'Maracanã lotado não assusta o Santos', diz Marinho antes de confronto contra o Flamengo

Em entrevista para A Tribuna, o atacante admite que foi derrubado fora da área contra o Athletico-PR, no domingo (8)

Por: Bruno Lima  -  13/09/19  -  11:00
  Foto: Silvio Luiz/A Tribuna

Contratado em maio deste ano do Grêmio para suprir a saída do atacante Rodrygo, vendido ao Real Madrid, Marinho tem conquistado o técnico Jorge Sampaoli e a torcida com atuações e declarações. Em entrevista exclusiva para A Tribuna, o camisa 11 do Peixe afirma que o bom momento vivido pelo Flamengo, adversário do Alvinegro de amanhã, não assusta. Além disso, entre outros assuntos, admite que o pênalti que resultou no empate em 1 a 1 com o Athletico-PR, sofrido por ele, não existiu.

No sábado o Santos encara o Flamengo, que vive ótima fase, valendo o título simbólico do primeiro turno. O Maracanã estará lotado. Assusta?
Assustar, não assusta ninguém aqui no Santos. Eles estão vivendo um bom momento, têm uma grande torcida, que está empolgada, o Maracanã, que é o estádio deles, vai estar lotado, mas sabemos que em campo são 11 contra 11. Somos o vice-líder do campeonato. Vamos lá para fazer o nosso melhor. Temos nos dedicado na semana e vamos trabalhar ainda mais até sábado. O jogo não será fácil para nós, mas não vamos facilitar em nada para eles. 

No empate por 1 a 1 com o Athletico-PR você foi personagem de uma das maiores polêmicas da rodada. Na sua opinião, foi pênalti ou você estava fora da área?
O juiz deu pênalti, né?! Vou ser bem sincero: no momento em que dominei a bola, não consegui ver se estava dentro ou fora da área. Olhando pelas imagens de TV, vi que estava fora. Mas não sei se o árbitro deu um toque que recebi no pé ou se ele se equivocou, como se equivocou no primeiro pênalti, que sofri no primeiro tempo, e que foi claríssimo (e não foi marcado). Mas, olhando pela TV, vi que, no lance que árbitro marcou, eu estava fora da área. 

O jogo contra o Fortaleza talvez tenha sido o mais dolorido para a torcida do Santos neste Brasileiro (empate em 3 a 3). Qual lição foi tirada daquela partida?
Aquele jogo doeu bastante pela forma que foi. O nosso último jogo, contra o Athletico-PR, também foi frustrante por jogar em casa, mas não doeu tanto quanto aquele 3 a 0 no intervalo, que terminou em 3 a 3. Deixamos a desejar. O que tiramos de lição é que não podemos baixar a guarda. Quando estivermos com um bom resultado, temos que buscar ser ainda mais intensos para não dar vida ao adversário. Espero que a gente não cometa mais esse erro.


O empate com o Fortaleza doeu mais do que uma derrota em Marinho
O empate com o Fortaleza doeu mais do que uma derrota em Marinho   Foto: Silvio Luiz/A Tribuna

Você foi muito sincero ao final daquele jogo, afirmando que o resultado foi inaceitável. Se considera um porta-voz do elenco?


Sentimento, cada um tem o seu após as partidas. Tem jogador que fica mais tranquilo no modo de falar. Mas da forma que foi me fez sair muito chateado. Sei que todo mundo teve esse pensamento. Não me sinto um porta-voz. Aqui todos os atletas têm liberdade para falar e cobrar. Somos um grupo sem vaidade. O nosso capitão é o Victor Ferraz, e quando ele não está tem o Gustavo (Henrique) o (Lucas) Veríssimo... Sabemos que às vezes é preciso dar uma chacoalhada no elenco, e o que quis transmitir naquele momento foi um sentimento de revolta. Aquele empate foi pior do que uma derrota. 

O Sánchez disse recentemente que ninguém acredita no Santos e que os especialistas só apostam em Flamengo e Palmeiras. Isso motiva vocês para buscarem o título do Brasileirão? O elenco conversa sobre isso?
Não é que a gente conversa sempre sobre isso. Mas sabemos que o pensamento da maioria é de que somos o time que está entre os primeiros colocados, mas daqui a pouco vai sair ou não vai aguentar até o final. Não somos um elenco badalado como a TV gosta de falar quando se refere a um ou outro clube. Na nossa cabeça, a gente tem é que fazer o nosso trabalho e mostrar nesses jogos grandes que temos condições de brigar até o final pelo título. Temos um elenco qualificado. Pode não ter muitos jogadores, mas é um time que joga um futebol bacana. O que importa é o que a gente acha da gente. Que sigam falando dos outros e nos deixem trabalhando no nosso cantinho.

Como é a sua relação com o Sampaoli? Nesse período de trabalho no Santos ele já te fez evoluir em algum fundamento?
Eu tenho evoluído jogo a jogo. Ele tem me pedido algumas coisas específicas e tenho tentado fazer. Não estou há muito tempo aqui para já ter pegado bem o trabalho dele, mas tenho buscado fazer tudo o que ele pede. Como ele gosta de falar, tenho que aprender a jogar. Então, tenho procurado evoluir. 

Ao que ele se refere quando fala em aprender a jogar?
Ele diz isso relacionado a posicionamento. Aprender a jogar mais sem a bola e atuar mais coletivamente. A minha forma de jogar sempre foi com a bola indo para cima dos marcadores, mas sei que tenho que aprender a jogar sem a bola, e ele tem me ajudado.

E fora de campo? Como é o convívio com o Sampaoli? Já deixou ele nervoso com as brincadeiras?
A gente brinca bastante, mas dentro de campo é seriedade e trabalho. Ele também é uma pessoa que brinca com todo mundo. Enquanto eu estiver o obedecendo nas quatro linhas, fazendo o que ele pede nos jogos e nos treinos, aqui fora vamos estar sempre nos divertindo como a gente sempre faz, para que possamos, inclusive, levar um bom ambiente para dentro do campo. 


  Foto: Silvio Luiz/A Tribuna

Nesses cinco meses de convívio com o Sampaoli já rolou algum episódio curioso entre vocês?
Quando escondo a bicicleta ou pego a moto elétrica dele, ele vem me bater. Mas se eu pedir, ele não vai emprestar. Então, pego escondido e saio andando. 

Quando você deixou o Grêmio, muito se falou que você encontrou dificuldades para cumprir pedidos táticos do Renato. Tem sido mais fácil atender os pedidos táticos do Sampaoli?
Quando você está jogando, com certeza fica mais fácil. Em 2018, quando cheguei ao Grêmio, estava difícil assimilar tão rápido como eles jogavam. Mas o meu início em 2019 foi totalmente diferente. Entendi mais o time. Tanto que comecei a jogar. O problema é que, de repente, parei de jogar. Mas são coisas que acontecem. É da vida. No futebol, nem sempre dá pra entender. O importante é que aqui estou tentando fazer tudo o que o Sampaoli pede e estou tendo a minha oportunidade. 

Quais as principais diferenças entre Renato e Sampaoli?
São metodologias diferentes. O Renato tem a qualidade dele, é um treinador vencedor, que tem demonstrado isso nesse período em que está à frente do Grêmio. O Sampaoli está trazendo essa metodologia dele nesse ano e resgatando as características de futebol ofensivo que o Santos sempre teve. É um cara que trabalha mais a bola. O Renato também gosta de jogar ofensivamente, mas pede para os atacantes acompanharem os laterais adversários. O Sampaoli pede isso, mas sempre falei que não ia ter como ficar correndo atrás de lateral, porque a minha função é atacar. Tenho obedecido taticamente as funções que ele pede e tenho tido mais liberdade. Mas volta e meia corro atrás dos adversários também, como se fosse volante.

Você é natural de Penedo, em Alagoas. Foram lá os seus primeiros passos como jogador? Qual clube?
Comecei em Alagoas, no Penedense, que era o clube da cidade, com 14 anos. Depois, fui para o Corinthians, de Alagoas, onde ganhamos alguns campeonatos de base e fui promovido aos profissionais. Não cheguei a jogar profissionalmente lá. A partir de então saí e dei início a toda minha trajetória. 

Em quem se espalhava quando criança?
O meu ídolo era o Romário. Mas de 2002 em diante, quando vi aquele time do Santos de Diego e Robinho, passei a querer fazer as coisas que o Robinho fazia. Me sinto um privilegiado por ter admirado tanto o Romário e, depois, o Robinho.


  Foto: Silvio Luiz/A Tribuna

Sempre quis ser atacante ou chegou a se arriscar em outras posições?
Quando mais novo, eu jogava em tudo que era posição. Só queria era estar entre os 11. Costumava falar que se fosse para jogar, até o no gol eu ia. Mas já atuei como lateral-esquerdo no Penedense e fui promovido ao profissional do Fluminense como o antigo meia-esquerda pelo Renato (Gaúcho). Quando cheguei no Internacional, o Tite passou a me usar como atacante de beirada. Ele queria usar a minha velocidade. Sempre fui rápido e ele entendia que eu teria melhor desempenho. 

O Santos é o seu 13º clube em 11 anos. O Vitória foi o único em que você fez mais de 30 jogos. Existe alguma razão para tamanha rotatividade de clubes?
Não sei. Nunca gostei de ficar nos clubes só recebendo salários sem jogar. Muita gente me pergunta: 'Por que você fica um ano ou menos em cada time?' O cara que se contenta em não jogar vai ficar três ou quatro anos nas equipes, mas não vai se destacar, não vai aparecer. Eu sou uma pessoa que não fica acomodada. Posso estar no melhor time do mundo, mas se não estiver jogando vou procurar o melhor para mim. Vou querer ir para onde possa jogar. O cara que está no seu trabalho e não desempenha aquilo que gosta, tem algum problema. Eu gosto de jogar e me sentir útil. 

O Sampaoli vai ser pai no início da próxima semana. Qual vai ser o primeiro presente que o Marinho vai dar para filho dele?
Na verdade, estou sabendo disso agora e acho que a turma também não sabe que ele vai ser pai. Ele já está mais coroa, né?! (risos) Brincadeiras à parte, espero que a gente possa dar essa vitória de presente para ele.


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