic, titulares do segundo ataque mais positivo da Super Lig, com 65 gols marcados.
"Parecia uma ex-estrela"
Para Kerem Canbulat, locutor da A Spor Television, a decisão do Istanbul Basaksehir de não renovar com Robinho mesmo tendo preferência para a ampliação do vínculo não causou surpresas. Na opinião dele, não há mais espaço para o novo dono da camisa 7 do Santos em um time com grandes pretensões da Turquia.
“Por hoje não há lugar para ele em outro grande clube da Turquia. Seu desempenho não foi tão bom no Basaksehir. Nos últimos meses o Robinho parecia uma ex-estrela em sua última temporada”.
Questionado se o retorno de Robinho ao Santos havia repercutido na Turquia e se ainda acreditava no sucesso do brasileiro com a camisa alvinegra, Canbulat, baseado no que viu do brasileiro nos últimos meses, não demonstrou empolgação.
“Na verdade, isso (retorno ao Santos) não foi muito falado na Turquia. O interesse por Robinho terminou quando ele deixou o nosso país”, disse. “O Santos é uma das maiores equipes do Brasil e por aquilo que ele fez na última temporada acho que não está em perfeitas condições de jogar aí”, opinou o locutor, antes de comparar o momento de Robinho com o do ídolo turco Arda Turan.
“Temos a mesma história na Turquia. Arda Turan quase não jogou futebol nas últimas três temporadas. O seu desempenho foi muito ruim, mas ele quer terminar a carreira no seu clube de infância, o Galatasaray. Deram uma chance para ele, como o Santos vai dar para o Robinho. Será a última dança para duas superestrelas e talvez eles possam renascer. Por que não? Os torcedores de futebol adoram histórias como essas”, comentou.
Condenação por estupro
Quando desembarcou na Turquia para defender o Sivasspor, Robinho já havia sido condenado em primeira instância pela Justiça italiana por conta de um suposto crime de violência sexual cometido em 2013 contra uma mulher albanesa.
O crime teria ocorrido em conjunto com outros cinco homens após um jantar em uma casa noturna, quando o jogador ainda defendia o Milan, da Itália. Tal condenação, no entanto, não foi assunto abordado pela imprensa turca durante os dois anos e meio em que Robinho esteve no País. Segundo Canbulat, problemas pessoais de jogadores não são explorados pela imprensa esportiva da Turquia.
“A nossa mídia não mostrou interesse por esse assunto. Nós sabíamos da condenação na Itália, mas não falávamos sobre”, acrescenta Baransel.
“O Robinho também não falava sobre a condenação na Itália. Ele não jogou alguns jogos da League Europa fora da Turquia por causa do problema e nós sabíamos o motivo. Conhecíamos a situação. Mas ninguém tratava desse assunto”, finaliza Tugrul.
