'Gostaria de encerrar a carreira no Santos, sentir de novo a vibração da Vila', diz Madson

Em entrevista para A Tribuna, o ex-jogador do Santos contou um pouco de sua trajetória e planos para o futuro

Por: Régis Querino & Da Redação &  -  05/11/19  -  13:07
Pessoal me para na rua. Pergunta: ‘vai voltar?’ Digo que não dá pra jogar o que eu jogava há 10 anos
Pessoal me para na rua. Pergunta: ‘vai voltar?’ Digo que não dá pra jogar o que eu jogava há 10 anos   Foto: Irandy Ribas/ AT

Baixinho, driblador, autor de gols e assistências, que caiu nas graças da torcida. Poderia estar me referindo ao atacante venezuelano Soteldo, que em pouco tempo nesta temporada virou ídolo dos santistas. Mas voltamos dez anos no tempo, em um bate-papo com o irreverente Madson.  


O carioca de Volta Redonda, hoje com 33 anos, formou em um dos memoráveis times alvinegros, conquistando o Paulistão e a única Copa do Brasil do clube, em 2010. Ao lado de Robinho e da geração de Neymar e Ganso.  


Quase uma década depois, Madson vive em Santos, Cidade que escolheu para morar desde que defendeu o Alvinegro. Atualmente sem clube, ele sonha com uma volta ao exterior e, quem sabe, encerrar a carreira na Vila Belmiro.  


Você teve passagens curtas pelo Fortaleza e pelo CSA este ano. Por quê?  


Foram três meses no Fortaleza e seis meses no CSA. Escolhas que não deram certo dentro daquilo que os treinadores e diretoria esperavam. Antecipei minhas férias, mas vida que segue. 


Antes disso, você jogou um tempão no Qatar... 


Fiquei sete anos no mesmo clube, o Al-Khor, de 2011 a 2018. Os primeiros seis meses foram mais difíceis pra entender o jogo, que lá é mais lento. Os jogadores são inferiores tecnicamente (comparado ao Brasil), mas, logo que peguei o jogo, deslanchei. Fiz bons campeonatos e bastantes gols, uns 80. Inclusive fiquei entre os três melhores da temporada 2012/2013, junto com o Raúl (espanhol) e um jogador árabe.  


Como foi viver em um país tão diferente do Brasil?  


Eu brincava dizendo que a roupa que os homens usam lá era o vestidão de noiva. E as mulheres tampadas (sem mostrar o corpo e o rosto). Outra coisa é que eles cumprimentam dando beijinho quando é íntimo. É estranho, mas a gente acaba se adaptando. Depois de certa intimidade, comecei a fazer essa brincadeira de cumprimento com os mais chegados. Dava beijinho de esquimó (risos).  


E a comida? 


Tinha tudo. Picanha, carne de porco, bebidas alcoólicas... Mas a comida deles não dá, é muito apimentada. Única coisa que eu comia lá era o haruf, carneiro assado. Carne né, aí eu caía pra dentro. Tinha um pão árabe com frango que dava pra comer também.  


Os muçulmanos são rigorosos em relação à bebida...  


Tem muito hotel internacional e você pode ir jantar e tomar uma cervejinha, um vinho, dentro do hotel. Fora do hotel você não podia aparecer nem com um copo, é cadeia na hora.  


Você morou sozinho ou com a família no Qatar? 


Com a mulher, Fabíola, e os filhos. O Nicolas, de 10 anos, a Yasmim, 8, e a Manuella, 5. O Nicolas nasceu em Volta Redonda, a Yasmim é santista e a Manuella é brasileira nascida no Qatar, mas não é árabe, eles não dão a nacionalidade. Se dessem eu estaria lá até hoje. Ô loco, pegar 10% do petróleo deles lá deve ser mole pra mim (risos).  


Você jogou em um time do Santos que marcou época. Como vê esse fato?  


Foi o time do ano pro Brasil todo. Aquele time era muito bom, não tinha como ganhar do Santos. As equipes vinham jogar aqui e sabiam que ia ser difícil. O ano de 2010 foi perfeito.  


Como foi jogar ao lado do Neymar?  


Quando cheguei, em 2009, o Neymar estava subindo (da base). Vi ele começando no profissional, e ver o que ele faz hoje é incrível. Foi um prazer fazer parte daquele time do Santos.  


Você sempre foi irreverente, com bom trânsito na torcida. Os torcedores ainda te dão moral?  


Sim, o pessoal me para na rua. Pergunta ‘e aí, vai voltar?’ Eu digo que não dá pra jogar o que eu jogava há 10 anos. Então é melhor deixar na memória (risos). Nós ganhamos um título que o clube não tinha, a Copa do Brasil, e aquilo ficou marcado. A torcida é carinhosa comigo.  


Tem acompanhado o Santos? Ainda acredita no título brasileiro? 


Não sou muito de ir ao estádio, mas vejo os jogos pela TV. Eu acho que o Santos perdeu a briga do título naquele jogo contra o Fortaleza, quando ganhava por 3 a 0 e deixou empatar. O time foi oscilando e o Flamengo disparou.  


Quais são os seus planos para 2020? 


A prioridade é voltar a jogar fora do País, mais um ano, um ano e meio, até mesmo no Qatar. Com uns 35 anos eu vou pendurar a chuteira, não dá pra ficar fazendo feio. Gostaria de encerrar a carreira no Santos, a ideia seria jogar uns dois meses, um Paulista, pra fechar com chave de ouro, com mais um título. Sentir de novo a vibração da Vila Belmiro, de jogar neste time de tradição, no qual fui o melhor da posição em 2009. 


Logo A Tribuna
Newsletter