Finanças são motivo para preocupação no Santos

Consultoria aponta dificuldades no Peixe

Por: Bruno Lima & Da Redação &  -  26/04/20  -  13:50
Atualizado em 26/04/20 - 14:05
  Foto: Ivan Storti/Santos FC

A venda do atacante Rodrygo ao Real Madrid, por R$ 189 milhões, foi determinante para que o Santos tivesse R$ 400 milhões em receita bruta no ano de 2019. Se comparado com 2018, isso representa um aumento de 84% de todo o dinheiro obtido na temporada. A transferência do atacante também proporcionou superávit de R$ 24 milhões no ano passado. Contudo, os gastos também cresceram. Com base em balanços financeiros divulgados pelo clube, a Pluri Consultoria fez um levantamento que mostra os lucros e despesas do Alvinegro nos dois últimos anos. 


Dos R$ 400 milhões obtidos pelo Santos em 2019, 54% foram fruto da venda de jogadores. Além de Rodrygo, o clube negociou Bruno Henrique, com o Flamengo, Kaique Rocha, com a Sampdoria, da Itália, Caju, com o Braga, de Portugal, e Vecchio, com o Al Ittihad, da Arábia Saudita, o que totalizou R$ 216 milhões.


Se comparado com as vendas de jogadores em 2018, quando o Santos recebeu R$ 34 milhões, o clube teve um crescimento financeiro de 539%. O melhor ano do Peixe naquilo que diz respeito a venda de atletas havia sido o de 2017. Naquela temporada o time da Vila Belmiro recebeu R$ 79 milhões.


Nos últimos dez anos, foi a segunda vez que o clube teve as negociações de atletas como a principal origem das suas receitas. Em 2013, quando Neymar trocou o Santos pelo Barcelona, as transferências de jogadores também lideraram esse ranking.


Essas duas ocasiões também foram as únicas na última década em que as cotas de TV não foram a principal fonte de renda do Peixe. Em 2019, o Santos recebeu R$ 111 milhões com receita de transmissões, representando 7% a mais do que em 2018.


Fernando Ferreira, sócio da Pluri Consultoria, no entanto, entende que o Santos cometeu um erro grave com o destino dado ao lucro do ano passado. 


"O clube tinha que ter usado essa receita bruta para diminuir o endividamento líquido, que é de R$ 440 milhões. O Santos tem mais R$ 45 milhões de despesas líquidas por ano. Isso significa um Leandro Damião, que é considerado um dos piores negócios da história do clube, por ano, em despesas líquidas", explica ele, um dos responsáveis pelo levantamento. 


"Em 2014, o Flamengo estava endividado e usou o dinheiro do que recebeu do patrocínio com a Adidas para pagar dívidas. Não contrataram jogadores. O Santos pegou o dinheiro do Rodrygo e investiu em jogadores e aumentou a folha salarial. Não pagar o endividamento líquido vira uma bola de neve. No ano que vem, essa dívida pode subir para mais de R$ 550 milhões, por conta de encargos e juros, enquanto a receita bruta do Santos, que foi de R$ 400 milhões, deve cair, pois, com a pandemia, dificilmente vai conseguir vender jogadores", acrescenta. 


Gastos


Além de não usar o dinheiro prudentemente, as despesas alvinegras também subiram. Considerando os gastos de 2018 e 2019, a cúpula alvinegra desembolsou, no ano passado, 27% a mais do que havia desembolsado no ano anterior. Ao todo, o Peixe teve uma despesa de R$ 376 milhões. 


Sem patrocínio master, o Santos também viu cair as receitas com marketing (patrocínio e publicidade) entre os anos de 2018 e 2019. Os R$ 23 milhões arrecadados no ano passado foram 15% inferior ao total obtido na temporada anterior.


Pior: nos últimos dez anos, somente em 2015 e 2016 - R$ 22 milhões em cada temporada - o Santos obteve receita com marketing inferior à do ano passado.


Sócios e bilheteria


Dois outros pontos que apresentaram queda e merecem atenção são em relação ao número de sócios e lucro com venda de ingressos. Em 2019, o Santos obteve R$ 35 milhões com esses dois recursos. E isso representa 7% a menos do que o arrecadado em 2018, quando R$ 38 milhões entraram nos cofres alvinegros por meio dessas duas fontes.


"Nesse quesito, o Santos está abaixo do Bahia e igual ao Fortaleza. E bem abaixo, por exemplo, do Flamengo", fala Ferreira.


Ainda de acordo com o sócio da Pluri, o Santos será um dos clubes mais afetados do Brasil financeiramente por conta da pandemia. Entretanto, ele ressalta que existem clubes em pior situação. 


"Vasco, Botafogo e Fluminense vivem em condições mais preocupantes. O Santos não está em um nível financeiro tão ruim como esses clubes. O Santos vai perder entre 50% e 60% de receitas e vai reduzir as despesas em até 20%. Todos os clubes terão a redução, mas o Santos tem motivos para se preocupar", finaliza.


Logo A Tribuna
Newsletter