O imbróglio envolvendo Santos e Huachipato, do Chile, pelo não pagamento da compra do atacante Soteldo parece não ter fim e se agravou após a Fifa punir pela 2ª vez o Peixe, agora proibindo-o de registrar contratações por três janelas de transferências. Os clubes não falam a mesma língua e, enquanto os dirigentes santistas citam em nota oficial haver negociações, os chilenos alegam ter sido ignorados há meses pelos cartolas brasileiros.
O novo capítulo da novela ocorreu nesta quinta-feira (17).
Após o Santos divulgar pela manhã uma nota oficial em que afirma trabalhar arduamente para quitar todas as dívidas, citar "tratativas avançadas de acordo com o executante" e se dizer "surpreendido com a execução no Tribunal da Fifa", um dirigente chileno desmentiu o fato a ATribuna.com.br, garantindo não haver "nenhuma negociação".
Horas depois, um membro do Comitê Gestor santista enviou para Reportagem partes de uma proposta de acordo feita pelo ex-clube do atleta venezuelano.
Novamente procurado, o representante do Huachipato, que preferiu não se identificar, confirmou o envio da proposta ao Peixe, mas afirmou que o time da Vila Belmiro nunca devolveu os documentos assinados.
Segundo a papelada recebida pela Reportagem, a proposta de acordo dos chilenos chegou por e-mail à Vila Belmiro no dia 17 de julho deste ano.
Questionado sobre os motivos de não ter retirado a ação na Fifa, uma vez que já havia trocado vias de um contrato de negociação com o Santos, o representante do time chileno respondeu que a diretoria santista ignorou a oferta.
"Tínhamos um acordo, mas o Santos o rejeitou tempos depois. Eles estavam convencidos de que poderiam adiar o pagamento até que a próxima direção tomasse posse do clube. Eles dizem que haviam negociações avançadas, mas estamos aguardando até hoje que nos enviem o acordo assinado. Se isso for feito, tudo estará resolvido", disse o cartola do Huachipato.
Entenda o caso
Na quarta-feira (16), a Fifa proibiu o Santos de registrar novos jogadores pelas próximas três janelas de transferências. O Peixe já estava proibido de contratar pela entidade que comanda o futebol mundial em razão da dívida com o Hamburgo, que não recebeu o dinheiro referente à venda do zagueiro Cléber Reis, em 2017.
Somando as duas pendências, o time da Vila Belmiro precisa pagar cerca de R$ 48 milhões e, assim, efetuar o desbloqueio.
O presidente do Santos, José Carlos Peres, não deu entrevistas sobre o tema desde quarta-feira. Na nota oficial divulgada em seu site, o Peixe frisa que a pena da Fifa "será retirada imediatamente após a realização dos pagamentos aos respectivos clubes".
Sobre as tratativas com o Hamburgo, o Santos pontua que a pendência "está sendo tratada desde 2018, devido a pesadas multas e juros, e trabalha para o devido pagamento, esperando por uma solução definitiva".
Além das punições sofridas pelos calotes em alemães e chilenos, o Santos pode receber nova sanção da Fifa pelo não pagamento ao Atlético Nacional, da Colômbia, da transferência do zagueiro Felipe Aguilar, que nem está mais no clube e atualmente defende o Athletico-PR.