Kaio Jorge diz que lembrou de pênalti contra o Corinthians na final do Mundial Sub-17

Atacante de apenas 17 anos está de volta ao Santos e ansioso para receber mais chances nos profissionais do Peixe

Por: Bruno Lima & Da Redação &  -  25/11/19  -  16:35
Kaio Jorge recebeu a chuteira de bronze na competição
Kaio Jorge recebeu a chuteira de bronze na competição   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Campeão e um dos destaques do Mundial Sub-17 com a seleção brasileira da categoria, o atacante Kaio Jorge, de apenas 17 anos, está de volta ao Santos e ansioso para receber mais chances nos profissionais do Peixe. Em entrevista exclusiva para A Tribuna, o atleta que Jorge Sampaoli prometeu dar chances na sequência do Campeonato Brasileiro conta que na hora de bater o pênalti contra o México, na final do Mundial, lembrou da cobrança que desperdiçou contra o Corinthians, na semifinal do Campeonato Paulista.


O ano de 2020 será o ano do Kaio Jorge entre os profissionais do Santos?


Se Deus quiser. Mas nessa temporada ainda espero ter oportunidades, faltam cinco jogos (agora quatro, já que o time jogou no sábado contra o Cruzeiro) no Campeonato Brasileiro. Então, tem muita coisa para acontecer em 2019.


Tem a expectativa de atuar nessa reta final?


Tenho sim. Antes da seleção brasileira sub-17 eu já vinha trabalhando forte e agora que fui destaque nessemundial esperoter chance. O professor Sampaoli vinha assistindo e espero que passe a me ver com outros olhos e me coloque para jogar (no sábado, Kaio Jorge entrou nos minutos finais na goleada sobre o time mineiro).


Já conversou com o Jorge Sampaoli sobre isso? Como foi o seu retorno?


Quando o Santos foi jogar em Goiânia, contra o Goiás, eu estava por lá com a seleção e fui visitar a delegação no hotel. Naquele dia, ele falou para eu voltar rápido que queria me utilizar. Quase um ano treinando com o elenco profissional e agora o destaque no Mundial Sub-17.


Você se vê mais preparado para atuar no Santos a partir de agora?


Com certeza. Este um ano que fiquei aqui foi muito bom. Amadureci bastante, escutei muitos conselhos e quando cheguei no Mundial estava mais maduro. Com tudo o que aconteceu na competição, voltei para o Santos ainda mais preparado. O Santos tem um longo histórico de revelar jogadores. Saíram daqui Robinho, Neymar, Rodrygo e outros.


Isso traz uma pressão maior pra você?


Não atrapalha. Na verdade, fico feliz. Espero um dia chegar aos pés de Neymar e Robinho, que são ídolos no clube. Assim como eles, quero arrebentar no Santos, mas espero fazer a minha trajetória diferente. Passa um filme na cabeça, sim, pelo fato do Santos revelar muitos jogadores e eu ser a bola da vez. Mas estou bem tranquilo. Vou continuar trabalhando firme para quando entrar não sair mais.


O que passou pela sua cabeça na hora de cobrar o pênalti contra o México, na final do Mundial Sub-17?


Saber que eu tinha que fazer o gol, porque se perdesse o pênalti a nossa pressão ia aumentar e tudo ficaria mais difícil. Mas eu estava bem tranquilo, já vinha treinando pênalti na Granja Comary desde o primeiro dia. Lembrei do pênalti que perdi contra o Cássio (na semifinal do Paulista contra o Corinthians). O meu forte sempre foi no chão e acabei pegando forte na bola e ela subiu. Aquele ali foi o pior momento que vivi. Foi uma semana tentando entender os motivos para errar. Mas acontece. Só erra quem bate e vão aparecer outras oportunidades.


Como foi receber a chuteira de bronze (dada ao terceiro maior artilheiro do Mundial) das mãos do Ronaldo, que foi um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro?


Eu me senti muito honrado. Antes de entrar em campo eu vi ele ali presente e já pensei comigo: 'Meu... o Ronaldo vai estar vendo jogo'. Depois da partida acabei comentando com ele que antes da partida assisti vários vídeos dele na internet e que sempre fui fã. Ele me elogiou, disse que eu tinha arrebentado no jogo. E isso é muito gratificante.


No Mundial, pudemos ver que você não é um atacante que fica parado na área. Em alguns jogos foi possível ver você saindo para buscar o jogo. Quais são as reais características do Kaio Jorge?


Na base, eu comecei como meio-campista. Era o camisa 10. Mas vi que precisava de muita força física ali na frente. Só comecei a ficar forte a partir dos 15 anos. Então comecei a jogar de centroavante. Sabia fazer muitos gols. Sou um jogador de área que trabalha bem a bola, tenho uma finalização muito boa e se precisar atuar pelos lados do campo, eu jogo. Mas o meu forte é ser centroavante.


Qual o momento mais tenso no Mundial?


No 2 a 0 para a França. Ali passou um monte de coisas na minha cabeça. Mas assim que voltamos para o segundo tempo a equipe se uniu de um jeito que conseguimos virar o jogo. Entramos desligados. Só que não podíamos perder essa oportunidade de título no Brasil. A comissão técnica pilhou a gente de forma positiva no intervalo e voltamos de outra forma.


Você volta para o profissional mais experiente e tendo que disputar posição com o Sasha e o Uribe. A tendência é de que disputem posição também em 2020. Se essa oportunidade não vier, você toparia um empréstimo?


São grandes jogadores, me dão conselhos e são espelhos para muitos atletas. A disputa entre nós será sadia. Somos amigos. Eu prefiro ficar no Santos até conquistar a minha posição e ter as oportunidades.


Os Jogos Olímpicos de Tóquio são um sonho ou já estamos muito em cima?


Não está em cima não. Em 2020 me vejo arrebentando aqui no Santos e, se Deus quiser, ter chances na seleção olímpica do Brasil.


O que o Kaio Jorge ainda precisa evoluir?


As finalizações de perna esquerda de fora da área e a velocidade. Esses dois pontos sei que preciso evoluir.


Muito se fala sobre uma possível saída de Jorge Sampaoli. Mudaria muita coisa para você?


O professor Sampaoli é um cara fantástico. Ele implantou uma filosofia de jogo aqui no Santos com a qual nós não estávamos acostumados. Aprendi muito com ele. Se ele for embora, quem vier vai estar pronto para ajudar o Santos.


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